Sina
Filipe Vaz Correia, 06.09.21
As vozes que ecoam em mim;
que gritam desalmadamente
desalmadamente ecoando
nessa imensidão que me sufoca.
Olhei para ti várias vezes;
tantas vezes que me parecem infinitas
esperando esse aceno esquecido
infinitamente perdido.
Sei que sabes o que sei;
que sabemos o que ninguém sabe
que apagado foi das escrituras
como música silenciada em partituras.
Escrevo em forma de desabafo;
choro em forma de libertação
um pedaço de desagravo
nesse meu turbilhão.
E se repetem os versos;
se renovam os inevitáveis rostos
se multiplicam os parágrafos
pontuando os mesmos desgostos.
Morre o texto;
silencia-se o argumento
ausente sobra a questão
eternamente apagada na minha triste sina.