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Caneca de Letras

Caneca de Letras

No Caneca Com... O Último Fecha A Porta!

Filipe Vaz Correia, 28.02.19

 

Hoje a Bimby já cozinha por nós, nos EUA os carros já conduzem sozinhos, a Amazon já tem lojas sem funcionários em Seattle, nos telemóveis conseguimos fazer tudo e mais alguma coisa (pagamentos, compras, consultas de tudo e mais alguma coisa) e o RPA (Robitic Process Automation) é a nova galinha dos ovos de ouro das empresas (já se vêem no Linkedin anúncios específicos para esse software aqui em Portugal).

A robotização que hoje em dia está  presente na maior parte das nossas tarefas, é a continuação do desafio com que há muitos anos nos vemos confrontados. Diria que desde a Revolução Industrial, com o apogeu na popularização do computador, que a velocidade da tecnologia é um desafio para o Homem.

Esta está a avançar muito rápido e é inevitável perguntar:

Estamos preparados para isso?

Acho que a resposta é temos de nos adaptar.

O tempo que perderíamos na cozinha atrás de um fogão permite-nos fazer outras coisas e a probabilidade de torrar ou ficar insosso sai mitigada. Conseguimos ter melhor qualidade de vida. Mas tem o reverso da medalha:

Ficamos dependentes da máquina.

Se não soubermos cozinhar, passamos fome.

Este exercício pode ser extrapolado para o resto:

O trabalho manual é substituído, ganha-se tempo, eficiência (fazer mais com menos recursos - tempo, dinheiro), mas ficamos muito dependentes da máquina. Se ela falha, a vida não evolui e é preciso saber progamá-la. Além disso, as pessoas que fazem esse trabalho, ao serem substituídas vão fazer o quê?

Por outro lado, surgem novas oportunidades. Hoje em dia, chovem anúncios para programadores de informática e o trabalhador comum começa a constatar que mais do que não existir emprego para a vida, pode não existir profissão para a vida.

E este é um caminho sem retrocesso.

 

 

O Último Fecha A Porta

 

 

Caneca De Sabores: As Favas Do Meu Alentejo...

Filipe Vaz Correia, 27.02.19

 

Nenhum prato me faz recordar tanto de minha Mãe, como as suas maravilhosas Favas...

De certa forma, durante muito tempo, não gostava deste prato, para grande infelicidade de minha Mãe, que como boa Alentejana se orgulhava muito das suas Favas com Chouriço e Toucinho frito.

Parece que ainda consigo sentir o cheiro das Favas esvoaçando pela cozinha da nossa casa de Lisboa ou mesmo daqueles corredores no nosso Monte em Santa Luzia...

Parece que foi ontem.

Depois de sua morte, dediquei-me a pôr em prática as belas Favas à Alentejana, num estilo mais light, mas tentando resgatar o "velho" sabor.

 

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Ingredientes:

 

. 1Kg de Favas

. Chouriço

. Linguiça

. Toucinho Entremeado

. Malagueta

. Coentros

. Orégãos

. Azeite

. Vinho Branco

. Sal

. Folha de Louro

. Alho

 

Num tacho com água a ferver, colocar as Favas e deixar cozer um pouco, depois reservar essa água.

Numa frigideira aquecer o Azeite, para fritar o Toucinho entremeado à parte.

No tacho colocar uma Folha de louro com Azeite e Alho, acrescentar Sal e Orégãos, sem esquecer dos Coentros picados...

Após uns minutos, misturar o Chouriço e a Linguiça fatiada, deixando que os ingredientes se envolvam.

Misturar as favas, assim como, o Toucinho Frito e acrescentar o Vinho branco, envolvendo tudo com mais um pouco de Coentros...

Mexer bem e colocar a água reservada da cozedura das favas, criando assim um molho que envolva todos os sabores.

Tapar e deixar cozinhar.

Corrigir sabores e aguardar até que as Favas tenham uma consistência de acordo com o pretendido.

Por fim, acrescentar o resto dos Coentros, a Malagueta e Orégãos, para que sobressaia o seu sabor.

Experimentem mais uma receita da Caneca de Sabores, numa viagem pela Memória Alentejana de Minha Mãe.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Carta Para O Meu Tio Jaime...

Filipe Vaz Correia, 27.02.19

 

Um ano é muito tempo, mesmo que por vezes pareça pouco, quase ontem...

Ontem quando nos recordamos das histórias, dessas recordações que trazem o Tio até nós, cada um de nós, desses momentos que sendo eternos, enriqueceram e enriquecem, cada um daqueles que o guardam junto ao coração.

O mesmo tempo que se agiganta quando olhando para esta data, se apercebe a imberbe alma que o tempo não pára, como dizia Cazuza, na letra intemporal da canção.

E a saudade, essa que acalenta em tantas conversas, a mesma que entristece um pedaço, sempre que se materializa esse fim, carregado de tristeza, da inevitável despedida.

Meu querido Tio Jaime...

Tantos dias tem um ano, mas poucos poderão descrever o quão marcante foi para mim, num conjunto de memórias que guardarei para sempre, com o carinho que lhe tenho.

E de que é feito o afecto, senão dessa mágica palavra que nos molda e constrói...

Memória.

Um ano depois...

Fica a saudade e a eterna gratidão, por tudo e por tanto.

Com carinho, do seu sobrinho...

Pipo

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Imaginei Imaginar...

Filipe Vaz Correia, 26.02.19

 

As luzes do palco ligadas...

A sala cheia, repleta de gente, olhares, sussurros quase murros desnudando a solitária alma de um artista.

E o sorriso, o meu, como escudo da terna e frágil criança, que se esconde temendo a tamanha voracidade, desse desconhecido desconhecer.

As luzes ligadas, a sala repleta de pessoas e eu...

Caminhando de um lado para o outro desse palco, contando os momentos, cada momento, em que o sofredor sentimento pudesse se libertar, numa mistura de batimentos que aceleram o coração.

Cada passo, entrelaçado, vai fazendo disparar o raciocínio, que sendo meu se agiganta, ultrapassa o sonho e se imortaliza num gigantesco abraço com a recordação...

Mesmo se perdendo, desvanecendo, desaparecendo, sem retorno.

Já não existem "papões" escondidos debaixo da cama, nem buracos negros no tecto, apenas desencantamento no olhar, num desencantar que melodiosamente permanece, se entranha, se amarra.

As luzes do palco...

Apagaram as luzes do palco...

Sobrando o silêncio, o vazio, aquele abraçar que só a imaginação te pode dar.

Ninguém como companhia, e o sorriso de partida, como capa despida, mostrando no escuro a leve ferida que perdura.

Sem luzes, sem gente, adormece a dormente esperança de um poema declamado, de um beijo salgado, de um futuro já passado, de tudo o que um dia imaginei...

Ou que imaginava, imaginar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Os Pecados Da Igreja Católica...

Filipe Vaz Correia, 25.02.19

 

A Igreja Católica realizou uma cimeira sobre Abusos Sexuais, dentro da Instituição.

Um tema tabu durante muitos anos, escondido, abafado, manipulado pelas mais altas instâncias do Vaticano.

Sempre fui Católico, sem dúvidas na imberbe infância e adolescência, carregado delas na vida adulta, sem deixar de buscar na essência da alma, essa esperança do querer que ainda pulsa, bate, se amarra ao devoto sentido de acreditar.

Sou Católico...

Carregado de perguntas, dúvidas, interrogações, mas crente, querendo querer, no que para lá do entendimento se encontra.

Nada resgata a ligação da Igreja com o seu "rebanho", como esta atitude próxima, Humana, umbilical, que tem caracterizado o Papado de Francisco...

Um tempo, onde se desmistifica a imagem impoluta da "Santa" Igreja, onde se encontra lugar para a verdade, mesmo que essa verdade desnude os segredos escondidos, por entre, os pecados de tantos que em nome de Deus, actuavam criminosamente.

Esta nova atitude da Igreja, plasmada nesta Cimeira sobre Abusos Sexuais, resgata de uma poeirenta forma de estar, o propósito da fé, desse querer maior, que dá sentido a uma Religião.

O tempo de Francisco, marca uma nova esperança, um novo sentir de novas Gerações, sem medo de gritar ao vento, com o vento, as fraquezas e fragilidades que pincelaram, através de vários momentos, a História da Igreja Católica,

E só assim...

Expurgando sem esconderijos, todos os pecados da "Santa" Igreja, se poderá, novamente, construir uma relação de confiança, entre aqueles que acreditam e aqueles que deveriam ser os guardiões da sagrada fé.

Expiando os pecados da Igreja Católica, o Papa Francisco poderá ter dado um passo decisivo, para a salvação dessa Instituição que tantos Milhões representa.

Num novo tempo...

Repleto de uma esperançosa vontade.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

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