Mais um dia de discussão judicial, de televisão em televisão, de parangona em parangona, de comentador em comentador, de estupidez em estupidez.
Do Bruno culpado, preso definitivamente, passámos para o inocente, libertado em nome de uma justiça popular que se verbaliza sem dentes, com ranho e postiços, num qualquer microfone à porta de um tribunal.
Mas enfim...
Nada faz sentido.
Deixando de lado as minhas convicções, sobre os "acusados", pois a justiça não deve compactuar com convicções populares, muito menos transforma-las em sentenças, importa realçar a minha perplexidade com o andamento dos dias...
Destes dias em que a "novela" Bruno e o atrelado Mustafá, se tornou o assunto mais falado cá do sítio.
A decisão de prender Bruno de Carvalho durante cinco dias, para que este prestasse depoimento, tem tanto de absurdo como de arbitrário, uma manifestação de um poder judicial bacoco, prepotente e autoritário.
Quer ouvir?
Convoque...
Notifique e só em casos excepcionais detenha, prive da liberdade aqueles que gozam da presunção de inocência, ainda para mais, quando nem acusados se encontram.
É o mínimo.
Mas para tornar tudo mais inusitado, atentemos ao despacho que decretou a liberdade daqueles dois arguidos:
O Juiz considera que Bruno e Mustafá podem, em liberdade, perturbar o processo...
Mesmo assim liberta e não proíbe o contacto entre arguidos.
Considera ainda que existe perigo de fuga...
Mas não apreende os seus passaportes.
Esta deliberação alerta, ainda, para a possível e grave perturbação da ordem pública...
E mesmo assim não impede ou limita a acção dos mesmos, em determinados locais públicos.
Mustafá, esteve nesta mesma noite, no Pavilhão do Sporting, a ver um jogo de Futsal.
Por fim...
O Juiz salienta, de forma veemente, a indiferença dos arguidos diante do sofrimento causado às vitimas deste processo, fazendo assim, um perturbador julgamento que deixa antever o seu pensamento.
E mesmo assim...
Liberta.
São estas contradições que perturbam um leigo cidadão, como eu, num confuso jogo de palavras e intenções que mais uma vez desmerecem a "Justiça".
A decisão da Magistrada Pública, de supostamente, recorrer desta libertação, divulgada em alguns canais de televisão, demonstra o descrédito que anteriormente descrevi, numa entrelaçada promiscuidade entre o poder judicial e o "mundo" jornalístico que corrói desmedidamente o digno "julgamento" democrático.
O singelo direito de todo cidadão, ambicionar um justo tratamento entre a acusação e a defesa.
Mas assim prossegue a dita Justiça, sem nexo ou sentido.
De uma coisa tenho a certeza:
Nem Bruno se tornou "culpado" no dia em que foi detido, nem se tornou "inocente" por não ter ficado preso preventivamente.
Quanto às descontroladas convicções...
É esperar pela próxima porta de um Tribunal.
Filipe Vaz Correia