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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Perdidas Grutas...

Filipe Vaz Correia, 19.08.20

 

Cansado estou de escrevinhar, desse ardor nos dedos que se contraem em cada pedaço de conto, de verdade.

Porque escrevo?

Porque soletro ao vento o que contado será nas desventuras de um sonho?

Olho para a distante tela, pincelada a várias mãos, de momentos passados que se entrelaçam nas perdidas canções...

Trauteio  baixinho com receio de acordar a parte de mim adormecida, a que se perdeu, esquecendo todas as notas da ansiada partitura.

Queira Deus e o mar, o vento e o sol, os anciões passados e os vindouros que se apressarão a desempoeirar tais palavras...

Para eles um imenso adeus, entrelaçado por este desamor que compõe as entremeadas linhas de um desgosto.

Um imenso obrigado por insistirem em sonhar, em querer e voar, como pássaros e leões, leões marinhos e borboletas...

Suspiro, uma e outra vez, tantas as vezes que insisto em recordar cada parte de uma tela por cumprir, incompleta na dimensão de tantas vidas.

Cansado estou de escrevinhar, de correr e saltar, por entre, linhas de papel, folhas salteadas de um destemperado sentir...

Temperadas com a desmedida querença de querer, querer ir até ao mais recôndito lugar nas nubladas e  perdidas grutas de um singelo abraço.

 

 

Filipe Vaz Correia