19.08.20
Cansado estou de escrevinhar, desse ardor nos dedos que se contraem em cada pedaço de conto, de verdade.
Porque escrevo?
Porque soletro ao vento o que contado será nas desventuras de um sonho?
Olho para a distante tela, pincelada a várias mãos, de momentos passados que se entrelaçam nas perdidas canções...
Trauteio baixinho com receio de acordar a parte de mim adormecida, a que se perdeu, esquecendo todas as notas da ansiada partitura.
Queira Deus e o mar, o vento e o sol, os anciões passados e os vindouros que se apressarão a desempoeirar tais palavras...
Para eles um imenso adeus, entrelaçado por este desamor que compõe as entremeadas linhas de um desgosto.
Um imenso obrigado por insistirem em sonhar, em querer e voar, como pássaros e leões, leões marinhos e borboletas...
Suspiro, uma e outra vez, tantas as vezes que insisto em recordar cada parte de uma tela por cumprir, incompleta na dimensão de tantas vidas.
Cansado estou de escrevinhar, de correr e saltar, por entre, linhas de papel, folhas salteadas de um destemperado sentir...
Temperadas com a desmedida querença de querer, querer ir até ao mais recôndito lugar nas nubladas e perdidas grutas de um singelo abraço.
Filipe Vaz Correia