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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Viva Cazuza (Muito Mais Do Que Uma Canção)

Filipe Vaz Correia, 29.02.20

 

Volto sempre a Cazuza...

Sempre.

Por vezes triste e amargurado, outras vezes feliz e encantado, sempre regresso ao som de ideologia, aos gritos de exagerado, ao romantismo de faz parte do meu show.

Como é bela a poesia...

A esquecida poesia que hoje se desencontra do sentir comum, perdendo espaço para outras formas de expressão.

Não pela menor importância poética para estes novos tempos, talvez nunca a poesia tenha sido tão importante para compreender o tempo e a forma, mas pela sua exacta falta de pressa, de correria constante que avassaladoramente nos invade...

A poesia é precisamente o contrário das redes sociais ou dos instantâneos vídeos que nos encurralam...

A poesia é tempo e digestão, trago e palato numa intensa e longa degustação, por entre, sentir e observar, por entre, querer e desejar, por entre, um beijo e um abraço.

Cazuza é para mim o entrelaçar da modernidade e do arcaico, da revolta e da coragem, da paixão e do amor, do querer e do desprendimento...

Cazuza é tanto e tão pouco, eterno e breve, sentimento e loucura.

Tudo isso em prosa, em poesia, melodia e canção que ecoa para lá do Atlântico, para cá do mesmo Oceano.

Perdoem-me no decifrarar de suas poesias, sinto cada letra desse ardor que o corroía, que esventrava o seu País, esventra, cada palavra solta tornada livre por si, pela pena de sua caneta em forma de arte.

Cazuza...

Sempre ele, Poeta, Cantor, liberto em cada um de nós que continua a perpetuar o seu extraordinário talento.

Viva Cazuza!

Viva Cazuza, o nome da Instituição que continua o seu legado, legado que tem salvo milhares de crianças com Sida no Brasil.

Também por isso Cazuza permanece vivo, tão imenso como no palco do Canecão.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

A Rasca Imprensa, Num Silencioso País ... Que Nojo!!!!!!

Filipe Vaz Correia, 28.02.20

 

Tenho repugnância por tablóides, por esse género de imprensa que vive à custa da desgraça alheia, da devassa da vida daqueles que lhes podem dar audiência ou tiragens.

A cobertura da morte de Laura Ferreira, a Mulher de Pedro Passos Coelho, por parte do grupo Cofina, é no mínimo asquerosa...

Asquerosamente indescritível.

Fotografias do enterro, das pessoas presentes, de Pedro Passos Coelho e Filhas, da dor plasmada no rosto desses entes queridos.

Neste caso, esse aproveitamento é sobre alguém que sempre primou pela discrição e recato, mas o caso atinge proporções de maior "canalhice", de maior atentado, como se isso fosse possível...

Para piorar a situação, resolveram ainda, esse grupo editorial rasca, fotografar a Ex-Mulher de Passos Coelho, Fátima Padinha, também ela vitima de cancro e inevitavelmente marcada por tão imensa doença, demonstrando pela comparação de retratos antigos e actuais, a evidente diferença entre esses tempos e os dias que correm.

Esta escumalha não se envergonha de desnudar a fragilidade de pessoas que não pediram a exposição mediática, pessoas que estando num momento de fragilidade perante a morte de alguém  próximo, terão ainda de lidar com a exposição medíocre daqueles que trocam a ética por um punhado de Euros.

Ver Fátima Paldinha gordíssima, até disforme, em resultado do cancro com que lutou, porventura ainda luta, e imaginar a sua dor a se confrontar com essa fragilidade escarrapachada nas páginas de uma revista ou jornal, inquieta e repulsa esta alma minha que vos escreve.

Não consigo calar a indignação...

Não quero calar.

É isso que me faz sentir Humano...

A indignação diante de tamanha barbárie.

O que me entristece é o facto de isto, esta escumalha, passar impune perante esta realidade, com as gentes a continuarem a comprar o determinado pasquim, a dar audiência à miserável CMTV, a serem cúmplices de tamanha Canalhice.

Não pude deixar de escrever...

Não posso compactuar.

Talvez um dia, os Octávios desta vida, possam sentir o outro lado e saborear a imensidão e impotência, que deve ser sentida por aqueles que são expostos ao sabor dos desumanos interesses deste grupo económico.

Que nojo!

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

No Caneca Com... Joana Rodrigues De Almeida!

Filipe Vaz Correia, 27.02.20

 

Como posso escrever nesta Caneca de Letras, em forma de agradecimento ao seu autor por tão amável convite, sem temer não estar à altura do desafio?

Esta foi a pergunta que me ocorreu desde que o Filipe me convidou.

Acompanho o blog há pouco mais de um ano e sempre gostei desta forma interligada que por aqui se vive, com partilha e educação, numa troca de ideias sem azedume ou crispações.

Fazem falta espaços assim, onde se pode soltar uma opinião sem que nos caíam em cima, com agressividade e intolerância. Por estes dias vou observando o País real, esse campo onde a polémica impera, com discussões sobre racismo e direitos dos animais, vida ou eutanásia, futebol e mais futebol...

Estou desiludida com esta imagem do País, esta sociedade dividida e cada vez mais submersa numa incapaz gritaria que salienta diferenças, ao invés de nos unir naquilo que mais nos caracteriza.

Somos todos Humanos, iguais nos sonhos, semelhantes nas desilusões.

Sei que poderei ser utópica, sonhadora, perpetuamente incapaz de olhar para esta realidade, sem a esperança de acreditar. Acreditar em nós, todos, como civilização global, sem fronteiras ou barreiras que acentuem divisões, preconceitos ou violência.

Obrigado Filipe por este espaço e por poder, pela primeira vez, experimentar esta sensação de escrever num blog.

Espero não o ter defraudado.

 

 

 

A Busca Poética

Filipe Vaz Correia, 25.02.20

 

Não busco o sol

nem a sua abrasadora verdade,

Não busco a lua

nem a sua secreta saudade...

 

Busco o olhar que se perdeu

as mágoas por contar,

Aquela ilusão que desvaneceu

 desvanecendo o triste amar...

 

Busco as entrelinhas de um poema

na entrelaçada emoção,

Busco os fantasmas nesse dilema

Teorema ou equação...

 

Busco tanto e tão pouco

viajante desesperado,

Busco esse lado louco

na melodia do exagerado...

 

Busco letras e palavras

pedaços de contradição,

Amarras intemporais

Memórias sem paixão...

 

Busco e volto a buscar

sem saber descodificar,

O delírio de encontrar

essa parte de mim...

 

Sem volta.

 

 

Palavras Para Quê?

Filipe Vaz Correia, 24.02.20

 

Palavras para quê?

Silêncios e comentários...

Vozes e nada...

Quebras quebradas de uma asa tornada expressão maior de tamanhos anseios.

Um trautear do vento, uma inquieta brisa desfeita, um abrasador tornear dessa corrente de ar que se impõe.

Tão vazio como a ventania solar, tão intenso como as palavras no mar, tão repleto como a maresia ao longe, despida de tudo, carregada de tanto, desnudada de si.

A longínqua esperança que aquece e avança, que esmaga e seduz, num momento reluz e noutro se cala desesperançadamente.

Silêncios e comentários...

Palavras para quê?

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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