Os Fantasmas de Cavaco Silva!
A visita de Cavaco Silva à Universidade de verão do PSD, resumiu-se a uma meia dúzia de desabafos, enigmas justificativos numa mente embrenhada, nos pensamentos meio enevoados de um homem cansado, zangado, ressabiado.
De todas as suas palavras, das muitas que me esforcei por descodificar, apenas uma referência me indignou, visto que a considero absolutamente injustificada...
As indirectas a Marcelo.
Não que o Presidente da República precise de defesa, pois imediatamente respondeu com elegância, trato e dimensão à altura da sua inteligência e perspicácia, no entanto, não deixaram de me incomodar.
A diferença entre os dois é gigantesca, pois é, essa mesma diferença deve incomodar o anterior Presidente Português, pois deve, e acima de tudo a ligação profunda que Marcelo construiu com as pessoas, deve deixar verdadeiramente enfurecido, o eterno não político português...
Acima de tudo isso.
Cavaco Silva vê-se como um estadista, um oráculo de certezas inquestionáveis e a forma como terminou a sua vida política deve de certa maneira, confundir as certezas solidificadas dentro da pequenez, que o seu ego contempla.
Esta forma de critica, pouco frontal, até cobarde, escondida por trás de narrativas confusas, apenas confirma a relativa saloiice do personagem, o mundo pouco colorido da pessoa em questão.
Marcelo prima por ser hiperactivo, por vezes até frenético, nos actos, nas palavras, mas tem desempenhado o seu papel de maneira absolutamente formidável, aportando classe à Instituição, trazendo consigo Humanismo, proximidade, elevando o nível a que estávamos habituados no exercício desta função.
Cavaco com a sua habitual falta de chá, bebida certamente desconhecida para o personagem, tentou naquele lugar fazer um ajuste de contas com Marcelo, não entendendo que essencialmente o que todos conseguiram vislumbrar com estas suas palavras, foram os fantasmas que o circundam, atormentam...
Enfim ensombram, a memória majestática que guarda de si mesmo e que apenas o seu circulo mais próximo poderá corroborar.
Acima de tudo, recordou-nos dos tempos empoeirados da sua Presidência.
Filipe Vaz Correia