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Caneca de Letras

Caneca de Letras

A Minha Aldeia!

Filipe Vaz Correia, 19.12.17

 

Não sou mais capaz de caminhar...

Estou cansado deste suplicio amargurado, caminho de espinhos com que soletro esta parte de mim silenciosa, esta parte de nós muda, pouco mudando do lado de fora deste mundo cinzento que insiste em me esmagar.

Já não correm as crianças na rua, já não existe ruído, nem rua...

As casas vazias, tão vazias que consigo ouvir o silêncio ruidoso, a solidão imensa, a imensidão descompassada que tomou conta de cada viela desta minha aldeia.

Já morreram os que anteriormente viveram, já sobraram poucos daqueles que antigamente sorriram.

A espera por tudo e por nada...

Esperando sem saber, por cada rosto que já não volta, por cada lágrima que não pára de correr, por cada pedaço desta memória que ainda em mim habita.

O espelho ali permanece, recordando-me cada ruga, cada cabelo branco, cada dor amargurada, de um futuro inquieto, cada pedaço desse passado que já não reconheço naquela imagem.

E o silencio...

Essa companhia maldita, que faz parte desse presente angustiado, solitariamente desencontrado.

Já não chove, já não faz sol...

Apenas sinto esse distante contraste, do que fui, do que fomos, do que marcadamente temo esquecer.

As chaminés sem fumo, as portas cerradas, as janelas fechadas, escombros desta aldeia cheia de alma, resquícios de vidas e vidas, desaparecidas.

Aqui me encontro...

Sozinho, sempre sozinho.

A lareira acesa, o papel e caneta, o café bem quente e o vazio...

Esse vazio que persegue esta velha parte de mim, esse silêncio que se apodera de tudo.

Da minha aldeia...

A minha solitária aldeia.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

Quem Descobriu Alan Ruiz?

Filipe Vaz Correia, 19.12.17

 

Alan Ruiz chegou ao fim da linha, no Sporting...

Parece que finalmente a estrutura Leonina, vem a terreiro admitir o falhanço de uma das contratações mais caras da história do Sporting Clube de Portugal.

Nunca me encantei por este jogador Argentino, para ser honesto, desesperei vezes sem conta...

Desesperei com a sua lentidão, com a sua inaptidão competitiva, com o seu desprendimento colectivo, com a falta de intensidade.

Alan Ruiz é o protótipo do jogador que ficou parado nos anos 70, talvez 80...

Numa época onde era possível um jogador, na sua posição, nº10, fazer uma carreira apenas com a vertente técnica, ou seja, poder mostrar a sua qualidade, em virtude dos espaços e do tempo que tinha para executar.

No Futebol moderno, essa posição não existe, esse espaço também não, esse tempo é escasso...

Nem com aquela equipa de um escalão menor, o Vilaverdense, Alan Ruiz encontrou tempo e espaço para desenvolver o seu jogo.

A paciência da SAD esgotou-se com um gesto irreflectido, um lançar do casaco para o relvado, na minha opinião, a paciência dos adeptos, há muito que se havia esgotado...

Naqueles primeiros jogos, onde qualquer leigo percebia que a bola poderia correr, mas que o jovem Alan, jamais teria ritmo para a alcançar.

Assim fica a pergunta que mais interessa fazer:

Quem descobriu tamanha pérola?

 

 

Filipe Vaz Correia