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Caneca de Letras

19.05.20

 

 

 

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Isto não será Covid a mais?

É assim que escolho começar este texto, após mais uma caminhada pela Av. da República e ruas adjacentes, num misto de incredulidade e estupefacção.

Ginásios ao ar livre, aglomerados de pessoas sem máscara, numa confraternização a recordar os idos tempos do pré-pandemia, paragens de autocarro com pessoas sentadas ou encostadas, esplanadas cheias...

Será normal?

Duas velhotas, abomino o termo idoso, de máscara no rosto, ao menos isso, mas sentadas naqueles bancos do jardim, espalhados pelas ruas de Lisboa.

Sentadas num desses bancos públicos, sem luvas, em amena cavaqueira, matando as saudades.

Não será Covid a mais?

Será que este desconfinamento não acarretava um conjunto de precauções, um pedaço acima destas que aparentemente não consegui vislumbrar por esta zona de Lisboa.

Até me deparei com um casal de namorados, pelos seus 20 anos, sentados numa espécie de quadrado de pedra, dando largas à sua imaginação.

Quando passava por eles, ao longe, ouvi um tremendo espirro, sonoro, daqueles que saem da alma, talvez carregado de covid, o que motivou o meu olhar punitivo em direcção àqueles jovens...

Nada.

Apenas a mão da dita moçoila a limpar o rosto, seguindo-se o apoio no dito "banco", para em seguida se levantarem.

Pensei nas ditas velhotas...

Naquele banco de rua...

E se a próxima vez que a dita jovem moça espirrar, sem máscara para não atrapalhar os beijos públicos, for num daqueles bancos onde estas ou outras velhotas se forem sentar?

Pois é...

Dir-me-ão que estou a exagerar, talvez, no entanto, não me sai da cabeça a visão dantesca dos muitos com quem me cruzei, a fazer flexões no chão, encostados a multibancos, em piqueniques por esses espaços verdes ou em bancos no Saldanha.

Isto está tudo doido?

Talvez esteja.

Desconfinamento não é sinónimo de "normalidade" e isso é uma condição importante para que continuemos a tentar regressar à dita "normalidade"...

A tentar, com atenção e cuidado.

E ainda não reabriram as praias...

Isto não será Covid a mais?

Sim...

É!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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