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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Assédio Ou A Brincar?

Filipe Vaz Correia, 23.11.17

 

Despediram Charlie Rose?

A sério...

Sinceramente acho que se está a confundir tudo, num misto de histeria colectiva e de reacção impulsiva que se transforma na mais pura e animalesca justiça popular.

Misturar casos como os de Kevin Spacey ou Harvey Weinstein, por exemplo, com os de Joseph Blatter ou de Dustin Hoffman, são em primeira instância uma ofensa para aquelas pessoas que foram verdadeiramente vitimas de violações e abusos sexuais...

Neste terreno frágil e sensível, não se deve misturar um crime condenável e repugnante, como aconteceu nos dois primeiros casos, com uma atitude moralmente condenável, mas a anos luz de ser um acto criminoso.

Não se confundam as coisas.

Reparemos o que se passa com Charlie Rose, jornalista de quem gosto há muitos anos e que aqui aparece acusado de vários actos, todos eles absolutamente brejeiros, estúpidos, ridículos, se assim quiserem...

Mas muito longe de serem crime, sendo que o próprio admitiu alguns daqueles actos mas jamais confirmou a autenticidade de todos eles.

E o que se fez?

O que fez a CBS?

Despediu um dos mais conceituados jornalistas da sua geração...

Esta espécie de histerismo a que todos os dias assistimos, descredibiliza os verdadeiros casos, onde mulheres e homens se tornam vitimas de violência sexual, com a conivência de uma sociedade que se presta ao papel de condenar veementemente tudo o que lhe aparece pela frente, sem ouvir, sem confirmar, sem verdadeiramente saber.

Hoje em dia, neste mundo mediático, um "Famoso", (parece-me essencial nestes casos esta condição) que tente seduzir alguém tem de ter muito cuidado, pois a linha entre o galanteio brejeiro e a violação tornou-se absolutamente ténue.

Convém aqui referir que não estou a querer defender os galanteios brejeiros, ou comentários impróprios, ou mesmo, um insinuante piscar de olhos...

Não!

Mas por favor, não me venham com a conversa de que tudo isto é crime...

Não, não é!

Misturar tudo é tão injusto para as vitimas, todas elas, as que sofreram violência sexual às mãos deste tipo de animais, assim como, aqueles que não tendo feito nada disso, são hipocritamente comparados, a esses mesmos animais.

Bem...

Vamos ver quem é acusado amanhã...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

Tem dias...

Filipe Vaz Correia, 23.11.17

 

A vida é misteriosa, assim como, misteriosa é por vezes esta imensa vontade, de aqui escrever.

Em desabafar palavras que se seguram, sentimentos que ouso guardar em mim, para mim...

Enfim, só em mim.

Tenho dias em que penso mais nas despedidas que tive com aqueles que mais me marcaram...

Tem dias assim.

Por razões e desatinos, recordo vezes sem conta Minha Mãe e  aquele sorriso que me acalentava, aquecia, trazia esse imenso amor que só ela me sabia dar.

Nada se compara a essa expressão maior...

Nada!

Um amor maior do que a extensa dimensão de um texto, do que a densidade descrita numa singela poesia, do que a incessante  busca por um encontro, entre o pensamento e a palavra.

Foi através de minha Mãe que herdei este gosto pela escrita, pela forma poética de expressar o que dentro da alma habita, seja em grito, em sussurro ou simplesmente em silêncio...

Num silencioso desejo de desabafar.

Tem dias em que a tristeza é maior, tem dias que não...

Tem dias em que me recordo mais desse instante final, outros dias em que tudo me traz o brilho, que sempre subsistiu em seu olhar.

Tem dias em que se esconde  a um canto, essa tristeza, sempre presente mas que se fingindo ausente, vai deixando a alegria voltar, o sorriso permanecer maior...

Tem dias que não, que essa tristeza se agiganta, volta a ser maior do que o bater da alma, regressando a dor, a invasiva e esmagadora dor.

Tem dias assim...

Mas no meio desses dias, pego numa caneta ou ligo o computador e aqui desabafo umas linhas, perco-me neste pedaço de mim.

Tem dias que sim...

Tem dias que não.

Mas essencialmente sobra a memória, a recordação constante de tantos e tantos dias passados, indescritíveis dias, que trazem consigo a imensa certeza...

De que valeu a pena.

Valeu sempre a pena.

 

 

Filipe Vaz Correia