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Caneca de Letras

02.02.17

 

As eleições Francesas de 23 de Abril são um dos momentos mais importantes para a velha europa, sendo sem dúvida uma escolha entre a Trumpização europeia ou o resgatar dos seus valores fundamentais...

Nesse prisma sempre acreditei que François Fillon teria um papel indispensável neste caminho, sendo para mim até hoje, o único capaz de derrotar Marine Le Pen.

O partido socialista francês está encurralado entre o vazio de valores, de figuras carismáticas e o legado absolutamente inócuo de François Hollande, o que lhes tornará muito difícil, uma vitória eleitoral.

Pensando desta maneira, parecia-me bastante importante que o partido repúblicano francês pudesse preparar estas eleições de maneira transparente, focada, intensa, sempre com as ideias assentes nas pessoas e nos seus problemas.

Ora bem, uma das questões que mais tem afastado as populações dos partidos políticos tradicionais e da política em geral, é a credibilidade, constantemente afectada por escândalos sucessivos, em muitos países, deixando no ar uma desconfiança que é aproveitada por demagogos egocêntricos que não demoram a aparecer na cena mediática, reivindicando soluções miríficas para os problemas existentes.

O que aconteceu a François Fillon na segunda feira é uma desgraça para quem como eu, acreditava tanto, no seu percurso rumo a uma vitória eleitoral mas é também um alerta para toda a direita conservadora francesa, sobre quais os perigos que neste momento sobrevoam esta candidatura.

Fillon responde que tanto ele como a mulher estão inocentes e até poderão estar, que só responderá perante a justiça e até posso concordar, que tudo isto foi inventado por uma esquerda radical e até poderá ter razão...

Poderá.

Aqui o problema está na perspectiva, com que os cidadãos olham para estes escândalos nos dias de hoje, para as manchetes sensacionalistas nos mais variados pasquins e que levarão um caso como este até ao limite, desgastando interminavelmente a imagem de um candidato que sempre foi considerado, impoluto, respeitável...

Infelizmente para o partido repúblicano, restam-lhe duas hipóteses, ou acredita que Fillon superará este folhetim em condições de se manter na corrida pelo Eliseu, em Paris, ou resgatará Emmanuel Macron para delimitar as repercussões de tamanha suspeição, que se abateu sobre a sua campanha e num novo momentum ganhar balanço para a batalha que se travará nestas eleições.

Tenho pena por François Fillon, acreditava na sua vitória mas por mais difícil que seja escolher Emmanuel Macron, o partido repúblicano francês terá de aprender com aquilo que aconteceu ao partido democrata americano...

Uma candidata com telhados de vidro deu a vitória, mesmo que não no voto popular, a Donald Trump, e por isso será importante que um candidato com os mesmos problemas de credibilidade, no partido repúblicano francês, não dê a vitória a Marine Le Pen.

Não ignorem ou menosprezem o julgamento popular, feito em muitos casos de desespero e até ignorância, mas que num impulso poderá votar naqueles que representarão mais facilmente uma mudança contra o que acreditam ser o sistema...

Mais do que nunca é necessário que quem concorra, principalmente no caso de ser um conservador, tenha uma credibilidade a toda a prova.

Assim temendo uma surpresa desagradável nestas eleições, que digo novamente, destruirá a União Europeia, espero que o próprio François Fillon entenda que chegou a altura de demonstrar o que sempre esperei dele:

Um homem honrado que abdicará do seu sonho, para que todos nós possamos depois de abril, continuar a sonhar.

 

Filipe Vaz Correia

01.02.17

 

Tive o teu destino, em meu poder;

Decidi nada fazer,

Acabei por te perder,

Dei esse dinheiro, para te esquecer...

 

Fui eu que paguei;

Essa morte, a tua vida,

E achei que apaguei,

Sem apagar, tamanha ferida...

 

Era jovem, inconsciente;

Com a consciência de um cobarde,

E agora, bem presente,

Esta terrível verdade...

 

Tive medo, sem saber;

Ou talvez sabendo temer,

Que o destino não me iria perdoar,

Essa tristeza a recordar...

 

Penso sempre, neste vazio;

Que me persegue constantemente,

Esta dor, esse desafio,

De te saber ausente...

 

Como poderias ter sido;

A tua cara, minha expressão,

O orgulho hoje perdido,

Que invade o meu coração...

 

Se eu pudesse voltar atrás;

E apagar este arrependimento,

Preferia eu morrer,

Do que meu filho,

Não te ter!

 

 

 

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