Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneca de Letras

Caneca de Letras

Esquecendo...

Filipe Vaz Correia, 30.03.18

 

 

 

Ao vento;

No meio do mar,

Vão sobrando as leves dores,

Do que um dia foi respirar,

Respirar sem fim...

 

Do que na alma existia;

Desse amor que batia,

De cada instante guardado,

Em nós...

 

Nesse nós;

Que era só meu,

Nesse olhar meio perdido,

Do que levemente se desvaneceu,

Desvanecendo ferido...

 

E de orgulho esventrado;

Coração magoado,

Vai se esbatendo o passado,

Outrora sincero...

 

Vou-te amar;

Amando eternamente,

Recordando para sempre,

O que importa esquecer...

 

Pois só esquecendo;

Poderei sobreviver,

A tamanho destino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Verdadeiro Sentido Da Palavra Gendarmerie...

Filipe Vaz Correia, 29.03.18

 

Arnaud Beltrame...

Um simples nome que prometo não esquecer, assim como, esse legado de um instante, marcadamente destemido, se eternizará por entre a memória de um País.

O enterro do Gendarmerie Francês que ousou trocar a sua vida com a de um refém, durante o atentado a um supermercado em Trèbes, silenciou por momentos o rebuliço quotidiano de uma França dos tempos modernos.

Neste fim esmagador, arrebatadora forma de nos recordar o heroísmo que resiste na essência Humana, subsiste esta tristeza inerente à morte.

Beltrame tombou às mãos de Radouane Lakdim, terrorista Islâmico de 25 anos, negando a capitulação diante da cobardia imensa, dando a sua vida para que outra pudesse continuar a viver...

Essa sobrevivente é Mãe de uma criança de dois anos.

Ao compreender a história, ao ler a tragédia, mais me arrepia o acto, o desesperante momento em que este simples homem, se tornou herói.

Emmanuel Macron prestou a sua Homenagem a este Gendarmerie, no pátio do Hotel des Invalides, transportando com ele todo o sentimento do povo Francês.

Por vezes estas histórias parecem escritas numa qualquer tela de um cinema, retiradas da amargura Humana, ficcionada, sem a carga irreversível de um destino...

No entanto, não foi assim.

Arnaud Beltrame morreu...

E o seu legado serve de lição para um mundo cada vez mais embrenhado na individualidade mesquinha, de um singelo olhar.

Até sempre Monsieur Beltrame...

Merci Beaucoup.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Quem Já Sofreu De Amor?

Filipe Vaz Correia, 28.03.18

 

Gritos e mais gritos, silêncios e mais nada, vozes sussurradas sem alma, despojadas de um querer desamparado.

Poética contradição, desesperada forma de expressar aquilo que se guarda no secreto recanto do Ser, dessa parte secreta que sendo discreta, não se cansa de sentir.

Palavras soltas, reflectindo tantas e tantas voltas imperfeitas, sabores e odores, ódios e amores, imprecisos no olhar.

Já não sei como escrever, sendo a escrita amargurada, já não sei como gritar, o tamanho grito envergonhado.

Não vou fugir, voar por entre o céu pejado de nuvens, as mesmas nuvens que servem de abrigo às lágrimas, que há muito me aprisionam...

Não quero fugir de um abraço, distante regaço, que já não me pertence.

Poderia escrever eternamente, mesmo que as palavras se tornassem ausentes e que as letras me brindassem com o vazio...

Mesmo que esse vazio fosse o único destino da minha alma.

Por vezes é difícil descrever a infinita dor de uma tristeza, tão grande tristeza, meio nobreza, de uma eterna separação...

Por vezes é difícil explicar ao coração, que esse sentir não passará de ardor, que aquele sofrer se tornará eternamente dor e que por fim...

Por fim a distancia será a constância desse viver.

Mas apenas isso se tornará...

Apenas esse momento ficará.

E vai passando o destino, se afastando o encontro, adiando o desencontro que não fugirá.

Restará cada segundo que valeu a pena, cada momento sem arrependimentos, cada pedaço sincero vivido...

Sem medo, sem receio, sem olhar para trás.

Sempre sorrindo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Soletradamente...

Filipe Vaz Correia, 27.03.18

 

Um dia bem distante, tão distante como as memórias que insistem em não regressar...

Nesse dia fui feliz.

Tão feliz que pareço não recordar, meio hesitante, não sabendo bem como expressar, esse desejo que se diluiu.

Houve um tempo onde nada mais existia, onde se perdia esta parte de mim que estando presente, se quedava ausente, na permanente vontade de te amar...

Mas tudo isso se perdeu, desvaneceu sem falar, calando insistentemente a tamanha querença de um bem maior.

Pois em cada sorriso teu, se perdeu esse olhar meu, que se perdendo por entre o tempo pareceu não parar...

Ou talvez se pudesse parar o tempo, mesmo sendo um qualquer segundo importante, nessa vontade tamanha de te querer.

Mas caindo a noite desperançada, sempre quieta e calada, se apercebeu este coração meu, que renegado estava este inquieto amor...

Amor imenso, intranquilo, intenso e intemporal, destemidamente capaz de tudo enfrentar.

Só que chegada a inesperada dor, indescritível sofrimento, soletradamente descrito por cada palavra tua, foi escapando a pequena essência de tão precioso sentir.

E ficou aquele nada, despido de tudo mas carregado de vazio, de dor, de mágoa. 

Um dia, por mais anos que passem, voltarei a este texto, a estas palavras, para recordar um adeus que nunca desejei...

E continua a bater o estúpido coração, tentando esquecer o que tantas vezes ousou recordar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Despedaçadamente...

Filipe Vaz Correia, 24.03.18

 

 

 

Sussurro envergonhadamente;

Pois envergonhado me encontro,

Como sou intensamente,

Intenso desencontro,

Sussurrado...

 

Numa memória escrevinhada;

Reencontro imaginado,

Soletradamente aventurada,

Querer apaixonado...

 

Já partiu a velha imagem;

Que de tão velha se esqueceu,

Do que um dia foi miragem,

Dessa esperança que fugiu...

 

Escapou sem soletrar;

Cada palavra meio perdida,

Sem dizer ou gritar,

Aquele ardor,

Naquela ferida...

 

Vou continuar a caminhar;

Caminhando por entre as lágrimas,

Que escondo com pudor,

Para não mais sentir...

 

Vou continuar a caminhar;

Para não mais recordar,

Essa parte de ti,

Que tanto amei.

 

 

 

 

Pág. 1/7