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Caneca de Letras

Caneca de Letras

No Meu Tempo, Não Era Nada Assim!

Filipe Vaz Correia, 03.11.17

 

No meu tempo, não era nada assim!

Esta frase um pouco bafienta, poeirenta, que ao longo de gerações se vai ouvindo de Pais e Tios, caracterizando a diferença entre esse tempo nostálgico, onde foram felizes, e o rebuliço indecifrável por onde se perdem as novas gerações...

Esta frase que neste texto, tomo como minha.

Ao ver e rever em todos os telejornais, as imagens das agressões à porta do Urban Beach, não posso deixar de agarrar na memória e voar através dos pensamentos para um tempo tão meu, em que era tão jovem, em que tudo parecia perfeito.

Sempre gostei de sair à noite, de beber um copo com amigos, dar um pezinho de dança, navegar por entre a folia imortal de uma imberbe idade...

A Kapital, o T-Club ou o Stones eram os meus locais de eleição, sítios onde me sentia em casa e onde os porteiros se mantinham os mesmos ao longo de anos, ao longo dos tempos.

De Smoking vestido, ali estavam de pé, noite após noite, reconhecendo rostos, limitando abusos, demarcando o terreno.

Existiam problemas?

Claro...

Por vezes umas bofetadas?

Com certeza...

Mas jamais assisti a este tipo de indignidade, meio cobarde, numa ignóbil aberração plasmada naquele cenário de selvajaria.

Ao ver estas imagens, o que mais me chocou foram as agressões com os rapazes caídos no chão, indefesos, sem hipótese de se defenderem daquela barbárie, a que tantos assistiam.

Foi para mim, verdadeiramente chocante.

Por tudo isto, não consigo parar de recordar e ao mesmo tempo gritar:

No meu tempo, não era nada assim!

 

 

Filipe Vaz Correia