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Caneca de Letras

29.10.20

 

 

 

O Sporting venceu, ontem, o Gil Vicente num jogo adiado da 1ª jornada do Campeonato Português...

Nada disto seria surpreendente se este Gil Vicente, como se viu no Dragão, não fosse uma equipa estruturada, de uma valia bastante interessante, usando um esquema defensivo muito eficaz, organizado e muito veloz.

Assim foi...

O Gil esteve a vencer até ao minuto 82, sim 82, momento em que demos inicio à "remontada", entusiasmando este Leão que aqui vos escreve.

3 a 1 resultado final...

Golos de Sporar, Tiago Tomás e Pedro Fernandes.

Tenho orgulho neste Sporting, nestes miúdos, nesta infindável crença que transportam para o campo, acreditando até ao fim que o sonho poderá ser de Verde e Branco.

Não via uma equipa assim desde o Sporting de Paulo Bento, desde esse tempo que jamais senti esta espécie de crer tão próprio de um grupo absolutamente unido e leal para com todos os seus...

Claro está que logo chegam aquelas pessoas de plantão, vulgo gentalha, que suspiram pelos tempos bafientos de "Lúcifer" para, como sempre fizeram, criar a divisão e destruir um caminho que a todos deve orgulhar.

Este é o caminho, disso não me sobra dúvida.

Uma equipa repleta de meninos da formação, de jogadores adquiridos no campeonato Português, adaptados e com reconhecida valia, pincelados por um ou outro internacional de comprovada experiência, como João Mário, Coates...

Porém é neste último quesito que julgo importar apostar, criando as bases para que esta miudagem cresça suportada por esses jogadores.

Foi aliás aqui que falhou o projecto de Paulo Bento, sem condições para investir viu sempre ser relegado o seu desejo de reforços de qualidade para mesclar com os meninos que surgiam...

Recordar que Paulo Bento em 4 épocas no Sporting, indo sempre à Champions, deve ter tido menor investimento do que o Ordenado de Jesus, só numa temporada.

Mas enfim, isto não calou os críticos, vulgo gentalha, que destruíram esse Sporting e sustentaram em grande medida a ascenção do "querido Líder" e da sua Gestapiana guarda Pretoriana.

Estes serão os primeiros a tentar destruir este Sporting de Amorim, com os mesmos argumentos, as mesmas falácias, os mesmos fantasmas.

Por essa razão, para além de continuar a defender o fim de todas as claques do Sporting Clube de Portugal, acredito que seria prudente o Presidente do nosso Clube ponderar a extensão desta medida de ausência de público nos Estádios, mesmo que o Governo decida o contrário...

Ao olhar para o jogo de ontem pensei profundamente num questão:

O Sporting teria vencido este jogo com o Estádio repleto de Sportinguistas?

Não!!!!!!!

Não teria certamente.

Um grupo de meninos a perder até aos 82 minutos com o Estádio repleto de Sportinguistas teria uma absoluta dificuldade de ultrapassar o seu maior obstáculo...

Os seus adeptos.

Durante décadas ali estive, no Estádio de Alvalade, experenciando esse viver Leonino que aos poucos se foi transformando nesse circo de boçais, esventrando o futuro, tomando para eles os destinos do Sporting.

Vários treinadores ameaçados, jogadores cuspidos, ofendidos, adeptos contra adeptos em nome de um populista sentir...

Esses que chegaram aos Açores, no Estádio ou nas ruas de Ponta Delgada, e demonstraram de que massa são feitos, partindo, desrespeitando, mostrando à saciedade se dúvidas houvéssem.

Ontem os epítetos teriam sido:

Expressarei aqueles que julgo serem menos ofensivos...

 

1- Chulos!!!! Este estaria reservado para o minuto 52 quando o golo de Gil Vicente, sendo recorrente a partir dali.

2- Lampião nojento! Este seria exclusivo para o Ruben Amorim e para algum jogador que estivesse equipado com botas encarnadas.

3- Vocês não valem nada ou joguem à bola. O tempo todo, pois para estes "senhores", este Sporting de Amorim, tal como o de Paulo Bento, não joga nada.

4- Ò Varandas vai para o ....! Este seria ainda antes do jogo começar, repetidamente entoado deste uma qualquer roulote.

E todos os outros que pudessem englobar asneirola de qualidade, sempre em busca de melhorar o clube.

No fim uma espera à porta das garagens e se possivel apanhar um ou outro elemento para lhe dar um correctivo.

 

Esta tristeza a que chamam claques são acompanhadas por uma profunda fractura no Clube que muitas vezes se vê à mercê de populistas.

Esse é o verdadeiro perigo.

Por isso acredito que o caminho será mesmo impedir adeptos do Sporting no Estádio, possibilitando que os miúdos e graúdos cresçam acreditando que será possível sonhar.

E quanto às claques?

Acabar com elas, sem receio, buscando um caminho de paz e respeito.

Uma claque que no auge de Alcochete tinha Mustafa como líder e a putativa alternativa seria Mário Machado, diz muito sobre o género de gente que dali poderá sair.

Viva o Sporting...

E já agora, correndo o risco de me tornar repetitivo:

Deixem os miúdos sonhar!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

28.10.20

 

 

 

Lágrima salgada;

Com sabor a mar,

Nessa onda agitada,

Que regressa sem parar...

 

Lágrima que me pertences;

Que é minha, da minha dor;

Dessa força que me sufoca,

 Que me aquece com o seu calor...

 

Lágrima insolente;

Que te impões ao meu querer,

Que corres sempre presente,

Sempre presente ao adormecer...

 

Lágrima salgada, inusitada;

Cheia de imagens e legendas,

Fugindo das histórias passadas,

Das soluções, das emendas...

 

Assim continuo a chorar;

Disfarçando titubeante,

Esse repetido soluçar,

Nessa lágrima sempre errante...

 

E sem parar de cair;

Minha lágrima, minha emoção,

Vou dizer-te a sorrir,

A minha conclusão:

 

És a voz da minha alma;

O bater do meu coração.

 

 

25.10.20

 

 

 

Amor da minha vida

como escrevia o poeta

na noite vazia

imensidão deserta

caminhando com certeza

nesse afago preenchido

deitados, despidos

repletos de nós.

 

Amor da minha vida

na desmedida letra de Cazuza

despedida, ferida

tudo ao mesmo tempo

nesse tempo que não pára

e que intensamente nos pertence.

 

Quero mais de ti

mais de tudo e de nada

do que perdi ou vivi

de nossa história inacabada.

 

Amor da minha vida...

 

 

 

 

 

 

24.10.20

 

 

 

Apagaram a luz do meu quarto;

Sinto o ruído da solidão,

Perdido nesse som abstrato,

Que invadiu o meu coração...

 

Apagaram a luz da minha casa;

Deixei de ter com quem falar,

Quebraram-me assim a asa,

E já não consigo voar...

 

Apagaram a luz da minha rua;

Deixaram-me sem o meu viver,

Estou de alma completamente nua,

Restando-me apenas morrer...

 

Apagaram a luz da minha terra;

Não te posso mais tocar,

E assim a vida encerra,

Para mim a palavra amar...

 

Apagaram a luz do meu mundo;

Apagaram-me da vida,

Levaram o meu amor profundo,

Deixaram-me a dor sentida...

 

E assim se apagaram todas as luzes;

Porque eras tu, a minha história,

A borracha levou me o filho,

E a dor a memória.

 

 

22.10.20

 

 

 

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Nunca fui tão feliz, como no colo de minha mãe;

O seu cheiro, o seu perfume,

O timbre da sua voz, enfim...

 

O calor do seu amor.

 

A mão que me embalava no berço;

O olhar que seguia os meus passos,

O desejo que acarinhava o meu destino,

O meu bem querer...

 

Ai as saudades que não findam;

Os tesouros que se escondem na terra,

Os sons que se calaram,

Ó Mãe!

 

Mãe;

Palavra tão bela que me ensinaste,

Que aprendi a rimar com amar,

Que aprendi a ter como minha...

 

Minha Mãe!

 

 

21.10.20

 

 

 

Faltou-te tempo para viver;

Faltou-te tempo para amar,

Faltou-te tempo para crescer,

Faltou-te tempo...

 

Sobrou tempo para esta dor;

Sobrou tempo para tamanha Saudade,

Nesse tempo sem temor,

De levar esta amizade...

 

Destino ladrão;

Vagabundo,

Cancro maldito,

Sem vergonha,

Nesse grito profundo,

Que se liberta...

 

Caminho inacabado;

Uma vida por cumprir,

Planos, desejos imaginados,

Sonhos a fugir...

 

Ainda recordo o teu olhar;

A esperança e a frustração,

Que por vezes tinha lugar,

Dentro do teu coração...

 

Tantos anos se cumpriram;

Já não voltam,

Não regressam,

Desde essa tua despedida,

Que não sara, ferida...

 

Não consigo trazer-te de volta;

Nem voltar a te abraçar,

Nessa espécie de revolta,

Que por vezes quer escapar...

 

Ainda sinto a tua falta;

Ainda recordo aquele abraço amigo,

Aquelas travessuras de criança,

Que passei contigo...

 

Saudades, eternas, tuas;

Amigo que sempre quis,

Dessas lembranças nossas;

Luís!

 

Meu querido Luís Miguel, parece que foi ontem, 24 anos se passaram desde que nos vimos pela última vez, nesta saudade que não finda, somente adormece ligeiramente, sempre presente na alma.

Os anos passaram e com eles sobram estas datas que nos marcam, o dia de teus anos, o dia de tua partida, por entre, tantas outras memórias que nos ligam à nossa infância.

Este poema escrito, para ti, há anos atrás, regressa a esta Caneca de Letras numa singela homenagem, num abraço fraterno deste teu "irmão" que sempre te quererá bem...

Um abraço tão imenso como esta saudade que nos separa.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

 

20.10.20

 

 

 

Tantas vidas à tua procura,

Uma após outra, uma após outra...

 

Sem parar, numa aventura;

Procurando com candura

O toque dessa tua ternura

Perdida além do tempo...

 

Noutra vida...

Que ainda consigo recordar,

Lá bem distante,

Tão jovens, inocentes,

Desencontrados nesse amar

Que buscamos eternamente

Sem saber ou adivinhar

Esse encontro de antigamente.

 

Tantas vidas afinal, sempre nossas;

Noutras vidas que passaram, tão nossas,

Tantas e tantas, só nossas...

 

Um dia as encontraremos todas...

Todas as nossas vidas,

Numa só.

 

 

16.10.20

 

 

 

Todas as noites na mesma rua;

Tantos homens nessa esquina

Numa vontade nua

De te ver...

 

De te querer, desejar;

De te terem por um momento

Esse dinheiro a pagar

Pelo teu sofrimento...

 

Tantas noites nesse lugar;

Onde te vendes, mulher,

Vendo a vida a passar

Ou o que dela te restou...

 

Envergonhada, esventrada, esquartejada;

Nesse corpo vazio

Porque essa alma abandonada

Já partiu, desistiu...

 

Assim despida, ferida;

Entregue ao seu destino

Ao som de uma palavra...

 

Puta.

 

 

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