O Páteo…
Filipe Vaz Correia, 04.10.21
Olho para o páteo do recreio e estou só;
nada sobrou
ninguém voltou
tantos partiram
sem regresso.
Desapareceram aqueles que nunca tiveram importância;
aqueles que nunca me recordarei
os que sempre odiei
os que porventura amei
e até tu...
Partiram tantas partes de todos nós;
pedaços ilusórios sem voz
na solidão desse recreio vazio
abandonado num deserto de almas...
Já lá não mora ninguém;
nem correrias nem sofrimentos
nem dramas nem tormentos
nem jovens almas nem velhas esperanças...
Tornei-me um homem;
despeço-me daquela criança
nessa espécie de desesperança
buscando em cada pedaço de vento
a promessa que fizemos...
Que um dia aqui voltaríamos juntos;
num abraço imortal.