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Caneca de Letras

01.05.20

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Faz hoje, dia 1º de maio, 26 anos que morreu Ayrton de Senna...

Ayrton de Senna do BRASIL, era assim que gritava ao microfone da Globo o intemporal comentador Galvão Bueno, nesse misto de samba e emoção, de golo e meta, que de forma transcendente ligava Senna ao Automobilismo, ao Desporto, à sua Nação.

Senna não era do Brasil, era do mundo, por aqueles anos, talvez fosse mesmo o mundo para a grande maioria dos admiradores de Fórmula 1.

Nunca fiz parte desse rol, antes pelo contrário...

Eu era anti-Senna, sempre fui, desde os tempos em que corria no seu Lótus preto, debaixo de chuva nas curvas do Estoril, vencendo ali a sua primeira corrida no escalão maior do Automobilismo.

Recordo-me dessa corrida, a que assisti em casa de uns amigos de meus Pais, Senna vencia para alegria de Adriano Cerqueira e Domingos Piedade.

Desde esses tempos, sempre estive do outro lado...

Em primeiro lugar porque "adorava" Nelson Piquet e em segundo lugar porque aprendi a gostar daquele menino que revolucionaria a Fórmula 1 e se atreveria a enfrentar tudo e todos...

Michael Schumacher!

Nesse ano de 1994, que marca também o primeiro titulo mundial de Schumy, a Fórmula 1 e o mundo do desporto viveriam um dos seus momentos mais trágicos, essa partida e morte de um dos seus maiores.

Nessa corrida em Imola, que me recordo perfeitamente, Ayrton de Senna tentava reduzir o atraso que levava, no campeonato, para Schumacher, tentando assim resgatar essa posição de favorito que lhe era apontada, não só pelo seu talento absolutamente extraordinário mas também pelo facto de a Williams ser a mais poderosa "Scuderia" da época.

Nesse dia, quando observei o despiste de Senna, festejei, sorri e pensei:

- Vamos! - Força Schumy!

Mas rapidamente me sentei, silenciei aquela rivalidade trivial que apimenta o desporto e temi, temendo que algo mais sério pudesse estar para acontecer.

Não era difícil imaginar o pior quando na véspera havia morrido Roland Ratzenberger.

Fui para a sala onde o meu Pai via na televisão a mesma cena, o meu Pai adorava Ayrton de Senna,  olhei para o seu rosto, o seu olhar fixo na televisão,  aquele invisível arrepio na espinha.

No meio dos escombros Senna mexeu a cabeça, um pequeno esgar que, por um momento, me deu a certeza de que estava tudo bem...

Mas não.

Talvez aquele momento tenha sido o princípio desse anunciado fim, o suspirar da alma desbravando os últimos instantes desta vida terrena.

Senna morreu, partiu há 26 anos, deixando um rasto de tristeza no mundo inteiro, um silêncio calado, profundo, imenso.

Recordo-me de estar no colégio e todos, mesmo todos, seguirmos a chegada do corpo de Senna ao Rio de Janeiro, o seu percurso pelas ruas, a tristeza das gentes, a voz embargada de uma Nação.

Passaram 26 anos, tempos diferentes dos dias de hoje, onde já nem vejo Fórmula 1, um desporto onde os pilotos e o seu talento passaram a ser acessório.

Desde Schumacher que o meu interesse foi esboroando, desaparecendo.

Ayrton de Senna do Brasil como gritava Galvão Bueno partiu há muito tempo, num outro século, numa outra existência, sem YouTube ou Instagram, sem Twitter ou Facebook mas isso não o impediu de ser eterno, de ter marcado uma geração, uma Nação, tantos e tantos que por esse mundo a fora choraram, calaram, sem idades ou cores, credos ou pensamentos políticos.

Foi assim Ayrton de Senna, tão eterno como permite a memória Humana, passando de geração em geração como só os maiores de "Nós" ousaram conseguir.

 

Até sempre, Ayrton de Senna... do MUNDO!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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