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Caneca de Letras

08.11.17

 

Um ano de Trump e o mundo resistiu...

O céu não desabou, nem eclodiu nenhum desastre nuclear...

Por enquanto.

Donald Trump inundou o planeta de tweets, de discursos desconexos, de falsas verdades, ou como se chamava no meu tempo, mentiras.

Trump trouxe ainda consigo, um discurso xenófobo, retrogrado, limitativo civilizacionalmente, ignorante de todos os outros pontos de vista...

Este é o homem que apoia a construção de um muro, numa Era em que a Globalização se esforça por quebrar barreiras, é a personagem que aposta na reindustrialização do carvão, algo séc.XIX, num tempo onde as alterações climáticas atingem a preocupação de todo o mundo civilizado.

Depois de um ano, é evidente que Donald Trump será nos dias que correm o Presidente Americano mais impopular de sempre, unindo até Ex-Presidentes Democratas e Republicanos na critica unânime, incapaz de aprovar muita da legislação populista a que se propôs, mesmo contando com maioria no Congresso.

Trump está muito para lá do simples aspecto de Esquerda/Direita, até porque na verdade, nos Estados Unidos não existe uma Esquerda, como existe na política Europeia.

O problema de Trump é a sua inexistente credibilidade, uma gigantesca impreparação para o Cargo, o que inevitavelmente lhe retira apoios, mesmo entre aqueles, que pertencem ao seu partido.

Donald Trump está ainda envolvido num sem número de suspeitas, envolvendo a sua campanha e a Rússia de Putin, que adensam as nuvens que sobrevoam este mandato.

Depois de tantas vezes aqui ter escrito sobre o que me separava de Trump, do discurso, do populismo inerente à figura, tenho que admitir que nada me horroriza mais, do que a boçalidade plasmada em cada palavra, em cada gesto, após cada encenação.

No entanto cá estamos...

Um ano depois de Trump ter chegado à Casa Branca,  surpreendentemente, todos vivos.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

08.11.17

 

 

 

As bombas ensurdeceram o meu sentir;

A dor emudeceu o meu carpir,

A mágoa escureceu esse intenso colorir,

Fugindo sem fugir...

 

O sangue pintou cada morte,

Cada desaparecer ensurdecedor,

Destino sem sorte,

Fétido fedor...

 

Cada olhar,

De uma vida vazia,

Intenso desesperar,

Dia após dia...

 

Ainda não fiz doze anos;

Nem sei se os farei,

Por entre feridas e danos,

Perdendo tantos que amei...

 

E continua a vida a correr;

A vida a correr,

E eu parado,

No meio deste meu eterno sofrimento.

 

 

 

08.11.17

 

Nem sou muito de escrever sobre este tipo de noticias, não gosto, não faz parte de mim...

No entanto, ao ver esta noticia de que a PSP tinha invadido o velório das pessoas que morreram vitimas deste surto de Legionella, não consegui deixar de pensar:

E se fosse comigo?

Se fosse a minha Mãe, que ali estivesse?

Uma vergonha, uma verdadeira vergonha de um Estado que expõe os seus cidadãos, num Hospital público ao risco de vida, e que mesmo após uma tragédia destas ocorrer, não tem o cuidado de garantir que este último instante é respeitado...

Pelo menos dignificado.

E se o fizessem com a minha Mãe...

Se sugerissem a retirar dali num saco plástico?

Meus caros amigos, nem consigo imaginar...

Nem quero imaginar.

Haja vergonha.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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