30.09.17
Acontece-me imensas vezes, estar sentado na esplanada de um café e observar as pessoas a passar, aquelas que chegam, as que sentadas estão perto de mim, a meu lado...
Imaginar o que se passará em cada uma das suas vidas, o que se esconderá para lá do intrigante olhar.
Poderá um sorriso significar felicidade ou uma lágrima simbolizar tristeza?
Um ar carrancudo significar amargura ou a leveza de uma gargalhada, a preenchida realização do Ser Humano?
Vezes sem conta, através da minha irrequieta imaginação, voo pelos trilhos desconhecidos de cada uma daquelas pessoas que comigo se cruzam e nelas reencontro momentos que parecem, também, um pouco meus.
Momentos que já vivi e que ali revivo, ao observar o simples caminhar de uma criança de mão dada com a sua Mãe, buscando em cada um dos seus passos, os meus, perdidos num tempo que não regressa, sobrando infinitamente as saudades dessa mão que um dia, também a mim, me agarrou...
Momentos singelos, despidos de solenidade, atravessando o tempo, permitindo que se descreva no pensamento, o desenho de tantas e tantas almas.
Almas que não me pertencem mas que silenciosamente me atrevo a desenhar, a adivinhar, a escrevinhar sobre elas, sendo que delas pouco conheça...
E ali permaneço sentado à mesa do café, olhando, sentindo, imaginando desencontradamente, o destino escondido por trás de cada rosto, de cada olhar que ali se encontra a meu lado.
Porque nada é mais sedutor do que dar asas à imaginação e voar através desses mundos pincelados pelo nosso olhar.
Filipe Vaz Correia