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Caneca de Letras

Caneca de Letras

O Meu Querido Tio Jaime...

Filipe Vaz Correia, 28.02.18

 

Poderia ser em poesia, no entanto, sei que o Tio gosta mais que escreva em prosa...

Dia 27 de Fevereiro, noite adentro, chuva carregada, trazendo com ela a triste nova, que sendo esperada, desesperava a esperança que desesperançada sabia o que iria acontecer.

O meu Tio Jaime morreu...

Quem segue o Caneca de Letras, sabe que falamos do leitor número um do Caneca, do seu maior critico e apreciador, do mais querido dos amigos.

Em tempos escrevi no Caneca, um poema intitulado "O Meu Tio", que para mim o descreve inteiramente...

Entre as muitas palavras soltas por entre os versos dessa poesia, talvez amigo fosse a mais acertada, família tão apropriada.

Tantas e tantas palavras de carinho e estima que me aparecem na mente, nessa mesma mente carregada de memórias, histórias, sorrisos e sonoras gargalhadas, de momentos que não regressam.

Guardo em mim, não os últimos instantes, os dias mais sombrios e tristes, mas o olhar expressivo com que sempre me recebeu, o carinho que dele sempre tive, sem hesitações, quebras, meias palavras...

Com o Tio Jaime era assim.

Esta partida traz consigo uma nostalgia imensa, como se terminasse um ciclo, findasse uma Era, como bem expressava o meu querido Jaime Bessa, filho do Tio...

Talvez seja isso, Bessita.

No entanto, o que esta tristeza jamais irá conseguir, será diminuir a sua vida, o impacto que teve em cada uma das pessoas que com ele privou, dos amigos que fez, das memórias que perdurarão no tempo.

Nas minhas memórias, o Tio será eterno, como eterno será este carinho que por si tenho.

Obrigado por tudo, Tio Jaime...

"O Meu Tio Jaime!"

Um abraço grande.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Sem Ti...

Filipe Vaz Correia, 26.02.18

 

 

 

Poucas palavras;

Que possam descrever,

O que não pode ser descrito,

Silenciosamente querer,

Tamanho amor...

 

Porque tu;

Simplesmente tu...

 

És o pedaço de mim;

Que mais amo,

A parte de mim,

Que mais desejo,

Esse querer sem fim,

Que é amor...

 

És o bater da minha alma;

O expressar da minha emoção,

Pedaço de calma,

Que acalma o meu coração...

 

Pois sem ti;

Nada existe,

Nada importa,

Nada faz sentido...

 

Sem ti;

Se extingue a chama,

De uma vida.

 

 

 

Erasmus...

Filipe Vaz Correia, 26.02.18

 

A imensa distância de um País distante, redundância, da ausente presença de gente, ou melhor, rodeado por tanta gente que desconheço, que me desconhece e assim me faz sentir reconfortado...

Estranhamente reconfortante.

Nesta longínqua terra que jamais imaginei, encontro pedaços de céu, cristalinamente iluminados, onde se perde no horizonte a imaginação, polvilhada e intensa parte dessa infância, tão minha.

Deixei para trás as amarras que me prendiam, amarras descontroladas, abissais contradições cravadas em cada pedra...

Em cada rua, em cada esquina, a cada instante.

Não faz sol por aqui, não se desperta a manhã...

Só noite, sem luz, nem brilho, nem nada.

Só esse silêncio acompanhado da doce escuridão, seja dia ou não, seja alegria ou dor, descoberta ou despedida, valendo a pena ou em vão.

Seja o que for...

Esta ausência, desapegada forma de dizer adeus, permite o reencontro com o bater desse pensamento, que permite renovar, recriar, reescrever o que errado está no guião.

Permite esquecer o que se perdeu nas entrelinhas de uma história.

É essa a beleza da alma humana...

Essa esperança que não morre, mesmo que perdida por entre os fantasmas carregados de intensidade, de tempos enfim esquecidos mas que insistem em regressar, em se fazer presentes na ansiosa forma de viver.

Nos retratos que guardo, nessas imagens daqueles que amo, refugia-se a saudade que por vezes se intensifica, as lágrimas que escapam sem calar, as recordações...

As recordações, um dia, marcantes.

Nesta terra distante, rodeado de gente desconhecida, volto a ser feliz...

Volto a sorrir.

Escrevo mais uma linha, mais um desapegado pedaço de momentos, ainda não vividos, mas livres...

Com a imensa liberdade, própria, de um desabrido destino numa terra de ninguém.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Quero Correr...

Filipe Vaz Correia, 25.02.18

 

 

 

Quero correr;

Mundo a fora,

Desaparecer,

Sem demora,

Me esconder,

Nesta hora,

Esquecer,

E ir embora...

 

Quero correr;

Dar a volta ao mundo,

Deixar de chorar,

Nem que seja por um segundo,

Parar de recordar,

Esse ardor profundo,

Da tua ausência...

 

Quero correr;

Sem parar,

Sem parar de correr...

 

Quero correr o mundo inteiro;

E por um instante sentir,

Que irei viver,

Eternamente...

 

Eternamente;

Novamente.

 

 

 

 

 

 

 

Tela...

Filipe Vaz Correia, 24.02.18

 

 

 

Um traço pequeno;

Muito pequeno...

 

Um desenho improvisado;

Numa tela despida,

Um nada inacabado,

Esboço de ferida,

Num abraço apertado,

Memória revivida...

 

Já não estão presos os gemidos;

Os sonhos que foram aprisionados,

Gritos sofridos,

De outroras revisitados,

Vezes sem conta...

 

Tremem as mãos;

A caneta,

A alma,

A desajeitada forma de escrever...

 

Treme a triste alma;

E o seu medo maior;

Treme a triste alma,

Por entre o destino desassombrado...

 

E recomeça a viagem;

Num outro caminho,

Numa outra pintura,

Numa outra tela em branco.

 

 

 

 

 

 

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