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Caneca de Letras

22.11.17

 

 

 

Não me persegue a velha chama;

Chamando por quem costumava chamar,

Desapegado chamamento,

Que ousava clamar,

Dentro de mim...

 

Não existe mais aqui dentro;

Aquele bater,

Que crescia por um momento,

Desejando viver,

A teu lado...

 

Não respira mais aquela dor;

Mistura de sabores,

Sedutor odor,

Perdido por entre amores,

Despedaçados...

 

E no centro da velha tela;

No meio daquelas lágrimas,

Se escondem as aguarelas,

Com que foi pintado,

O triste destino meu.

 

 

21.11.17

 

Nunca fui um grande admirador do Rui Santos e do seu programa "Tempo Extra", SIC Noticias...

Mais, recordo os tempos em que o jornalista em questão usava o seu programa, para atacar de maneira constante o Sporting Clube de Portugal e o seu treinador Paulo Bento, numa batalha sem quartel, o que vezes sem conta, me exasperava e irritava.

Tempos distantes e que por estes dias pouco reflectem, o que aqui irei escrever:

Nesta polémica, que corre por entre Facebook ou programas televisivos, entre o actual Presidente do Sporting e o Apresentador em questão, vejo-me tristemente envergonhado, pela maneira como uma vez mais se comporta, aquele que representa a História Leonina.

O comunicado de Bruno de Carvalho no seu Facebook, já não surpreende, nem no estilo, nem no linguajar, muito menos no aspecto truculento, empregado em cada virgula, a cada pedaço do seu desgarrado texto.

Rui Santos, que inicialmente até demonstrava apreço pela personagem, apelidou-o desta vez, de Rapazote Deslumbrado...

Ao contrário de outros, considero que foi simpático.

Bruno de Carvalho demonstra ser imensas coisas, na forma como trata o Clube, que parece actualmente ser sua propriedade, na maneira como se refere aos fantasmas, que em cada esquina o parecem perseguir...

Neste momento o Sporting encontra-se num dos períodos mais delicados da sua História, por muito que o queiram negar, pois o clube é refém de um regime Autocrático, submerso num gigantesco culto da personalidade, alimentado por um Rapazote Deslumbrado e por aqueles que fanaticamente o apoiam, tentando transformar qualquer voz que se lhe oponha, num representante de outro tempo, defensor daqueles que anteriormente representaram o Clube.

Este tipo de discurso, castrador do debate público, é encontrado sistematicamente em regimes ditatoriais, comandados repetidamente por Populistas e Demagogos, que acabam por defender as suas lideranças, no conceito primitivo do "Nós Versus Os Outros".

Na Venezuela, Nicolas Maduro utiliza o mesmo tipo de linguagem, da trauliteira verborreia para catalogar de Fascistas, aqueles que o contestam...

Deixo o legado Histórico da Venezuela para os Historiadores, sendo que desconheço qualquer influência do Regime de Mussolini, na política daquele País.

No entanto, vezes sem conta, repetem-se nesse tipo de liderança, os tiques de personalidade, de um imenso desencontro com a realidade, na busca por uma justificação que comprove a sua divina razão...

Nunca chegará, pois a realidade acaba sempre por esmagar, aqueles que por instantes pretendem reescrever a História, ou transforma-la no seu pedaço de auto-elogio.

Bruno de Carvalho vai tombando, sem ainda se aperceber, que porventura chegará o momento, em que lhe irão cobrar as torpes palavras, os insultos intra e fora de muros, os empregos dentro do clube que custam a compreender.

Assim, não vislumbro razão para tamanha contestação, às palavras de Rui Santos...

Rapazote Deslumbrado, foi um imenso elogio.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

21.11.17

 

Se eu estivesse a ler um livro chamado Angola?

Um livro de ficção...

Sempre de ficção.

Um livro repleto de noticias que todos os dias chegam de Luanda, com consecutivas exonerações, executadas por um novo Presidente Angolano...

Noticias essas, mais do que surpreendentes, deixavam no ar receios e interrogações, sonhos e esperanças, enfim ventos de mudança.

No entanto, imaginemos que nos seus primeiros 50 dias de mandato, esse novo Presidente desafia o legado recebido, mudando quase todas as chefias herdadas de um tal de José Eduardo dos Santos, inclusivamente os cargos onde se encontravam, os filhos deste...

Imaginem!

Cresce uma incógnita na história, que se adensa no capitulo em que nos encontramos:

O que fará o anterior detentor do poder, ou aqueles que estavam habituados a desfrutar desse poder?

Conhecendo as personagens, as características, as atitudes a que nos habituaram, ao longo do tempo, correrá perigo o novo protagonista?

Será que chegará ao fim da história, esta corajosa personagem?

Neste livro que estou ler, um homem improvável, um líder carregado de uma inesperada coragem, tenta resgatar o seu País de um longo e tenebroso sono, de um silencioso lamaçal corrupto e castrador...

Um homem que olha nos olhos dos seus e tenta que estes acreditem num novo caminho, numa nova esperança.

No entanto, temo que as próximas páginas, me tragam a reacção daquele que apesar de frágil, ainda deve ter poder suficiente, para tentar fazer desaparecer aquele que corajosamente foi capaz de limpar a podridão, há muito tempo, acumulada.

Temo tantas coisas...

Mas quanto mais leio, mais gosto do protagonista desta história:

João Lourenço.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

20.11.17

 

 

 

A noite volta a cair;

Depois do dia passar;

E volto eu a sentir,

O que há muito tento negar...

 

Voltam as paredes frias;

O silêncio ruidoso,

Voltam as mágoas vazias,

Passado doloroso...

 

Passado tão presente;

Que não consegue esconder,

O teu sorriso ausente,

Por entre este imenso doer...

 

E porque dói;

O que tantas vezes renego,

Porque corrói,

Este amor cego...

 

E porque cega;

Cegamente,

O que arde,

Ardentemente,

O que se perde,

Eternamente...

 

Eternamente;

Em mim.

 

 

 

 

 

19.11.17

 

Esta polémica envolvendo o actor Diogo Morgado, levou-me a querer escrever estas palavras em forma de desabafo, numa mistura de indignação e revolta...

Não é a primeira vez que me apetece escrever sobre esta espécie de Industria do ódio e da morte, que cresce por entre a Imprensa, numa corrida desenfreada por tiragens, por vendas, a qualquer preço, a qualquer custo.

As capas de certas revistas, de certos pseudo-jornais, sobre o estado de saúde do Salvador Sobral ou mais recentemente, sobre a doença do actor João Ricardo, envolvendo até o seu filho, deixaram-me imensamente chocado, demonstrando também, até onde estão dispostos a ir estes pasquins.

Os princípios e valores, estão completamente subjugados, em detrimento desta busca incessante pelas audiências ou tiragens, atingindo qualquer um, escrevendo o que for preciso, seja verdade ou mentira, seja vida ou morte.

São capazes de tudo, sem remorsos...

Sem olharem para trás.

Esta vergonha relacionada com a morte do Avô do Diogo Morgado, canalhice da autoria da Nova Gente, demonstra a imoralidade vigente, por entre certo tipo de "jornalistas" que se dispõem a tudo e que beneficiam da conivência daqueles, que continuadamente compram os seus "trabalhos".

Estas noticias alimentadas pelo lado negro da coscuvilhice alheia, são na génese a fonte que alimenta esses que buscam na lama, a chafurdice certa, visando a gratuita desgraça de outros.

Nunca mais me esquecerei de uma capa do National Enquirer com o actor Patrick Swayze, pouco tempo antes de este morrer, na parte de fora de uma loja de conveniência, denotando a fraqueza que já dele se apoderara.

Nessa capa, acompanhava a fotografia, um conjunto de letras, duas palavras:

The End.

Nunca mais me esqueci daquela barbárie, dessa espécie de ausência de consciência, da imensa vergonha por nada de Humano, ali estar presente.

Aquela capa, como tantas e tantas que vemos por aí, demonstram que estamos num tempo diferente, numa verdadeira anarquia selvática...

E nesta selva, reina o lixo jornalístico, capaz de tudo, para continuar a vender.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

18.11.17

 

 

 

Já amei;

E já perdi,

Já desconversei,

E sorri,

Já desmaiei;

Enquanto fugi,

Soletrei,

Parte de mim...

 

Já esqueci;

O que antes havia pressentido,

Já perdoei

O que havia perdido,

Libertei,

O que em mim havia doido...

 

Já escrevi vezes sem conta;

O que conta o meu coração,

Essa voz que se esconde,

Escondendo a ilusão,

Desse amor teu,

Por mim...

 

Desse amor teu;

Por mim.

 

 

16.11.17

 

Sempre que passo na Junqueira, sempre que ando por ali, deparo-me com uma parte desta tristeza, que intensamente me invade...

Andei no Rainha D. Amélia, em tempos distantes, longínquos e frenéticos, onde a porta daquele liceu parecia a entrada para um mundo sedutor que nos preenchia, fazia parte do nosso imaginário juvenil.

O Sr. Eusébio, sempre à porta, no meio de um rebuliço constante, por entre adolescentes sentados nos gradeamentos que ali se dispunham, por entre cigarros, namoros, conversas.

Admito que passei mais tempo no café Matinal, do que nas aulas com a Professora Lina da Paz ou o Professor Fiães...

Não me orgulho, mas não me arrependo.

O Rainha D. Amélia teve uma imensa importância em mim, na minha formação como pessoa, na maneira como vejo o mundo e como esse mundo que desconhecia, me tornou parte de si.

Nunca pensei que ao entrar para o Rainha, isso pudesse ser tão relevante no meu futuro, pois algumas das pessoas mais importantes que conheci na minha vida, devo-as ao facto de por ali ter passado, directa ou indirectamente, marcando assim, de maneira indiscutível, o meu percurso, o meu desencontrado destino.

Ao passar por aquelas portas, olhando para o ar abandonado com que actualmente se encontra, reencontro naquelas ruínas parte daqueles com quem privei, pequenas partes de mim.

Naquelas janelas fechadas, naquelas paredes a cair, vejo tristezas e sorrisos, memórias e histórias, conversas que ficaram perdidas num tempo, que já não volta...

Não se recupera.

O meu Rainha morreu, por entre a burocracia de um Estado negligente, sobrando a tristeza que insiste em me amarrar, sempre que pelas ruínas do Liceu passo, temendo também o dia em por lá veja, mais um qualquer Hotel...

Um outro espaço.

Um novo lugar, que esventre a memória, se imponha ao passado de milhares de almas, que durante décadas ali cresceram, sonharam, tentaram acreditar que era possível voar.

No meio dessas ruínas, encontra-se o meu obrigado, a todos aqueles que ajudaram a moldar o homem que hoje sou...

Professores, Continuas, Porteiros, Colegas, Amigos.

Tantas e tantas pessoas, que fizeram parte daquele mundo...

Um mundo em ruínas, mas que para sempre me pertencerá.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

15.11.17

 

 

 

Consigo sentir-te;

Discretamente distante,

Nas asas do vento,

Contando a história,

Que há muito,

Nos uniu...

 

Consigo vislumbrar,

Esses dias,

Ausentes pinturas,

De um tempo,

Perdido...

 

Consigo descrever;

Em cada palavra,

A dor e mágoa,

Que sobreviveu,

Por nós...

 

Consigo sorrir;

Mesmo querendo gritar,

Consigo fugir,

Querendo esperar,

Por ti...

 

Consigo tanta coisa;

Que não pensava conseguir,

Guardar dentro de mim,

Todas aquelas letras,

Que outrora,

Foram nossas...

 

Consigo;

Contigo!

 

 

 

 

15.11.17

 

Em África, os Deuses devem estar loucos...

Contrariando a lógica das coisas, de ditaduras, de ditadores reformados ou mesmo daqueles que estando no poder, já se ausentaram da sua própria personagem.

Nem queria acreditar, quando fui surpreendido com as noticias que chegavam de Harare, Zimbabué, de que Robert Mugabe, ou simplesmente o ditador Mugabe, estava detido em casa, acompanhado pela sua Mulher.

Noticias destas não são normais naquele Continente, principalmente em Regimes cristalizados, entrelaçados há muito, por entre manobras de poder e corruptos costumes...

Mugabe tem sido recordado após estas noticias pelos vários papeis que desempenhou, a sua luta pela Independência, o seus estudos na África do Sul, a sua proximidade em determinado momento do papel de Nelson Mandela, "Madiba" que nos perdoe, a sua intervenção no período pós-Independência e o consequente apaziguar de um País, juntando todos, num caminho que parecia de uma reconciliação...

Vários papeis, várias e diferentes memórias.

Recuso-me a participar nesses momentos de glória de um assassino, um perpetrador de genocídios, pois apesar de não negar esta sua participação Histórica, anteriormente descrita, a sua actuação e comando nos trágicos acontecimentos que levaram ao roubo e assassinato de várias famílias Zimbabweanas, Brancas, às mãos das suas milícias armadas, assim como a perseguição a todos os que a ele se opuseram, se sobrepõe a qualquer papel heróico, que possa ter tido.

Esse é o único legado de Mugabe que me interessa recordar, escrever:

O de um genocida.

Apesar de poucas informações circularem, sobre este alegado golpe, entretanto negado pelos militares, tenho de compreender as reservas daqueles que avançando com a deposição de um déspota, que há mais de 37 anos controla e governa o País, tentando certamente assim, repôr a ordem e a democracia, sem alarmismos e sem que a anarquia tome lugar nas ruas.

Um acto de coragem, que deverá ser analisado, para percebermos se realmente mudará ou não o destino daquele País.

No mesmo dia, noutro ponto de África anunciou-se a exoneração de Isabel dos Santos da Sonangol, que juntamente com um movimento de libertação de vários outros sectores do Estado, da omnipresente Família dos Santos e seus correligionários, dá a entender uma substancial alteração no "Modus Operandi", de um dos países mais ricos do mundo.

Será que João Lourenço conseguirá surpreender, todos aqueles que o julgavam uma marioneta?

Nos quais me incluo...

Rafael Marques, pessoa por quem tenho estima e admiração, pela denuncia e luta constantes contra o Regime opressor de Eduardo dos Santos, veio dizer que estamos perante o maior opositor de José Eduardo dos Santos e do seu temível Regime...

Será?

Será possível, que este homem tenha conseguido enganar todos os que dentro da cúpula do MPLA, acreditavam na continuidade?

Num dia, duas noticias que trazem esperança para um Continente há muito flagelado por ditaduras e déspotas, gente medíocre, capaz de sequestrar através de brutais meios de repressão, Povos que sendo na teoria livres, vivem em muitos casos, como escravos...

Escravos de uma Independência, que apenas chegou para os seus algozes, aqueles que os governam.

Assim, volto a escrever, descobriremos se em África, os Deuses estão mesmo loucos.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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