16.07.20
Quatro paredes, sem janelas, numa profunda escuridão, imenso orgulho perdido, num entrelaçado e intenso mal querer que me consome.
Abro os olhos e à volta percebo...
Que por entre vidas me distrai, dançando entre estrelas, perdendo o foco, a essência do sentir, esse florescente céu que indicava a contraditória felicidade que não chegou.
Será a dor a conselheira maior de tamanha aventura ou singelamente esta dor apenas serve para criar o verso e delinear a poesia?
Entre partidas e chegadas, se desnuda o poema, entre humilhações e lágrimas se desenham as palavras, as odes perdidas no coração...
Pois o que importa amar, se a safira ardente no céu é apagada, vez após vez, pela mesma mão que anseias entrelaçar?
Vezes sem conta...
E esse ardente caminho, solitário, se afigura constante, instante, ardente.
Degraus e mais degraus, numa escadaria interminável, carregando o pesado coração desse desamor que magoa, tantas vezes magoa, até ao indisfarçável fim que se apresenta no horizonte.
Mas sobra a poesia...
A ardente poesia que se abeira e ressalta, numa melodia da Disney, num poema de Vinicius, num quadro de Picasso.
A ardente poesia que alimenta o desgosto, imposto, tão presente que ameaça o ausente querer de não regressar.
Que valha a pena...
Sem voltar para trás, sem olhar para trás, num infinito céu estrelado.
Pois amar, sem sentir, é demasiadamente pequeno...
Para mim.
Filipe Vaz correia