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Caneca de Letras

25.08.19

 

Volto sempre ao mar como se dele nunca tivesse partido, exausto de percorrer os dias, incontáveis dias, que nos separam, todos os anos.

Sempre que regresso, submerso nessa água salgada, me envolvo numa espécie de regressão pelos secretos trilhos de minha alma, pelos silêncios que se misturam naquele momento, os barulhos que reaparecem em mim num abraço que se amarra.

Parece que dali nasci, que aí nasci, àquele lugar pertenço.

Nada é mais exacto ou perfeito do que um singelo mergulho, um inquieto perder e reencontrar, escapar e regressar, infinitamente sedutor...

Não existem vozes silenciosas ou mistérios perturbadores, medos ou receios que se transformem em gigantes Adamastores, somente lágrimas num mar salgado, coleccionando cada sentir, desmedido querer, sem explicação.

Nesse mar, aonde regresso, pareço sentir que fui feliz, saber que fui feliz, buscando nesse encontro cada palavra, cada som ecoando nesse infinito lugar, num entrelaçado beijo terno e solitário.

As memórias que chegam e partem, se aproximam e escapam, parecem brindar aos amores doloridos, aos sonhos perdidos, aos beijos esquecidos, numa mistura salgada de um impreciso destino.

Como é bom regressar aqui...

Misturo-me nesse Oceano repleto de vida, de vidas, vezes sem conta, repleto de olhares que se cruzam sem avisar, almas que se perpetuam sem quebrar, agridoces pedaços de um filme, nesses vários filmes que se repetem.

Aqui estou eu, no meio dessa imensidão de mar, onde anteriormente estive, onde outros estiveram, onde tantos ainda estarão...

Repetindo a magia, perpetuando esse mar que nos completa.

Nessa encruzilhada, banhando a alma, as várias almas, podemos esquecer ou recordar, querer ou resgatar os enigmáticos segredos do Universo.

Ali tudo faz sentido...

Mesmo ignorando onde começa ou termina essa busca pelo desconhecido destino, esse ansiado caminho de todos nós.

Ali me encontro em cada parte dessa tela por pintar pois de azul se preenche cada partícula desse céu e desse mar num encontro ao fim da tarde.

 

Filipe Vaz Correia

 

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