29.02.20
Volto sempre a Cazuza...
Sempre.
Por vezes triste e amargurado, outras vezes feliz e encantado, sempre regresso ao som de ideologia, aos gritos de exagerado, ao romantismo de faz parte do meu show.
Como é bela a poesia...
A esquecida poesia que hoje se desencontra do sentir comum, perdendo espaço para outras formas de expressão.
Não pela menor importância poética para estes novos tempos, talvez nunca a poesia tenha sido tão importante para compreender o tempo e a forma, mas pela sua exacta falta de pressa, de correria constante que avassaladoramente nos invade...
A poesia é precisamente o contrário das redes sociais ou dos instantâneos vídeos que nos encurralam...
A poesia é tempo e digestão, trago e palato numa intensa e longa degustação, por entre, sentir e observar, por entre, querer e desejar, por entre, um beijo e um abraço.
Cazuza é para mim o entrelaçar da modernidade e do arcaico, da revolta e da coragem, da paixão e do amor, do querer e do desprendimento...
Cazuza é tanto e tão pouco, eterno e breve, sentimento e loucura.
Tudo isso em prosa, em poesia, melodia e canção que ecoa para lá do Atlântico, para cá do mesmo Oceano.
Perdoem-me no decifrarar de suas poesias, sinto cada letra desse ardor que o corroía, que esventrava o seu País, esventra, cada palavra solta tornada livre por si, pela pena de sua caneta em forma de arte.
Cazuza...
Sempre ele, Poeta, Cantor, liberto em cada um de nós que continua a perpetuar o seu extraordinário talento.
Viva Cazuza!
Viva Cazuza, o nome da Instituição que continua o seu legado, legado que tem salvo milhares de crianças com Sida no Brasil.
Também por isso Cazuza permanece vivo, tão imenso como no palco do Canecão.
Filipe Vaz Correia