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Caneca de Letras

28.11.20

 

 

 

Por vezes temo o teu olhar;

A falta de expressão,

Ou aquele ignorar,

Intensa confusão,

Que invade o meu sentir,

Diante desse amor,

Que não cabe em mim...

 

Por vezes quero-te abraçar;

Sem saber como o fazer,

Quero-te beijar,

Sem soletrar ou escrever,

Querendo eternamente te amar,

Sem temer,

O incógnito julgamento...

 

Por vezes quero apenas libertar;

Esse imenso sentimento,

Que não consigo interditar,

Interditando o pensamento,

Preso no meu respirar,

Eterno sofrimento,

Neste coração solitário...

 

Por vezes, escondido;

Medo arrependido,

Num desejo perdido,

Num choro querido,

Que já não sei descodificar...

 

Por vezes quero apenas dizer;

Que não saberei viver,

Que não saberei morrer,

Sem esse imenso querer...

 

Que por vezes me parece acometer...

Nesse desejo de te amar!

 

 

 

 

27.11.20

 

 

 

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Sorrio...
Essa mistura de só e Rio, de desespero e contradição.
Rui Rio e o seu PSD, tem de ser só seu, votou o projecto de lei do BE para inviabilizar injecções de capital no Novo Banco.
Ora esta medida por si só agradará a toda a gente, talvez por essa razão Rio terá pensado em votar a favor dela, quando digo toda a gente direi a maioria daqueles que agindo por impulso navegam pelos cabeçalhos dos jornais.
Numa semana ao lado do Chega...
Na outra a votar com o BE.
Querem melhor exemplo de oportunismo político, de populismo?
Certamente alguns me dirão que André Ventura desmarcou um Congresso que nunca esteve marcado...
Ok!
Que Ventura, e o seu Chega, começou por votar esta proposta do BE com um voto contra, a meio da tarde já se abstinha e por fim, julgo, que votou a favor...
Mas será Ventura o barómetro do PSD, de Rui Rio?
Talvez seja...
O PSD aprendeu alguma coisa com o caso dos Professores?
Não!
Rio navega entre populistas, os de Esquerda, os de Direita...
Podemos estar todos contra a injecção de dinheiro no Novo Banco mas o que fazer se o contrato assinado com a Lone Star assim o prevê?
Que se lixe o contrato...
Parece que é a estratégia.
Enfim...
Uns dias os ciganos, outros dias o Novo Banco, assim vai o líder da oposição, de Centro Direita, de braço dado entre o BE e o Chega.
Que tristeza!
 
 
 
Filipe Vaz Correia
 
 
 
 

26.11.20

 

 

 

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Morreu Diego Armando Maradona, El Pibe D'Ouro...

Estou triste, demasiadamente triste, numa entrelaçada busca por mim mesmo, pelas marcas da minha infância, pelos sonhos reencontrados da criança que um dia fui.

Sempre ouvi dizer que Deus é eterno, senhor de uma imortalidade própria de um Ser Divino, pertencente a esse Olimpo celestial.

Afinal, um Deus também morre.

Como explicar o que sinto, essa tristeza que chega e arrebata, que esventra cada espaço marcante na memória, que faz soluçar a imberbe idade que não regressa.

Maradona não era um jogador de futebol, esse titulo de melhor futebolista pode ser discutido pelos Péles, Ronaldos, Messis da vida, deslumbrantes, fantásticos futebolistas que marcarão o seu tempo, farão parte da história do futebol...

Maradona era outro patamar, era o próprio futebol, a essência de nossas almas transportada para um rectângulo de relva, onde todos os sonhos poderiam ganhar vida.

Maradona era Dali, Neruda ou Vinicius, era Lennon, Shakespeare ou Camões...

Maradona era a beleza artística na sua mais pura forma de esplendor, tinha a pena nos pés, de onde poderiam resultar os mais belos poemas, a tinta em cada finta, pincelando as mais hipnotizantes telas nas malhas de cada rede, tornava infinito cada finito momento de um jogo de futebol.

Vi Maradona pela primeira vez no Campeonato do Mundo de 1986 e tudo mudou, pela primeira vez percebi que existia mais para além da própria magnificência de uma partida de futebol...

Existia Maradona.

De lá para cá, vezes sem conta, me revi no velho Estádio de Alvalade em 1989, com 12 anos, vibrando com aquele número 16 que fintava um e outro jogador do meu Sporting...

Pela primeira vez na vida os meus olhos seguiam uma camisola azul em pleno relvado de Alvalade, o meu coração batia por outro que não um leão, a minha alma suspirava pelo meu eterno ídolo.

Hoje milhões de crianças renascerão, crianças grandes, amarradas às memórias de há tanto tempo, uns com 40 anos, outros com 50, outros ainda com 60...

Mas todos "órfãos" de Maradona.

Obrigado Diego...

Por tudo!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

25.11.20

 

 

 

Estou sentado no mesmo cadeirão do meu pai...

Do meu avô...

Do meu bisavô.

Estou sentado na mesma sala de estar, com as mesmas janelas, com os mesmos quadros, com a mesma lareira acesa que há tantas gerações, acompanha os destinos da minha família...

Esta casa outrora cheia de vida, de luz, de histórias, onde revejo a correr os antepassados que não cheguei a conhecer, os filhos que tantas alegrias me trouxeram, as noites estreladas que iluminavam o jardim, as vozes que polvilhavam a minha vigorosa alma.

Aqui sentado revejo aquele menino de calções pelos joelhos, descobrindo em cada recanto daquela casa, o mundo imaginário que despertava a mente curiosa dessa minha infância...

Os beijos que troquei com aquela que seria a mulher da minha vida, nessa adolescência tão imberbe e ao mesmo tempo, tão repleta de memórias.

As primeiras certezas, nessa incerta vontade de crescer...

As primeiras tristezas, de um familiar a morrer e as inevitáveis facetas da vida humana.

Sentado neste cadeirão, recordo esses dias e noites, pincelando essa tela, misturando as aguarelas, nessa cor que acabaria por definir o rumo do meu destino...

Nesse quadro inacabado e em constante evolução, por essa estrada que se revelou, na mais bela viagem que algum dia vivi.

Agora aqui estou, sentado sozinho, no meio desta escuridão, apenas com a lareira acesa, as janelas fechadas, as cortinas descerradas e um copo de whisky gelado, aguardando o fim deste caminho...

Nesta casa vazia, despida dessa vida que um dia a preencheu, espero o reencontro com esse passado que apenas vive em mim e nestas paredes cansadas da minha velha casa.

E assim, sentado no cadeirão, que já pertenceu ao meu pai, ao meu avô, ao meu bisavô, aguardo a hora de serenamente partir...

Partindo por entre a última pincelada, colorindo esse quadro, por fim terminado...

Representando em cada traço nessa tela, em cada cor de aguarela, o meu colorido destino.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

24.11.20

 

 

 

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Em cada casa devastada;

Uma alma abandonada,

Por cada bomba ali caída,

Uma esperança que foi traída,

Em cada ruína ilustrada,

Uma lágrima derramada,

Por cada rosto sofredor,

Uma recordação de tanta dor,

Em cada pedaço desta história,

Choram-se balas na memória,

Por cada filho desaparecido,

Um país quase perdido,

Em cada pedra dessa estrada,

Uma mágoa bem trancada,

E por cada palavra esquecida,

Sobra essa tamanha ferida,

De seu nome...

 

 

 

Aleppo!!!

 

 

 

 

 

 

23.11.20

 

 

 

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A noite brilhante, com o seu céu estrelado, que iluminava o imenso lamaçal que tenho de subir...

Atolados os meus pés, numa fuga destemperada por entre este caminho que enfrento sem fugir.

Caminhando, viajante, pelos gostos envelhecidos da sabedoria estampada, nos rostos daqueles que observam o meu destino...

Não o quero saber, continuo a subir em busca da beleza escondida, em cada estrela presa ao imenso céu que contemplo nesta noite cintilante.

Sinto os cheiros daquelas casas vazias, de gente, de cor, com alma...

Contemplo no cimo daquele lugar, a imensidão que por debaixo de mim existe, ignorando os ruídos, os gemidos, as intensas contradições insistentes.

E nesse instante, em cada estrela um sorriso, em cada rosto uma esperança, em cada olhar encontrado, um pedaço de alegria, de vida.

Um pequeno campo de futebol, iluminado por esses candeeiros encardidos, empoeirados, onde rejubilam os meninos, enquanto chutam aquela pequena bola de trapos, como se tratasse da sua maior recompensa...

E se calhar, seria!

Olhei novamente para aquela imensidão, guardando simplesmente na memória, a pequenez dos nossos destinos...

E assim observo a constante rotação daquelas estrelas, que sobrevoam os sonhos daquelas vidas, com aquela lua como companheira, discreta, tímida, presente...

Mas naquele momento, perdido naquela imensidão, aquelas estrelas eram só minhas e do meu desejo de sonhar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.11.20

 

 

 

Sempre que via um comboio partir;

Imaginava esse mundo,

Descobrindo sem fugir,

Esse longínquo e profundo,

Desejo de sentir,

O meu ausente destino...

 

Sempre que abriam os portões;

Daquele campo maldito,

Imaginava os corações,

Daqueles interditos,

Olhares que me fugiam,

Dos que um dia amei...

 

Sempre que chegava o amanhecer;

Desconfiado caminhava,

Querendo adormecer,

A esperança que em mim habitava,

De que podia ser diferente...

 

E seguindo amordaçado;

Amordaçando a alma já cansada,

Presa nesse corpo desanimado,

Naqueles pijamas riscados...

 

E assim a cada partida;

A cada fuga perdida,

Em cada dia, ferida,

Até que chegou a minha vez...

 

E aí descobri que me haviam roubado tudo;

Mas apenas eu, 

Era o dono da minha alma!

 

 

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