O silêncio da noite entra pela janela da sala, baixinho, silenciosamente discreto, parecendo querer sentar-se perto de mim, sem ser notado...
Esse silêncio que acompanha os meus pensamentos, os anseios reflectidos em meus olhos, meio desabafo da alma, diante da agitação plasmada em cada noticia, a cada ameaça que parece irromper por esse mundo fora.
Crise nuclear ou atrevimento da loucura, fogo e chamas ou esgotamento de um País, protestos e greves ou simplesmente a gritaria sindical...
Tantas e tantas vozes, relatos de angústias e horrores, de receios e temores, de intrigas e suspeitas, tantas e tantas inusitadas ameaças, anunciadas.
E o silêncio da noite, esse silencioso desejo que seduz, que convida a alma a serenar...
Cedo a esse desejo e desligo a televisão, deixando a China e Trump do outro lado da tela mágica, deixo os políticos e os debates calados, mudos.
Serenamente, volto a escrever, desabafar num momento meu, apenas meu, ou seja, tentar reencontrar nesse silêncio um pedaço de esperança.
Porque é apenas isso, que a todos nos resta...
A esperança bem escondida, no silêncio de uma noite qualquer.
Pois é essa esperança que nos torna, Humanos.
Filipe Vaz Correia