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Caneca de Letras

Caneca de Letras

A Madrinha Do Professor Marcelo!

Filipe Vaz Correia, 12.11.17

 

Nunca pensei escrever isto:

Não lhe admito, Professor Marcelo!

Era o que faltava que falasse em meu nome num assunto desta sensibilidade, num misto de gravidade intrínseca do Ser versus a incredibilidade do pensamento, que se arrepia ao ouvir tais palavras.

Estava eu tranquilo da vida, num apoio intenso ao meu Presidente da República, numa admiração quase perfeita, de um reencontro com aquela Direita a que pertenço, quando sou confrontado com este gigantesco insulto:

"Maria Cavaco Silva é há mais de vinte anos, a Madrinha de todos os Portugueses."

Palavras ditas pelo actual Presidente da República e que me provocam uma imensa vontade de gritar:

Não!

Minha madrinha não é!

Eu permito que o Professor Marcelo enquanto Presidente de República, fale por mim nos mais variadíssimos assuntos, sejam eles a Soberania da Nação, a União Europeia, a influência de Portugal no mundo, se devemos ou não sair do Euro, se deveremos ou não invadir Marrocos...

Aceito tudo isso com gosto mas neste caso, com esta gravidade, nem pensar.

Aquela parolice, própria da Senhora em questão, sempre me irritou, aquele género omnipresente abanando a cabeça atrás do seu legitimo Esposo...

Abomino a palavra Esposo, mas não resisti, pois considero a neste caso, bem apropriada.

É Esposo, sim senhor!

Tudo em Maria Cavaco Silva me causa uma certa irritação, por isso pela primeira vez, desde há muito tempo, discordo imensamente do Professor Marcelo...

A quem com tanto carinho, chamo:

O meu Presidente da República.

Por fim, de todas as anteriores Primeiras-Damas, eleger Maria Cavaco Silva como Madrinha dos Portugueses, é no mínimo ridículo, pois mesmo que o critério seja o facto de estar viva, graças a Deus, ainda temos outra Primeira-Dama entre nós:

Manuela Eanes.

E convenhamos, neste caso, seria um  privilégio.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Até Os Mortos Quiseram Ir À Web Summit!

Filipe Vaz Correia, 12.11.17

 

A Web Summit marcou por estes dias, de maneira indelével, os discursos e as conversas, os media e as redes sociais, com uma agitação inerente a um evento desta dimensão.

Muitos resolveram cravar as suas parolas garras, não compreendendo um evento que através dos seus intervenientes, com palestras futuristas entre Humanos e Robôs ou através de temas importantes e decisivos, como as alterações climáticas ou as fake news, justificavam a tão destacada cobertura, assim como o excitamento sentido na Capital Portuguesa.

No entanto, como se isso não bastasse, até os mortos se quiseram juntar...

Não estamos a falar de mortos.

Estamos a falar de Mortos!

Mortos com letra grande, porque são os maiores da Nação, ou melhor alguns dos maiores, pois nem todos os maiores se encontram lá e nem todos os que por lá se encontram, são os maiores.

Bem...

Esta contestação boçalizada em torno de um jantar, é na minha modesta opinião, um certo egoísmo da parte de alguns hipócritas vivos, querendo retirar aos Mortos, mais uma vez com letra grande, o reencontro com alguns dos seus esquecidos gostos.

Eu se por acaso, tivesse o privilegio de ser um dos maiores, que não sou, nem serei, e estivesse ali no Panteão...

Esperem lá, para estar no Panteão, teria de morrer...

Lagarto, Lagarto, Lagarto!

Bem, se ali estivesse com Sophia, Garret, João de Deus, Carmona ou Aquilino, nada me faria mais sentido, do que este repasto, aos pés da minha tumba...

Ali perto.

Poder a minha triste alma,  sentir o rebuliço das gentes, apresentadas e aperaltadas, misturadas com o cheiro das carnes ou o tempero dos peixes, o cair do vinho, o evaporar de um copo de Whisky...

Como desejaria, mesmo tendo partido há muito, que me deixassem, de certa forma, participar nesta festa da Web Summit.

E atenção, que todos estes Mortos participaram como Voluntários, pois a renda do aluguer do espaço, vai certamente para os cofres do Estado, logo, para um sem fim de gastos Orçamentais.

Para terminar, meus caros amigos, dizer apenas que como é evidente estou a brincar um pouco com a situação, insólita e descabida, não venha por ai a Isabel Moreira aos saltos, gritando ao vento que aqui no Caneca de Letras, não se tem respeito pelos maiores da Nação.

Sou contra jantares no Panteão Nacional, pelo local em si, assim como sou contra qualquer tipo de aluguer deste espaço...

Considero que de todos os Monumentos Nacionais, que fazem parte dessa lista para aluguer e rentabilização, estes que servem de última morada,  para os nossos supostos Heróis, devem ser preservados a este tipo de negócio.

Posto isto, direi que tão culpado é o imbecil que se lembrou de incluir o Panteão Nacional nesta listagem, salvaguarde esta ou não, a possibilidade de rejeição por parte do Estado, como são incompetentes aqueles que após dois anos à frente de um Governo, ainda evocam a imbecilidade dos seus antecessores, para justificar a sua própria incompetência.

Os únicos que podem aqui ser ilibados, são os Mortos e o Paddy, sendo que este último até já pediu desculpa, por algo que na verdade, não tem culpa alguma.

E assim, até para o ano Web Summit, para mais um mundo de oportunidades e de criticas.

 

 

Filipe Vaz Correia