15.07.20
Viajo em alto mar numa casca de noz;
Com medo das noites de trovoada,
Enfrentando ondas sem voz,
Gritando a solidão desenfreada...
Imensidão de tortura;
Na tortuosa e desesperante vontade,
Declamando loucura,
Por entre poemas de saudade...
Provando o travo do mar salgado;
O sabor das tamanhas lágrimas companheiras,
Na memória resguardado,
As culpas conselheiras...
Dormindo ao relento;
Viajando sem destino,
Pelas agruras e tormentos,
Que compõem este meu desatino...
E mar adentro;
Nesse rumo sem melodia,
Aguardo o desencontrado momento,
Em que reflectida na água,
Se revelará a mais doce parte de mim...
Ali na desnudada maresia;
Na esperançada contradição,
Serei uno,
Entre a alma e o coração,
Entre o que fui e serei...
Entre as sonhadas parcelas daquela criança.