São estes os momentos em que reencontro a minha crença interior, a mesma, que por vezes ouso questionar...
Este terrível desastre que aconteceu em Londres, naquele prédio transformado em inferno, mar de chamas que insistiu em devastar vidas e mais vidas, que ali em suas casas buscavam apenas mais um momento de conforto entre os seus, fez me suster a respiração e voltar a suster.
Como é possível?
Nestes momentos olho para o céu e pergunto-me vezes sem conta:
Como foi possível?
E depois ouve-se uma história, escuta-se o espanto transformado em realidade daquela Mãe triste e desesperada, que atira o seu filho de um nono andar, embrulhado em lençóis na esperança de pelo menos esse pedaço de si, poder sobreviver...
Descendo pelos céus, através da gravidade descontrolada, ali vem uma criança tal e qual como um pássaro sem asas, descendo por entre a estrada do seu destino, amparada pelo amor de sua mãe e certamente...
Pela intervenção divina.
É aqui, nestes momentos que a minha alma regressa ao que intrinsecamente acredita, àquele reencontro com a fé.
E num milagre sem explicação, um homem, nove andares depois, segura com as suas mãos aquela criança que lhe fora entregue pelo desespero daquela mãe, viajando através do amparo de Deus...
Pois só Deus poderá garantir que tal viagem corra bem.
Assim, pensando naquela Mãe, imaginando aquela criança, recordando esta história, escolho sempre o milagre pois existe sempre nele incluído, uma espécie de esperança em que vale a pena crer.
Filipe Vaz Correia