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Caneca de Letras

26.10.18

 

De vez em quando surpreendo-me com descobertas que me amarram, se aproximam e me entrelaçam na voz, na letra ou simplesmente na mera ausência de nexo...

Arte ou simplesmente um reencontro da alma com a imperfeita busca pela musicalidade do tempo.

Já escrevi, en passant, sobre ele...

Mas não posso deixar de partilhar convosco, este mero gosto de repetir uma canção, um sonoro encantamento enquanto escrevo um poema ou simplesmente um ténue sorriso, levemente perdido, por entre, a desmedida vontade de ouvir...

Ouvir.

Descobri Tim Bernardes no seu álbum Recomeçar, uma espécie de arrebatador sentido que se mistura, por entre, a busca poética e a indisfarçável insatisfação da musicalidade.

Ouçam...

" No corcovado quem abre os braços sou eu, Copacabana essa semana o mar sou eu, E as borboletas do que fui pousam demais, Por entre as flores do asfalto em que tu vais, E as paralelas dos pneus n'água das ruas, São duas estradas nuas, Em que foges do que é teu..."

Somente a genialidade de Belchior, na canção Paralelas, amarrada no piano e na voz de Tim Bernardes.

Continuarei a caminhar, por entre,  esse Recomeçar que na minha alma soa a Descobrir...

Viva a poesia Lusófona, encantadora forma de amar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

26.10.18

 

 

 

Quanto mais chega a certeza;

Mais incerto me encontro...

 

Quanto mais me assoma a recordação;

Mais receio tenho em esquecer...

 

Quanto mais palpita o coração;

Mais se entrelaça o perder...

 

Quanto mais o tempo passa;

Mais se amarra a solidão...

 

Quanto mais balança o vento;

Mais aumenta a sensação...

 

Quanto mais o jamais;

Esse jamais maior,

Se torna insistente,

Definidor...

 

Mais relevante se tornará;

O desvio poético,

De um esquecido querer.

 

 

 

 

 

 

 

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