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Caneca de Letras

31.05.19

 

Escrevo, escrevinho a duras penas, buscando dentro de mim caminhos por desbravar, sentires esquecidos, palavras e cores sem tradução.

Escrevinhar constantemente desde que me recordo de recordar, numa entrelaçada curiosidade entre papel e caneta, mágicas letras completadas na grandiosidade do que juntas representavam.

Sentidos sentimentos na ponta da pena, por vezes com pena, pincelando a cena que se constituía em minha mente...

Silêncios compassados por batuques descompassados navegando por entre os loucos e medonhos receios da insana distância pueril.

Monstros e mestres, lobos campestres, desastres terrestres, tamanhas agruras...

Escrevo, escrevinho, escrevinhando a duras penas, sentindo apenas que vale convictamente essa brisa serena que levemente ecoa em mim.

Será a tua voz minha mãe, será o teu beijo meu amor ou serei somente eu num sonho distante trazido pelo bico de um pássaro...

Escrevo sem mais parar.

 

 

30.05.19

 

Navego inquieta de mim, inquietada pelo mundo, quieta finalmente frente ao ecrã.

Não tenho, nunca tive medo das palavras, como recear então Caneca de Letras? E, ainda assim...
 
... não é um receio paralisador, pois se a genética me deixou em herança uma adrenalina mutante de nem lutar nem fugir, o ambiente aguçou-me o observar dialogar e agir.
 
... não é um receio deprimente, que desses nunca tive e desconfio que me não quereriam, desgastados mais do que agastados pelo relógio de quem tem mais o que pensar. 
 
... não é um receio envergonhado, daqueles que espreitam no canto do olho antes de deslizarem pelo queixo baixo e, com um quase baque, caírem sobre pés recolhidos. nos meus olhos não há canto onde a vergonha se possa esconder com medo, e os pés, por irrequietos, talvez a calcassem se assim caísse pois à vergonha quero-a portentosa ou morta.
 
... não é, sequer, um receio orgulhoso, grande, dos de enfunar os pêlos ao arrepio da pele e de estilhaçar de gelado o grito na garganta. esses são afastados com pigarreares de guerra e febris vontades de lusitana indómita, que ser corajosa é enfrentar os próprios medos como Viriato os romanos: com todas as armas possíveis.
 
Não.
É o receio de falhar a quem em mim confia. Nasce no respeito que me merece e prolonga-se na consideração, na estima, no carinho, tanto maior o receio quanto mais profundos estes. Alimenta-se do que sinto pelo outro, e cresce assim amparado, aconchegado no seio da minha auto-confiança. Não a mina, mas impele-me à superação pois que lhe traça os limites a fogo. E queima quando, consciente, percebo que fiquei aquém.
 
Como não recear então por Filipe Vaz Correia que, confiante, me abriu as páginas do seu blogue para numa delas eu me inscrever?
Inscrever como, escrever o quê?
 
Opto por nada escrever. Apenas recordar.
Recordar que somos gente e que, sendo gente, somos também animais.
Recordar que estamos no topo da cadeia evolutiva e que estar no topo não nos faz donos dos destinos do Mundo, Terra ou Sociedade. Antes nos responsabiliza.
Recordar que apenas seremos responsáveis em grupo quando assumirmos a responsabilidade pelos nossos próprios actos. Conscientes. Sem o que agiremos em manada, e onde, então, o que nos distinguirá das bestas?
 
Obrigada, Filipe, por este bocadinho. Recordar faz parte de sermos gente.
 
 
 
 
 
 
 
 

30.05.19

 

O defeso ainda agora começou e já se assiste a notícias em catadupa, loucos relatos em relação a alguns jogadores.

Um deles é João Félix, jovem jogador do Benfica que inunda as manchetes dos jornais com especulação variada e na maior parte dos casos, sem nexo.

Mas alguém poderá acreditar que algum clube pagará 120 Milhões por um jogador de 19 anos sem qualquer tipo de "gabarito" na alta roda do Futebol Mundial?

A sério?

Das duas uma...

Ou estas notícias serão completamente falaciosas ou o Clube que cometer tamanha loucura estará, certamente, carregado de incompetentes.

Na altura em que se fala na contratação de Éden Hazard pelo Real Madrid, por 100 Milhões, acreditar que alguém poderá despender 120 Milhões por João Félix não deverá passar de um assomo clubista com o intuito de valorizar o "produto".

Direi mais...

Este tipo de notícias prejudicarão em primeira instância o próprio João Félix, carregando este jovem jogador de uma pressão absolutamente desnecessária.

Não está em causa o valor do jogador que, importa salientar, acredito ter um futuro risonho.

Vejo em João Félix características únicas, muito similares ao "pequeno" João Vieira Pinto, não apenas na capacidade técnica mas também na capacidade de fazer golo, muito importante para a posição que ocupa.

Esperemos pelo desfecho de mais um defeso, acreditando seriamente que acima de 50 Milhões, tudo o que puder ser escrito, não passará de publicidade gratuita de carácter duvidoso.

E para isso basta ir a um quiosque e comprar A Bola ou o Record.

Enfim...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

29.05.19

 

 

Doses pequenas de querer numa busca presente pelo encontro com a desmedida vontade de ser feliz.

Dias bons, dias maus, nesse caminhar que se cruza desatinadamente com esse destino que desconfiamos sem saber, queremos sem conhecer, acreditamos desconfiando.

Tantas interrogações que se apresentam numa entrelaçada questão...

Seremos nós felizes?

Sabemos o que é a felicidade?

Essa palavra que nos persegue desde o início de tudo, desde a alvorada dos tempos, continuando a consistir por si mesma como a meta a atingir por qualquer um de nós.

Mas o tempo passa e com ele vai trazendo ilusões e desilusões, gentes que partem e chegam, dias que se põem levando com eles momentos inesquecíveis ou trazendo outros momentos que nos esforçamos por esquecer.

Assim nesta caminhada que se impõe ao querer, desgastante passar do destino, se amarram palavras, outras vezes sons e silêncios, nessas infindáveis interrogações que não conseguimos silenciar...

Para onde vamos?

O que deixamos?

Como almejar essa felicidade ou sonho que parece inatingível?

E chegados lá, bastará por si só essa parcela de nós que se sente feliz?

Talvez sim...

Talvez não.

Fica a interrogação...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

28.05.19

 

A Autoridade Tributária juntamente com a GNR lançaram hoje uma operação stop denominada de "Ação Sobre Rodas", relacionada com o Fisco e as dividas fiscais de cidadãos incumpridores.

Em causa estava a fiscalização de automóveis, de forma aleatória, sendo que a GNR comunicava com os agentes tributários,  guiando aqueles condutores que tivessem dividas fiscais para uma espécie de repartição montada naquele local, para serem automaticamente confrontados com as suas vergonhosas dívidas.

Pois eu acho muito bem.

Como alguém dizia por estes dias...

"Eu não tenho dividas!"

Com a repercussão desta notícia pelos Órgãos de Comunicação Social, esta Operação viu repentinamente a sua existência colocada em causa pelo Ministério das Finanças, alegando que a mesma não havia sido concertada com os serviços centrais do Fisco.

Que desilusão!

Alguns cidadãos foram interceptados e desses parece que 4 viram os seus carros penhorados, trazendo assim algum lucro aos cofres do Estado, ajudando a pagar a dívida pública.

Muito bem!

Sou completamente a favor deste tipo de intervenções para apanhar os infractores do sistema, ou seja, aqueles "totós" que ainda possuem bens em seu nome.

Então podemos admitir que em pleno 2019, alguém com dividas fiscais ainda não tenha criado uma Fundação para lá despejar os bens, que não possuindo lhe possam pertencer?

Existem pessoas que nunca aprendem.

Por essa razão não têm desculpa...

Ter dividas é como o outro, agora os bens em vosso nome é que não se admite.

Enfim...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

28.05.19

 

 

 

Os olhos tristonhos;

Tão meus...

 

Outrora risonhos;

Só meus...

 

Pesadelos medonhos;

Num adeus...

 

A voz calada

Que me pertence,

A dor silenciada

Que se sente,

Vento, ventania,

Insistentemente presente...

 

E por entre a desconexa vontade de escrever;

Por entre versos e poesia,

Caminhando de mãos dadas sem ceder,

Celebrando a derradeira ousadia,

Desse amar ao amanhecer...

 

Ao entardecer;

Ao anoitecer,

Eternamente até morrer.

 

 

 

 

27.05.19

 

A noite eleitoral chegou e com ela trouxe algumas vitórias reais, outras imaginárias, meio disfarçadas por entre derrotas descaradas.

O PS clamou vitória, onde há cinco anos Costa exclamava "poucochinho", com uma diferença de apenas 2%.

O PSD gritou para Rio seguir em frente pois aquela era a sua gente, só que nunca foram tão poucas as gentes, tão solitariamente poucas.

O PCP taciturno, de rosto fechado, quase que vislumbrando nesse futuro "legislativo" uma tragédia anunciada, uma caminhada consistente rumo a um emagrecimento institucional.

Parece evidente que esta "Geringonça" tem prejudicado, essencialmente, os Comunistas numa correlação de forças que importa salientar.

O CDS assegura a vergonha alucinada...

A derrota do CDS é a derrota do lado mais populista da política, numa rendição aos costumes do seu cabeça de lista, aliado ao histerismo militante da "líder" do Partido.

Cristas é vítima desse mesmo populismo com que decidiu abordar a política, coadjuvada desta vez por um cata vento agressivo como Nuno Melo.

O Bloco venceu claramente...

Não foi para mim o vencedor da noite mas pode, evidentemente, receber os louros por tamanho feito eleitoral.

O Bloco atinge quase os 10% demonstrando que esta Geringonça tem trazido benefícios para o Partido.

Ao contrário do PCP, o Bloco tem conseguido fazer passar a sua mensagem, amarrando a si grande parte dos que gostando desta coligação, não desejam votar PS.

Para mim o grande vencedor da noite foi o PAN...

O Partido das Pessoas, Animais e Natureza cresce desmesuradamente, conseguindo ficar a somente um ponto percentual do CDS...

André Silva e o seu PAN ganharam não só a noite como ameaçam se tornar num peão central deste panorama político.

O PAN faz política de forma diferente, ficando por saber se não estará aqui a resposta para o dilema maior de António Costa...

Com quem me irei coligar se não tiver Maioria Absoluta?

Talvez com o PAN...

Talvez.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

26.05.19

 

Vencemos...

Um jogo emocionante, impregnado de esforço e dedicação Leonina, numa mistura de suor e lágrimas recompensadas com o sorriso maior da conquista.

O Sporting não venceu apenas a Taça de Portugal, na final de ontem, naquele relvado o SCP resgatou um pedaço da sua identidade, uma parte da sua alma, o direito a encerrar um momento que ainda pairava sobre o Leão.

Ali...

Por entre as luvas de Renan e os pés de Luiz Phylippe regressei à minha meninice, também eu reencontrei a alegria de poder gritar...

Sporting!

Obrigado a todos os jogadores pois sem a garra demonstrada, nada disto teria sido possível.

Por fim, salientar a presença de Adrien e Rui Patrício, principalmente a do Rui que será sempre um exemplo de atleta para mim.

Viva o Sporting

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

25.05.19

 

É dia de taça...

O Sporting regressa hoje a uma final da Taça de Portugal, num jogo carregado de simbolismo e memória.

Há um ano atrás, neste mesmo palco, jogava-se uma outra final, num outro cenário, com pinceladas de tragédia e dramatismo...

O Sporting perdeu esse jogo, muito antes do mesmo ter iniciado, repleto de feridas e marcas, muito para além daquelas visíveis nos rostos do seu treinador e jogadores.

Depois dessa partida nada ficou igual, tudo se transformou...

Partiram jogadores umbilicalmente ligados ao clube, Patrício, William, Podence ou Gelson, partia para as Arábias o treinador, Jorge Jesus, implodia enraivecido o Presidente, "Louco" de Carvalho.

Tudo se transformou para aqui chegados, olharmos para trás com a sensação de estarmos em melhor situação, carregados de uma esperançada esperança que há muito escapara de Alvalade.

Não se cerceiam as vozes, não se catalogam as opiniões, não se perseguem Sportinguistas...

Só por isto já vale a pena continuar a sofrer por tamanho amor.

No relvado do Jamor, nessa batalha anunciada, se renova a fé Leonina, se veste de verde a esperançosa Nação de Leões, crendo mais do que nunca no futuro.

Vai ser um dia de festa...

E que os Deuses do futebol estejam do nosso lado.

Viva o Sporting

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

24.05.19

 

Chico Buarque da Holanda venceu o Prémio Camões 2019...

Ao receber esta notícia senti aquela sensação de pertença que só os grandes génios conseguem transmitir.

Não poderia estar mais distante de Chico Buarque ideologicamente, no sentido político da coisa, pensando diferente, sentindo diferente, posicionando-me quase sempre nas antípodas do seu pensamento político.

No entanto, a arte tem destas coisas, a mistura da beleza e pureza de um artista é fazer encurtar etapas, amarrar proximidades, entrelaçar sentimentos de forma discreta mas intensa, certa mas carregada de uma incerteza que nos faz suster a respiração.

Chico Buarque era ouvido em minha casa, nesse local conservador mas sempre aberto à genialidade de todos, com precisão, com insistência, com um intemporal gosto que até hoje me persegue.

Nesse berço, que era o meu, Chico foi Rei, acompanhado por Vinicius, Drummond de Andrade, Caetano, Bethânia, Elis Regina, entre outros que nos chegavam do outro lado do Atlântico, brindando através da língua Portuguesa  a esse esplendor maior de escrevinhar.

Parabéns Chico Buarque...

Parabéns Poeta.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

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