30.04.17
Uma semana passada e aí estamos diante de mais uma etapa nesta dura campanha eleitoral para a Presidência da República Francesa, entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron.
Uma semana marcada pelos apoios de Hamon e Fillon, Socialista e Conservador, ao candidato de centro Emmanuel Macron, mas também marcada pelo silêncio de Jean-Luc Mélenchon.
Muitos comentadores demonstraram-se espantados, pois esperavam uma posição diferente da parte de Mélenchon, nesta segunda volta das eleições esperando mesmo que este pudesse apoiar Macron, numa frente Republicana contra a candidata da Frente Nacional...
Não me espanto!
Se estivermos atentos ao discurso de ambos, às propostas para o futuro da França, a sua relação com a Europa, com o Euro, facilmente constatamos que muito mais os une do que os divide...
Não diminuo aqui a importância de Jean-Luc Mélenchon não ser um xenófobo como Marine Le Pen e o facto deste pormenor, ser na realidade, um pormaior nessa diferença que os marca e distingue, no entanto, não o suficiente para que Mélenchon e os seus apoiantes, os insubmissos como simpaticamente lhes chama a candidata da extrema direita, tenham decidido optar por um dos lados desta batalha.
Na verdade, por omissão, acabam por o fazer.
Só essa hesitação por si só, deixa a nu as muitas contradições entre estes extremos, que por muito que o neguem, se tocam, convergem em muitos pensamentos, buscam o mesmo eleitorado descontente e desesperado por soluções que o sistema lhes parece negar.
Assim que passou à segunda volta das eleições, Marine Le Pen deixou claro no seu discurso populista, a marca tradicional destes movimentos:
" Sou a candidata do povo, que irá derrotar as elites!"
Estas palavras poderiam ter sido ditas por Mélenchon, por Chavez, por Maduro, por Fidel...
Ou até mesmo por Lenine, no meio, da revolução Russa de 1917.
Mas foi Marine Le Pen que o disse, que constantemente o apregoa, junto dos mesmos insubmissos, que parece acreditar, a poderão levar até ao Eliseu...
Se isso acontecer bem poderá agradecer a Jean-Luc Mélenchon e à esquerda radical francesa, que com o seu silêncio acabarão coniventes com essa tragédia para a Europa.
E é por isso que a extrema esquerda e a extrema direita, na minha opinião, aparentemente tão distantes, se aproximam nesta luta de classes, na constante busca pela fractura entre as sociedades capitalistas e os cidadãos, na procura permanente pela divisão...
Sobram aqueles que pertencendo aos mais variados quadrantes políticos, da esquerda à direita, se unirão para negar desde a primeira hora aquilo que certamente ninguém deseja:
O radicalismo dos extremos.
Filipe Vaz Correia