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Caneca de Letras

24.11.18

 

Queria te escrever;

Um singelo poema,

E nele inscrever,

Como num teorema,

Esse intenso bater,

Em forma de dilema,

Que descreve este querer,

Tão meu...

 

Talvez em pequenos traços;

Discretos e envergonhados,

Como leves abraços,

Suspensos e amarrados,

Em ténues espaços,

Apertados...

 

Como um tímido sorrir;

Preso ao teu olhar,

Nesse escapar ou fugir,

Único cantarolar,

De um desesperado sentir...

 

Talvez seja somente torpor;

Ou uma singela poesia,

Este imenso amor,

Que me arrebata todo o dia.

 

E assim;

Chegado ao fim,

Sobra-me apenas pincelar,

Este pedaço de mim,

Para ti...

 

Este pedaço de amor.

 

 

 

 

 

23.11.18

 

Estava eu no Saldanha, quando me deparei com um cartaz do PNR...

Em grande destaque, enquanto as gentes, no seu quotidiano rebuliço, passavam sem parar.

As palavras de ordem dirigiam-se ao eleito Presidente Brasileiro, Bolsonaro, com a frase...

Parabéns Brasil!

No mesmo cartaz, palavras de ordem clamavam a chegada de uma nova ordem, explicitada como Renovação Nacional e que este Partido se arroga como o seu legítimo representante.

Até aqui muito bem...

No entanto, o que mais me impressionou foram as expressões nos rostos dos quatro imaculados lideres.

O Sr. Ramalho, Sr. Pinto Coelho, Sr. Pais do Amaral e outro que lamentavelmente me esqueci...

Mil vezes perdão!

Os rostos carregados, seríssimos, demonstrando a gravidade do momento, seja ela qual for, ressaltam daquela mensagem,  dando espaço para alimentar uma fértil imaginação.

Naquele preciso momento, era capaz de me arrepiar com o som das putativas marchas, guiadas por artoches, por entre, bigodes minúsculos carregados de testosterona primária.

Assim, deixo aqui o meu conselho:

Sorriam...

Por favor!

Nem que seja, para não me arrepiar a imaginação.

Só mais uma sugestão:

Um cartaz na Almirante Reis, perto do antigo cinema Império, para estarem mais perto daqueles que juraram apoio ao "vosso" tão querido líder...

Jair Bolsonaro.

Adoro as contradições populistas de quem a tudo se amarra, para simplesmente continuar a odiar.

Até mais...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

22.11.18

 

Chuva molhada que cai melodiosa, numa esplendorosa forma de poesia...

Mas o velho chora.

Enquanto cai e torna a cair, essa chuva abençoada parece transformar-se nas lágrimas poéticas, de um qualquer "divino" Deus...

Mas continua o velho a chorar.

Do lado de dentro da janela parece bela a pequena miragem, qual aguarela em forma de canção, tendo os pingos da chuva como o batuque de um tambor...

E só o velho chora.

Os trovões e raios chegam de soslaio, encantando o céu, amarrando sem véu a esperança de um poeta.

Porque, tanto, chora o velho?

De encontro à janela, onde se escondem os curiosos olhos, teus, desaparecem os pedaços de água que atrevidamente despencam desse céu, calado, envergonhado, desesperadamente desesperado por dar lógica a tamanhas interrogações...

Quem sois?

Quem foste tu, triste velho?

Continua a chover, talvez sem saber que molhado fica aquele rosto, marcado, enrugado, enregelado, estremecido por tantas memórias, contidas histórias, traços e feridas de um tempo. 

Esse tempo correu...

Findou.

Mas com ele regressou um singelo vento, apressando o presente rumo ao futuro, tornando ausente esse mesmo presente, agora passado.

Esse velho ficou lá atrás...

Perdido nas linhas e traços de textos que outrora foram vida, que se foram embora sem esperar.

Esse velho sou eu...

Ou o que sobrou, do que outrora fui.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

20.11.18

 

Sentado à Beira-mar, com essa imensidão diante de mim, escondendo os meus pés na areia molhada...

O escurecer vespertino que convida a nostalgia, numa dança imperfeita, que se entrelaça com a perfeita perfeição de um leve imaginar.

O mar vai e vem, regressa e se afasta, se aproxima e se distancia, abraçando intermitentemente a minha alma.

Na areia escrevo desconexamente palavras ao acaso, num sentido partilhar de algo que nem eu sei...

Fecho os olhos e deixo avivar os sons que parecem se libertar em mim, através da gigantesca força daquele mar azul.

Sou tão pequeno...

Tão insignificante parece ser um destino, por entre, o turbilhão  de vidas que se escapam na bruma das ondas, por entre esse encontro de passados e futuros...

Por entre este presente que é agora...

Só agora.

E já passou...

Se escapou, eternamente, sem regressar.

Mas naquele ondular primaveril se acalma a alma, se enternece o olhar, amacia o coração, cansado de amarguras, desventuras, agruras que se pintam nos céus.

Seria tão mais fácil, se por um instante, o tempo parasse e num momento, em cada regresso das ondas, pudéssemos escolher para a eternidade, aquele segundo, onde por ventura, fomos verdadeiramente felizes.

Talvez por isso, aqui volte sempre...

Sempre.

Esperando escolher esse momento, essa misteriosa vontade de não ter mais saudade...

Ou tendo, sacia-la de uma vez, amarra-la definitivamente e não mais chorar, misturando as minhas lágrimas nesse mar salgado que insiste em chegar.

Todas as lágrimas do mundo nessa imensidão de água a meus pés.

A meus pés...

Parte de mim.

Levantei-me...

Caminhei de volta para a realidade, para o mundo onde não cabem os sonhos, os pequenos contos de criança.

Caminhei, sabendo que ali voltaria, como sempre, carregado de uma desesperançada esperança, de me entrelaçar com essa eternidade perdida...

Perdidamente repleta de reencontrados reencontros, de anseios e planos, amores e danos, memoráveis sonhos ou recordações.

E a cada passo...

Me afasto desse regaço ou abraço, somente entregue à doce imaginação de cada espaço, em cada letra, por cada palavra, de cada linha.

No mar ou pelos recantos do coração.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

20.11.18

 

 

 

Nas asas da imaginação;

Se esconde o verdadeiro,

Pedaço de sedução,

Que se torna primeiro,

Amarrado à emoção,

Desse beijo derradeiro...

 

Nas asas do vento;

São levadas memórias,

Dores e sofrimentos,

Esquecidas histórias,

Desventurados tormentos...

 

Nas asas da vida;

Se coleccionam páginas,

Por vezes, carregadas de feridas,

Por outras, despojadas de tudo...

 

Nas asas de um texto;

Se vão perdendo lágrimas desencontradas,

Vozes soletradas,

Pedaços de uma canção...

 

Nas asas...

 

 

 

 

19.11.18

 

 

 

Sabes bem;

Que é eterno,

Mesmo que a dor,

Não me permita dizer,

Que é fraterno,

Mesmo que não o possa escrever,

Que é  desmedido,

Esse sentir que não cabe numa poesia...

 

Sabes que pincelado num quadro;

No fundo de um corredor,

Se escondem as lágrimas perdidas,

 Dolorosamente esquecidas,

Nessa entrelaçada ferida,

De uma vida...

 

Sabes bem;

Que aqui estarei,

Como sempre...

 

Para sempre.

 

 

 

 

 

 

 

 

17.11.18

 

As novas imagens de Alcochete, passadas na televisão Portuguesa, demonstram o Caos e a vergonha ali ocorrida.

Um pedaço de horror e vandalismo, um exército às ordens de um déspota descontrolado, dando voz a um projecto pessoal de poder.

Tudo fica um pouco mais desnudado...

A violência do acto, o desespero de Jorge Jesus, a manada descontrolada, a conspiração apoiada por Bruno Jacinto.

Um dia, há tempos atrás, ainda Herr Bruno controlava o clube a seu belo prazer, comentava neste blogue, os tiques autoritários desse seu líder, assim como, dessa milícia que ameaçava cumprir as vontades do tresloucado ditador.

Apelidei-os de "Gestapo" ou "Juventude Hitleriana", para revolta de alguns que hoje parecem ter sido, toda a vida, opositores de Bruno.

É assim a vida, dos contorcionistas de carácter...

Não me restam dúvidas que o meu Clube está impregnado deste tipo de "gentalha", mentes pequenas, incapazes de fazer a diferença pela positiva.

O Sporting é, enfim, mais do que autofágico...

É uma contradição permanente.

Que tristeza.

No meio disto tudo, não posso deixar de escrever, uma palavra para Jorge Jesus:

Obrigado pela lição  de coragem, de liderança...

Não pelos treinos ou pelo futebol jogado, mas pelas imagens que me marcarão eternamente, por olhar nos olhos dos agressores, pelo apontar de dedo, pela forma destemida e exemplar como se ergue contra os boçais amestrados que invadiram Alcochete.

Para mim, esse gesto vale mais do que um golo ou de que um título.

Isso representa a essência da vida.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

16.11.18

 

Tenho de admitir que, esta manhã, me assustei...

As noticias davam conta do regresso do IRA, em força, com novos desenvolvimentos e até com uma Portuguesa, como um dos seus principais rostos.

Meu Deus!

Isto deve estar relacionado com este acordo para o Brexit, a suposta fronteira entre as duas Irlandas ou a falta dela...

"Esta Portuguesa, deve ser Luso-Descendente." Pensava inquieto e ainda ensonado, estupefacto em frente da televisão.

Encapuçados, em pose ameaçadora, capazes de enfrentar o mundo pelas suas convicções, estilo Daesh...

Que horror!

No entanto, num singelo momento, algo em mim se questionou:

Mas o que faz um cão, pincelado, naquele pano aterrorizador por detrás dos supostos terroristas?

Que estranho!

Começo lentamente a despertar e também  o meu cérebro dá sinais de querer raciocinar...

Pan?

Cãezinhos?

Foi então  que me apercebi...

Terrorismo à Portuguesa, carregado de estranhezas, inusitadas ligações e perturbadoras formas de contestação.

Escrevam o que vos digo:

Qualquer dia teremos um Canídeo na Assembleia da República, como Deputado da Nação, tal o ponto a que já chegámos.

E o pior...

É que deverá fazer melhor trabalho do que alguns Senhores que por lá andam.

Pois para isso, bastará aparecer...

Sem faltas.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

16.11.18

 

Mais um dia de discussão judicial, de televisão em televisão, de parangona em parangona, de comentador em comentador, de estupidez em estupidez.

Do Bruno culpado, preso definitivamente, passámos para o inocente, libertado em nome de uma justiça popular que se verbaliza sem dentes, com ranho e postiços, num qualquer microfone à porta de um tribunal.

Mas enfim...

Nada faz sentido.

Deixando de lado as minhas convicções, sobre os "acusados", pois a justiça não deve compactuar com convicções populares, muito menos transforma-las em sentenças, importa realçar a minha perplexidade com o andamento dos dias...

Destes dias em que a "novela" Bruno e o atrelado Mustafá, se tornou o assunto mais falado cá do sítio.

A decisão de prender Bruno de Carvalho durante cinco dias, para que este prestasse depoimento, tem tanto de absurdo como de arbitrário, uma manifestação de um poder judicial bacoco, prepotente e autoritário.

Quer ouvir?

Convoque...

Notifique e só em casos excepcionais detenha, prive da liberdade aqueles que gozam da presunção de inocência, ainda para mais, quando nem acusados se encontram.

É o mínimo.

Mas para tornar tudo mais inusitado, atentemos ao despacho que decretou a liberdade daqueles dois arguidos:

O Juiz considera que Bruno e Mustafá podem, em liberdade, perturbar o processo...

Mesmo assim liberta e não proíbe o contacto entre arguidos.

Considera ainda que existe perigo de fuga...

Mas não apreende os seus passaportes.

Esta deliberação alerta, ainda, para a possível e grave perturbação da ordem pública...

E mesmo assim não impede ou limita a acção dos mesmos, em determinados locais públicos.

Mustafá, esteve nesta mesma noite, no Pavilhão  do Sporting, a ver um jogo de Futsal.

Por fim...

O Juiz salienta, de forma veemente, a indiferença dos arguidos diante do sofrimento causado às vitimas deste processo, fazendo assim, um perturbador julgamento que deixa antever o seu pensamento.

E mesmo assim...

Liberta.

São estas contradições que perturbam um leigo cidadão, como eu, num confuso jogo de palavras e intenções que mais uma vez desmerecem a "Justiça".

A decisão da Magistrada Pública, de supostamente, recorrer desta libertação, divulgada em alguns canais de televisão, demonstra o descrédito que anteriormente descrevi, numa entrelaçada promiscuidade entre o poder judicial e o "mundo" jornalístico que corrói  desmedidamente o digno "julgamento" democrático.

O singelo direito de todo cidadão, ambicionar um justo tratamento entre a acusação e a defesa.

Mas assim prossegue a dita Justiça, sem nexo ou sentido.

De uma coisa tenho a certeza:

Nem Bruno se tornou "culpado" no dia em que foi detido, nem se tornou "inocente" por não ter ficado preso preventivamente.

Quanto às descontroladas convicções...

É esperar pela próxima porta de um Tribunal.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

15.11.18

 

 

 

Oiço uma canção no ouvido;

As palavras de um poeta,

Nessa mágoa em cada esquina,

Ardor ou dilema,

Pedaço de ferida,

Perdido em meu poema...

 

Num abismo;

Cavado, por entre, lágrimas,

Poesia ou sismo,

No meu desmedido coração...

 

E batendo timidamente;

A cada passo solitário,

Vai sonhando cinicamente,

Com esse futuro,

Que não chegará...

 

Mas valerá a pena;

Amor...

 

Valerá sempre a pena;

Sonhar sem adormecer,

Abraçar nessa terna despedida,

O leve esmorecer,

Da alma...

 

Ténue morrer;

Num imenso viver,

Que recusarei esquecer,

Por entre...

 

Cada beijo teu.

 

 

 

 

 

 

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