Dignidade Humana: Onde Se Traçam Os Limites?
Hesitei em escrever sobre este tema, principalmente pela repulsa que sinto ao referir o pasquim em causa e este gesto que, mais uma vez, o define.
A capa do Correio da Manhã desta Sexta-Feira, é uma das maiores barbaridades que alguma vez assisti, sinceramente é apenas mais uma neste longo reportório de “canalhice”, no entanto, não consegui conter a indignação que cresceu em mim.
Sou absolutamente contra este tipo de aproveitamento da desgraça alheia, figuras públicas ou anónimas, num frenesim constante por vender mais e mais, sem olhar a meios nem a princípios definidores da dignidade Humana.
Existirão limites?
Sei que muitos me responderão que se trata da Liberdade, essa donzela tantas vezes violentada por aqueles que supostamente a cortejam, porém não consigo compreender o que poderá ter a ver a exposição de um jovem, deitado numa maca, ligado a máquinas, num momento de absoluta fragilidade, com o direito a informar...
Esta revolta que me recuso a calar, sobra dentro de mim, por entre, os valores que me norteiam, os limites que julgo definirem a dignidade Humana.
Este pasquim expõe qualquer coisa e qualquer um em nome do que eles chamam de “jornalismo”, comportando-se como abutres atrás da carniça, esventrando a privacidade de todos os que podem servir os seus interesses...
Estão protegidos nesta sociedade, por uma justiça que muitas vezes com eles é conivente, passando informações que contribuem para a quebra do segredo de justiça, aliando este facto a um branqueamento total destas acções.
A capa que desnuda a realidade de Ângelo Rodrigues, não passa de um acto cobarde e vil destes medíocres escondidos sob o manto do “jornalismo”.
Uma vergonha!
Filipe Vaz Correia