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Caneca de Letras

Caneca de Letras

Deserto

Filipe Vaz Correia, 31.08.17

 

 

 

A areia do deserto;

Vai guardando as angustias,

Vai passando o tempo incerto,

Incertas dúvidas,

Adormecidas...

 

O silêncio do deserto;

Ruidoso vazio,

Vai escondendo os segredos,

Num imenso rio,

De areia...

 

A solidão do deserto;

Abraçando a alma viajante,

Vai disfarçando a dolorosa,

Caminhada errante,

Que nos invade...

 

A beleza do deserto;

Na sua gigantesca imensidão,

Contrasta imensamente,

Com o bater de um coração,

Que ali se perde,

Num reencontro,

Com as estrelas do destino...

 

E sozinho;

Contemplando esse deserto,

Só meu...

 

Amarro o tempo,

Ao pensamento,

A vontade,

À saudade,

A crença,

À esperança...

 

Naquele deserto;

Só meu...

 

 

 

 

Agosto, A Gosto...

Filipe Vaz Correia, 31.08.17

 

O que escrever neste último dia de Agosto, por entre mergulhos na piscina e o pensamento esvoaçante em mais um verão que teimou em se escapar, tão levemente como chegou...

Um dia espectacular para compensar aqueles primeiros dias da semana, tristonhos, desagradáveis.

De regresso a casa, nesta Lisboa intemporal, a este rebuliço constante, desfruto com gosto deste calor abrasador, abrasadoramente convidativo, entrelaçado a esta minha vontade de me perder, por entre a água retemperadora que parece olhar para mim...

Chamar-me...

Agosto chega ao fim, neste ano de 2017, deixando para trás as luzidias tardes, as noites claras, o sonho acordado até ao infinito entardecer.

Está a chegar o Outono e depois o Inverno, antecedendo a Primavera...

E depois, novamente, o Verão.

Não sei porquê, mas nunca deixei de sentir na chegada de Setembro, uma certa nostalgia, uma incerta vontade de despedida deste dolce far niente, inerente ao calor e à praia...

Pelo menos na minha mente, sempre assim foi.

Por todas estas razões, deixo aqui neste último dia de Agosto, este meu tributo ao mês, onde a luz parece não ter fim, os rostos parecem ter outra cor, as vozes parecem soar de outra maneira e os olhares desprendidos parecem ganhar expressão em cada pessoa...

Em cada um de nós.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Lady Di...

Filipe Vaz Correia, 31.08.17

 

20 anos...

Vinte anos se passaram, por entre as lágrimas dos que por ela choraram, dos que dela se recordam, dos que nunca se esqueceram, dos que suspirando mantêm viva a chama.

Lady Di, morreu em Paris, no túnel da alma, perseguida por uma série de vampiros, montados em motos, de armas na mão, câmaras fotográficas, metralhadoras despudoradas, sem vergonha...

O mundo incrédulo interrogou-se, na expressão maior de um desencanto, desencantada frustração de uma vida esplendorosa, que se perdia.

Diana de Gales, partia, esventrada nas ferragens do Mercedes onde seguia, despedaçada pela crueza de um mundo que a consumia e ao mesmo tempo dela dependia...

Nunca mais uma fotografia valeria tanto, nunca mais uma perseguição seria tão recompensadora, nunca mais um olhar brilharia de tamanha maneira.

Ainda me recordo daquela manhã, naquele momento em que ouvia a noticia por telefone, da boca de um amigo, sem saber porém que o mundo parara, que parara de respirar a Humanidade, deixando que o tempo desmentisse, sem mentir, a incrédula verdade.

Faz hoje vinte anos que partiu Diana...

E vinte anos depois, ainda se sente a sua presença, na tamanha beleza, tão sua.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

Mil Vezes...

Filipe Vaz Correia, 30.08.17

 

 

 

Morreria por ti;

E mil vezes morreria,

Lutaria por ti,

E mil vezes lutaria,

Sangraria por ti,

E mil vezes sangraria,

Tudo sacrificaria;

Tudo,

Por ti...

 

Mas enfim;

O dia se transformou,

Em noite se tornou,

O sol gelou,

E o olhar findou...

 

E apenas sobrou,

Essa destemperada indiferença,

Uma singela parecença,

Do que um dia,

Fomos.

 

 

 

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