Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneca de Letras

Caneca de Letras

E Agora Espanha?

Filipe Vaz Correia, 21.09.17

 

Volto a escrever sobre Barcelona, consoante a minha estupefacção pelo caminho extremado, por onde resolveram seguir as duas partes desta discórdia...

A Catalunha de orgulho ferido, grita aos quatro ventos, a determinação em resgatar a dignidade amordaçada pelos invasores de Madrid, recuperando a figura do Generalissimo Franco como justificativa para a repressão imposta pela Guardia Civil.

Nas Calles da Catalunha nota-se a revolta, o destemido momento em que as pessoas quiseram sair à rua, para se juntarem àqueles que no seu entendimento defendiam o Ser Catalão e é aqui que poderá se confrontar, o passado e o futuro de Espanha.

Rajoy como ainda ontem escrevi, não entendeu o favor que fazia aos Independentistas Catalães, ao endurecer as medidas repressoras para com aqueles que organizavam este referendo, permitindo uma percepção de injustiça, que une...

Que contribui para a narrativa separatista.

Este caminho apocalíptico, de confronto despudorado, poderá traçar um desmembramento Espanhol, frágil em certos domínios, silenciado mas não adormecido e que reflectido nesta revolta Catalã, poderá despertar como um furacão impossível de travar.

O que esperar do País Basco perante uma Independência catalã?

Como controlar as reivindicações de outras regiões?

O futuro de Espanha joga-se neste referendo, nesta disputa entre o centralismo democrático e a vontade orgulhosa de um povo...

A Catalunha é uma das regiões mais ricas de Espanha e isso não pode ser dissociado da questão Independentista, no entanto, o esventrar dessa unidade, do Ser Espanhol, terá repercussões inimagináveis na arquitectura da Nação Castelhana.

Assim, sobrevoando toda a inquietude que por estes dias toma lugar pelas Calles da Catalunha, não será demais dizer...

Que o futuro de Espanha, será também, o resultado deste referendo.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Os Meus Olhos!

Filipe Vaz Correia, 21.09.17

 

 

 

Se os meus olhos;

Te dissessem,

O que não podem dizer,

Se descrevessem,

O que não querem descrever,

Se gritassem,

O silêncio a doer,

Se revelassem,

As feridas a arder...

 

Se os meus olhos;

Reflectissem em ti,

Essa parte de mim,

Que ainda te ama...

 

Então;

Desesperançadamente,

Por entre a solidão,

Talvez voltasse a bater,

Descompassadamente,

Este apaixonado coração.

 

 

 

 

 

O Referendo Da Discórdia!

Filipe Vaz Correia, 21.09.17

 

A Catalunha está a ferro e fogo, num braço de ferro entre a Generalitat e o Governo central de Madrid, por entre um Referendo que ameaça desconstruir a unidade Espanhola.

Entendo a questão que inquieta Mariano Rajoy e todos aqueles que acreditam numa Espanha Una e Indivisível, no entanto, o caminho escolhido para impedir a realização do tão desejado Referendo, pelos Independentistas, parece-me um erro colossal.

A lei está do lado de Rajoy, a constituição protege aqueles que alegam a ilegalidade deste acto, porém com estas detenções, aquilo que o Governo de Madrid conseguirá, será transformar em mártires, os desafiadores da República...

Ao ordenar à Guardia Civil que prendesse vários daqueles que organizam este Referendo ilegal, Rajoy acabou por indignar muitos dos que silenciosamente observavam esta fricção divisionista, unindo a generalidade dos Catalães, numa revolta incontrolável.

Esta espécie de demonstração de força Madrilena, pouco avisada na minha opinião, cria na sociedade Catalã a sensação de intolerância e opressão, ganhando expressão o grito de revolta que se tornará no maior apoio aos intentos da Generalitat e aos seus apoiantes independentistas.

Receio que esta batalha em torno da Independência da Catalunha, caminhe para um extremar de posições para a qual não se encontre uma solução conciliadora, capaz de serenar os ânimos anti-autonómicos em Espanha.

Se o Referendo avançar, irá o Governo de Espanha prender todos aqueles que se apresentarem para votar?

Dúvidas e questões que certamente adensarão este Referendo, que tanta discórdia tem provocado.

 

 

Filipe Vaz Correia