Mar
Os rituais repetem-se como um jogo de imagens que frequentemente reaparecem, num misto de recordações que ao sol me parecem preencher.
Os mesmos cheiros, as mesmas vozes, o mesmo rebuliço de verão.
Sinto-me outra vez criança, se é que algum dia o deixei de ser...
O sabor do verão sempre teve em mim essa espécie de nostalgia de algo que por vezes me inquieta, noutras vezes me serena e outras ainda me agita como se estivesse permanentemente a navegar.
O mar exerce em mim essa expressão maior da alma, uma agitação intrínseca que não consigo descrever.
Faz parte de mim, pertence-me, assim como, a ele pertenço.
Esta atracção que me acompanha desde a meninice, reporta-me ao olhar ternurento de minha mãe, aos ensinamentos de meu pai e a essa saudade infindável de tempos que fugiram.
No meio do mar, entrelaçado com a água salgada desse mar imenso que me aguarda, voo na imensa viagem da minha vida.
E com ela, de todos aqueles que guardo na alma.
Filipe Vaz Correia