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Caneca de Letras

31.10.18

 

 

 

Não tenhas medo;

Mesmo que o mundo escureça,

Que o sol se acobarde,

Os gritos se acumulem,

Os dedos te apontem,

As vozes se intensifiquem...

 

Mesmo que se aperte o cerco;

O preconceito desmedido,

Mesmo que tudo isso,

Seja verdade...

 

Não tenhas medo;

De olhar para o futuro,

Com esperança...

 

Pois só cedendo;

O medo te vencerá.

 

 

 

 

 

31.10.18

 

Sérgio Moro poderá ser o novo Ministro da Justiça do Brasil, no futuro Governo de Jair Bolsonaro...

Este é o problema dos Juízes Providenciais, a sua incapacidade para resistirem aos holofotes da fama, a mesma que os transforma em Super-Heróis, cidadãos acima de qualquer outro.

Verificou-se isso mesmo na Itália dos anos 90, nesse folhetim pós Giulio Andreotti e que levou à implosão de todo o sistema político Italiano, incapaz de se regenerar, amarrado a populistas sem fim...

De Berlusconi a Salvini.

Este tipo de Juízes, acima da própria Justiça, não resistem à sedução de uma entrevista, às capas de uma revista, a uma promiscua relação com a imprensa, com o intuito de salvaguardar a sua verdade, como escritura incontestável...

Ou seja, o dogma justicialista que tanto embevece as Sociedades feridas, de um conceito de igualdade Judicial.

Em Portugal, também podemos encontrar casos similares, com consequências menores, graças a Deus, mas que em tudo se assemelham.

Atentemos às fugas ao segredo de Justiça, às entrevistas morais de alguns Juízes, ao longo do tempo, recordando-me en passant de dois...

Um mais antigo, outro mais recente.

O que este tipo de Justiça, sem venda nem balança, perfumada, com rímel e pinceladas de vaidade, aporta à Democracia, é um perigo desmedido de julgamentos em praça publica, incapazes de equilibrar a noção de acusação vs defesa.

Com o passar do tempo descredibiliza-se a Democracia, a Justiça e dinamitam-se os alicerces que permitem a sã convivência em Sociedade.

Moro deveria, na minha opinião, manter-se no seu papel de Juiz, continuando o seu trabalho na Lava-Jato, afastando assim a ideia de promiscuidade, justificada, entre esses processos e o sistema político.

A bem do regime.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

30.10.18

 

A queridíssima Isabel Moreira foi apanhada, em pleno debate orçamental, a pintar as suas unhas...

A senhora Deputada, certamente, aborrecida com essa maçada de números e alíneas, não conseguiu conter a imperiosa necessidade de embelezar as suas mãos.

Digamos que este assunto, poderia até estar englobado na categoria do processo orçamental, pois trata-se de uma clara poupança, em contraponto, com a despesa que a Deputada irá deixar de gastar num qualquer cabeleireiro.

Logo, estamos diante de uma elementar poupança.

No entanto, não posso deixar de alertar para o facto desta imagem, de certeza injusta, poder contribuir para o retrato popular de que os deputados nada fazem, ou seja, estão ali somente para alimentarem a trica partidária, sendo para isso bem remunerados.

A queridíssima Isabel, sempre pronta para fazer juízos de valor ou moralistas sobre os outros, vê aqui colocado em causa o seu empenhamento, enquanto, Deputada da Nação...

Esta Nação que, levemente, sorri ao olhar para o patético retrato da nossa "Isabelinha".

Mas enfim...

Uma pequena "balda" parlamentar, apanhada pela lente de um fotógrafo, por entre, o tratamento das suas belas "Nails"...

Que triste figura.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

29.10.18

 

A Direita Brasileira morreu?

Esta pergunta é a que mais me inquieta quando olho para o espectro Partidário no Brasil, seja, por ser essa a minha base de partida, seja, por acreditar piamente que sem uma Direita capaz, forte e interventiva não se poderá esperar uma alternativa Democrática saudável.

Muitas foram as razões para as pessoas votarem em Jair Bolsonaro, nenhuma delas, do meu ponto de vista, aceitável, tendo em conta o discurso e a forma escolhida por tão populista candidato...

Porém, convém aprender com os erros e certamente enxergar para além da Insegurança, Corrupção e afins que marcam as justificativas que se ouvem, por estes dias, para catalogar este fenómeno.

Não menosprezando todos esses argumentos, antes pelo contrário, as causas para tamanho terramoto político no Brasil, prendem-se, também, com o desaparecimento de figuras credíveis, dentro do espaço do Centro-Direita Brasileiro, alternativas capazes de se apresentarem como uma esperança ao eleitor, uma esperança moderada, capaz de encontrar e oferecer um rumo, baseado em políticas credíveis e seguras.

Aécio Neves, ficou a poucos pontos percentuais de Dilma Rossef, nas últimas eleições, fazendo todo o sentido que ele ou alguém do PSDB, pudesse aparecer como alternativa neste processo eleitoral, retirando espaço e reduzindo as hipóteses do surgimento de um qualquer populista "salvador da pátria".

O problema é que durante o processo Lava-Jato, destituição de Dilma Rossef, a Direita Tradicional Brasileira cometeu o seu Hara-Kiri particular, ou seja, suicidou a sua credibilidade ao mesmo tempo que o PT, extrema esquerda, implodia.

Todo o sistema Partidário Brasileiro explodiu, levando com ele os alicerces fundamentais de um Estado de Direito, que servem para o salvaguardar de pseudos milagreiros com soluções Bíblicas como programa político.

Sendo assim e entregues ao seu desespero, muitos Brasileiros, acreditaram que só uma solução extrema os poderia salvar, desse lamaçal que se havia transformado o seu planeta político.

Nestes tempos de radicalização, somente Sociedades com Instituições fortes e educacionalmente preparadas, conseguem sobreviver e não sucumbir, diante da mirifica imagem do "homem" providencial...

E o Brasil não sobreviveu.

Podemos encontrar diversos culpados para esse passado que guiou os destinos da Nação até esse lugar, meio sombrio, com laivos de "Inquisição", no entanto, penso ser melhor olhar para o Futuro e tentar vislumbrar uma solução que possa se apresentar como a alternativa, para esse amanhã que se espera chegar...

E esse caminho não será feito com o PT, com esse pedaço de Lula da Silva, submerso em corrupção e escândalos.

Por isso é urgente que a Direita Brasileira se afaste de Bolsonaro, assim como, do PT e busque criar uma esperança alternativa, como novo Rumo deste Brasil...

Com tradição, conservadora, economicamente pujante e reformadora do Estado Social e Educacional...

Mas sempre com respeito pelos Direitos Humanos, abraçando a "modernidade" de valores, como um bem adquirido da Civilização.

Boa sorte...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

29.10.18

 

Jair Bolsonaro venceu as eleições, sendo assim, o 38º Presidente do Brasil...

E quem perdeu?

Quem perdeu foi esse Brasil que aprendi a amar.

Venceu a intolerância, a misoginia, a homofobia, o racismo, o autoritarismo, a boçalidade, o preconceito em geral...

Venceu também o "Deus" de Bolsonaro e a sua Bíblia em primeiro lugar.

Em segundo lugar a suposta Constituição que ao seu lado se encontrava, no discurso de vitória, certamente, estripada de algumas páginas fundamentais e a Biografia de Churchill...

Ali estava a Biografia daquele que lutou contra o Nazismo.

Haja "Sacrilégio".

Se a virada tivesse ocorrido, venceria a corrupção, a demagogia de esquerda que tomou conta, durante mais de uma década, do Brasil.

Venceria a suspeita de uma impunidade que poderia salvar Lula da Silva, um passado demagogo, principal responsável pela eleição do senhor Bolsonaro.

Essencialmente venceu o Caos, nestas eleições do Brasil, pois se nada irá ficar igual, depois da eleição de Jair Bolsonaro, também não tenho dúvidas que quem nele hoje votou, lhe irá exigir, de forma intolerante, os demagógicos resultados que tanto prometeu.

"Deus", "Deus" e "Deus", denominador comum nos discursos do novo Presidente Brasileiro, entrou definitivamente na política Brasileira, elevando assim para um patamar transcendental esse destino de uma Nação.

Nas ruas, estarão plasmados os rostos de um Brasil em ferida, num caminho de espinhos tropicais que não irá ter recuo.

O Brasil suicidou-se, amarrado a um discurso agressivo e trauliteiro, preso por entre corruptos e intolerantes.

Sobra-me, assim, a tristeza por esses PSDB, PDT e outros tantos partidos, que ao longo do tempo se demitiram do seu papel político, em nome de interesses maiores...

Maiores do que o País, do destino e do futuro.

E agora lidarão com as populistas consequências dos seus desmandos.

No Brasil não existirá Direita ou Esquerda, mas sim Bolsonaro ou o Anti-Bolsonaro, o mito ou os seus detractores.

O Caos acabará por chegar, com essa intolerância descrita em cada discurso, em cada pedaço de pensamento, de uma maioria desesperada por um Brasil maior.

Este Brasil que zurze por justiça...

Justiça moral e religiosa como garante do seu pensamento, enquanto, Sociedade.

O caos como modo de vida.

E o Caos...

Nunca é boa escolha.

 

 

 Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

28.10.18

 

Estive no Pingo Doce do Campo Pequeno, num dia que era, desconhecia eu, marcado por um reencontro...

O de Marco Paulo com as suas admiradoras.

E como elas estavam belas, sexagenárias de cachecol ao pescoço, nele inscrito MARCO PAULO, enquanto aguardavam ansiosas pelo começo desse sonho.

O Pingo Doce parecia pequeno para tantas "meninas", de cabelos brancos, sonhando com essa vida de há trinta anos atrás...

Seria isso?

Aquela empolgação...

Aquele fervor que parecia cintilar no olhar daquelas pessoas, seria em parte uma certa inquietação por um reencontro, com um passado que lhes deve ter deixado incalculáveis saudades...

Seria isso?

Talvez...

Até eu, a determinado momento, vendo a tamanha empolgação naqueles corredores e elevadores, recuei décadas, até aos dias da minha meninice, trauteando timidamente...

" Eu Tenho Dois Amores", a minha primeira canção, a par de "Calhambeque" e "Chico Fininho".

Os tempos mudam, os anos passam, no entanto, existem momentos que sobrevivem, recordações que se bastam, pessoas que nos marcam...

E Marco Paulo, marcou imensa gente.

Grande artista.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

27.10.18

 

 

 

Não tenho com quem falar;

Nesta constante gritaria,

Nesse estranho esvoaçar,

De um extremo para o outro...

 

Gritos e mais gritos;

Olhares aflitos,

Sinónimos malditos,

Neste mundo em que habito...

 

Braços no ar;

Ódio a vociferar,

Ameaças a chegar,

Sem parar...

 

E o moderado;

Do outro lado da estrada,

Mudo...

 

Ensurdecido;

Esmagado por entre a multidão,

Caminhando para o abismo,

Desesperada escuridão...

 

Gritos e mais gritos;

De um lado e do outro,

Num constante absurdo,

De um mundo em desconstrução...

 

Já não grito;

Já não sonho,

Já não fujo...

 

Só observo desencantado.

 

 

26.10.18

 

De vez em quando surpreendo-me com descobertas que me amarram, se aproximam e me entrelaçam na voz, na letra ou simplesmente na mera ausência de nexo...

Arte ou simplesmente um reencontro da alma com a imperfeita busca pela musicalidade do tempo.

Já escrevi, en passant, sobre ele...

Mas não posso deixar de partilhar convosco, este mero gosto de repetir uma canção, um sonoro encantamento enquanto escrevo um poema ou simplesmente um ténue sorriso, levemente perdido, por entre, a desmedida vontade de ouvir...

Ouvir.

Descobri Tim Bernardes no seu álbum Recomeçar, uma espécie de arrebatador sentido que se mistura, por entre, a busca poética e a indisfarçável insatisfação da musicalidade.

Ouçam...

" No corcovado quem abre os braços sou eu, Copacabana essa semana o mar sou eu, E as borboletas do que fui pousam demais, Por entre as flores do asfalto em que tu vais, E as paralelas dos pneus n'água das ruas, São duas estradas nuas, Em que foges do que é teu..."

Somente a genialidade de Belchior, na canção Paralelas, amarrada no piano e na voz de Tim Bernardes.

Continuarei a caminhar, por entre,  esse Recomeçar que na minha alma soa a Descobrir...

Viva a poesia Lusófona, encantadora forma de amar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

26.10.18

 

 

 

Quanto mais chega a certeza;

Mais incerto me encontro...

 

Quanto mais me assoma a recordação;

Mais receio tenho em esquecer...

 

Quanto mais palpita o coração;

Mais se entrelaça o perder...

 

Quanto mais o tempo passa;

Mais se amarra a solidão...

 

Quanto mais balança o vento;

Mais aumenta a sensação...

 

Quanto mais o jamais;

Esse jamais maior,

Se torna insistente,

Definidor...

 

Mais relevante se tornará;

O desvio poético,

De um esquecido querer.

 

 

 

 

 

 

 

25.10.18

 

Mais uma manifestação de Policias na escadaria da Assembleia da Republica, um retrato de vergonha que repete o cenário de 2013.

Observar Polícias em protesto, sem farda, derrubando barreiras, empurrando colegas de serviço, provocando desacatos e desordem publica, deixa uma imagem confusa no cidadão comum...

Será que haveria a mesma tolerância se a Manifestação fosse outra?

Deixo bem claro que não sou adepto deste tipo de intervenção, assim como, do uso das greves como arma de arremesso às Políticas de um qualquer Governo...

Reconhecendo, porém, que este é um instrumento legal, permitido a qualquer ordem profissional, desde que cumprido dentro da ordem e do maior civismo.

Este tipo de atitudes, como a de esta noite, descredibiliza o protesto, centrando as atenções na parte cénica da coisa, mais do que nas razões que lhes assistem.

Um País que vê o seu Exército envolvido em roubos e encobrimentos, a sua Marinha perdendo munições enquanto se passeiam por uma qualquer estrada...

Faltava a Polícia para acrescentar um pedaço de ridículo, a esta espécie de teatro, repleto de uma triste comédia.

Mas o que fazer?

Dir-me-ão que estas pessoas têm o direito a protestar, de chamar as atenções para os problemas das suas profissões...

Claro que sim

Mas desta maneira?

As Forças Policias a comportarem-se como aqueles que muitas vezes devem prender?

A usarem o seu direito a comportarem-se como claques de futebol?

Se somarmos a isto, a greve dos Serviços Prisionais, não podemos deixar de nos inquietar com o estado em que se encontram as Forças de Segurança deste nosso Portugal.

Umas em Greve, outras em Manifestação e outras entretidas no seu cordel de incompetência.

Enfim, talvez seja melhor ligar para a Prosegur...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

  

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