No Meu Tempo, Não Era Nada Assim!
No meu tempo, não era nada assim!
Esta frase um pouco bafienta, poeirenta, que ao longo de gerações se vai ouvindo de Pais e Tios, caracterizando a diferença entre esse tempo nostálgico, onde foram felizes, e o rebuliço indecifrável por onde se perdem as novas gerações...
Esta frase que neste texto, tomo como minha.
Ao ver e rever em todos os telejornais, as imagens das agressões à porta do Urban Beach, não posso deixar de agarrar na memória e voar através dos pensamentos para um tempo tão meu, em que era tão jovem, em que tudo parecia perfeito.
Sempre gostei de sair à noite, de beber um copo com amigos, dar um pezinho de dança, navegar por entre a folia imortal de uma imberbe idade...
A Kapital, o T-Club ou o Stones eram os meus locais de eleição, sítios onde me sentia em casa e onde os porteiros se mantinham os mesmos ao longo de anos, ao longo dos tempos.
De Smoking vestido, ali estavam de pé, noite após noite, reconhecendo rostos, limitando abusos, demarcando o terreno.
Existiam problemas?
Claro...
Por vezes umas bofetadas?
Com certeza...
Mas jamais assisti a este tipo de indignidade, meio cobarde, numa ignóbil aberração plasmada naquele cenário de selvajaria.
Ao ver estas imagens, o que mais me chocou foram as agressões com os rapazes caídos no chão, indefesos, sem hipótese de se defenderem daquela barbárie, a que tantos assistiam.
Foi para mim, verdadeiramente chocante.
Por tudo isto, não consigo parar de recordar e ao mesmo tempo gritar:
No meu tempo, não era nada assim!
Filipe Vaz Correia