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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Uma Aventura No Centro De Saúde...

Filipe Vaz Correia, 12.02.20

 

Estou sentado no centro de saúde de Sete Rios...

E de facto nada faz mais falta do que saúde, essa palavra abreviada de saudade, o sentimento que nos sobra, imagino, à medida que o tempo vai avançando e as maleitas vão tomando conta de nós.

O olhar das pessoas, muitos deles velhos, neste ambiente pesado e amorfo, carregado de tosse e espirros, de desabafos e lentidão.

Não consigo deixar de pensar como será quando chegar, se Deus quiser, a minha vez, o meu tempo de velhice, de impotente convivência com esse corpo envelhecido...

Neste instante, em que vos escrevo, sentam-se a meu lado duas pessoas, por entre tremores e silêncios, tosse e mais tosse.

Levanto-me!

Isto de um hipocondríaco estar no meio de um centro de saúde...

Vou deixar esta divagação por aqui, neste desabafo Canequiano sobre esta temporalidade que nos persegue e amarra, sem limites, até ficarmos velhinhos.

Velhinhos, se tudo correr bem...

Esperemos que sim!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Poética Melodia...

Filipe Vaz Correia, 12.02.20

 

No olhar o brilho

das incautas palavras

o desgarrado sentir

das imperfeitas frases

o desmedido querer

desse pulsar que esmaga

a vontade de amar

que se impõe.

 

Na triste poesia

se escondem entrelinhas

nas entrelinhas envergonhadas

se entrelaçam lágrimas

salgadas saudades

numa maresia infinita.

 

E nesse ondular azul

repleto de movimento

carregando memórias

intensas histórias

escrevinhadas ao entardecer.

 

Vai e vem

solitária amargura

serenamente ansiando

pelo eterno amanhecer

que teima em chegar.

 

Vai e vem...

 

Vai e vem...

 

Até um dia.