Viajando Para Lá Da Memória!
Oiço ruídos...
Imensos ruídos, barulhos imprecisos sobre memórias que ouso recordar, sem saber que essa ousadia, ousaria me levar, nesta viagem por mim mesmo.
Pessoas e imagens, palavras e situações, afectos e amarguras, tudo misturado numa miragem que insiste em me perseguir.
Onde se encontra a derradeira ilusão, de um jovem menino?
Onde moram os receios e as dúvidas daquela criança, que temia o escuro da noite?
Esta viagem, acompanhada por quem tanto amei, impregnada de ondas e maresia, de temores e aventuras, regressa em cada sonho, a cada lembrança, cheirando a esperança, memorizando as desesperanças só minhas.
As viagens de uma vida, nessa história própria de cada um, em cada um, por cada um...
O que se esconde, por trás de cada mente?
Quantas lágrimas, formam o carácter de cada um de nós?
Questões difíceis, por vezes imprecisas mas que acalentam a alma, indagam o pensamento e aprisionam esse futuro que tarda em chegar...
No olhar de cada estrela, se as estrelas tiverem olhar, se escondem as desilusões e anseios de tantos de nós, se encerram os desígnios, desses destinos solitários.
E assim, por entre as linhas de um desabafo, reescrevo as divagações que me acompanharam na escuridão daquele imenso quarto, que era o meu...
Que saudades desse tempo e daqueles que comigo cumpriram essa viagem, tão nossa.
Saudades das expressões, dos olhares, dos segredos e cumplicidades que se tornaram nessas memórias só minhas...
Que um dia ousaram se libertar, ganhando expressão e moldando essa pessoa em que me tornei.
Tenho saudades de mim e essencialmente de vós, retrato meu...
De meu Pai, o meu eterno herói, de minha Mãe, o meu eterno amor e desse destino que apesar de meu, será sempre parte de vós.
De nós!
Filipe Vaz Correia