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Caneca de Letras

21.12.16

 

Vi-te velhinha;

De mãos ao vento,

Vazias, calejadas, penduradas,

Contando o tormento,

E há muito abandonadas...

 

Sentada na porta de uma casa;

Com o desespero estampado no rosto,

À espera que a morte dê asa,

E lhe chame para o seu posto...

 

Nesse dia quem passar;

Não mais a irá ver,

Provavelmente sem notar,

Que a velha acabou de morrer...

 

Mas o que importa uma mulher;

Imunda, suja, desesperada,

O que importa querer ver,

Aquela alma cansada...

 

Esquecemos é que um dia;

A velha já foi gente,

Era nova e até sorria,

E tinha sonhos na mente...

 

Por partidas do destino;

Encontrou a solidão,

A tristeza levou-lhe o tino,

E a dor o coração...

 

Assim que Deus nos proteja;

De tamanha maldição,

E que longe o dia esteja,

De nos levarem ao caixão...

 

E vazia ficou a porta;

Mais limpa aquela rua,

Pois já não sofre a velha torta,

Nem a sua alma nua...

 

Aqui passou uma vida;

De lágrimas, desgostos, sofrimento,

Acabou coitada, perdida,

Por entre a chuva e o vento...

 

Adeus velho coração;

Que Deus a todos nos guarde,

E que nos evite a emoção,

De igual, destino cobarde!

 

 

 

 

 

19.12.16

 

Ontem presenciei um dos piores jogos do Sporting Clube de Portugal, de que tenho memória...

Durante os 90 minutos, de imenso desespero, não pude deixar de refletir sobre o percurso deste Presidente e sobre o futuro do meu tão querido clube.

Tristeza é mesmo a palavra correcta para descrever os olhares daqueles Sportinguistas que a meu lado estavam, daqueles que se cruzavam pelos corredores do Estádio, nas escadas, na rua...

Todos incrédulos, procurando uma razão lógica para o aparente desnorte, que tomou conta deste plantel e desta direcção.

Não me interessa discutir o acessório, os nomes que agora surgem em catadupa de potenciais canditatos, esperando em surdina por este momento, como tubarões que sentem o sangue das suas vítimas na água.

Interessa-me é entender as causas deste descalabro que poderá, temo, vir a ser desastroso...

Jorge Jesus não deixou de saber treinar ou de compreender o jogo mas claramente deverá questionar-se como foi possível ter dado o seu aval, na construção de um plantel tão medíocre.

Perdemos três jogadores essenciais da equipa base da época passada, João Mário, Slimani e Teo Gutierrez e contratámos vários jogadores que combinados darão provavelmente pouco mais de zero...

Alan Ruiz e o seu irmão, actualmente a jogar no Sintrense, até temo saber o que pensam esses adeptos da linha de Sintra desse belo jogador, custaram perto de oito milhões, muito desse dinheiro em comissões, chegando a Alvalade depois de meses sem jogar em conflito com o seu anterior clube mas pior do que qualquer arrufo emocional, é no seu futebol que se encontra a questão mais intrigante:

Como se pode contratar um jogador lento, pouco disponível para a competição ao mais alto nível, desinteressante no aspecto técnico, desinspirado do ponto de vista táctico...

Desde a primeira vez que me recordou o Careca, esse mago brasileiro que passou nos anos noventa por Alvalade e que se revelou um flop.

Alan Ruiz é mais do que uma contratação falhada, tem de ser mais do que isso...

Mas para não ficarmos por esse mistério das pampas passemos para Petrovic, esse portento Sérvio que estava perdido pelo banco de suplentes do Dinamo de Kiev e que relegou para o Belenenses um dos mais promissores médios da sua geração:

João Palhinha!

Muito estranho...

O Grande Elias, jogador que motivou tantas novelas e acusações ao anterior Presidente que o havia contratado ao Atlético de Madrid, numa altura em que era habitual na selecção Brasileira custando oito milhões...

O que se escreveu? O que se disse? Inclusivamente o actual Presidente.

Pois muito bem, contratou-o agora quatro anos mais velho, com a mesma apatia competitiva, mas avaliando o em cinco milhões de euros...

Se pagas 2.5 milhões por 50% do passe avalias o jogador em 5 Milhões.

Esse foi o preço a pagar para enviar o substituto natural de Adrien para o Moreirense:

Francisco Geraldes.

Muito estranho...

E como esquecer, o reforço Balada, quase Liedson, talvez hoje em dia, ou o seu companheiro de ataque Castaignos que nos levaram a pagar no conjunto quase 4 milhões de euros.

E Bas Dost, Dez milhões por um jogador que certamente marcará por época dez ou quinze golos mas que é lento, de costas para a baliza é inoperante, na recepção de bola um desastre e que vezes sem conta emperra o jogo ofensivo da sua equipa por clara inaptidão no trato da bola.

Comparado com Islam Slimani, perde-se no espaço ofensivo, mas Defensivamente é um desastre em todos os aspectos, na disputa de bola, no impacto que tem em cada jogo e é ainda mais impressionante na recuperação de bola ao adversário.

Para Terminar, Markovic e Campbell...

Markovic ou Podence?

Pelo que tenho visto, nem preciso de responder a esta questão pois o estado fisico ou mental do Sérvio respondem por si e quanto a Campbell admito que sempre o achei um bom jogador, só que infelizmente este não joga em 4x4x2 pois é um puro avançado que deve jogar solto num 4x3x3 ou num 4x2x3x1.

Preso a uma linha não pode desiquilibrar ofensivamente e desiquilibra defensivamente a sua equipa.

Dito isto, fico a pensar como se gastou tanto dinheiro, sem que conseguissemos equilibrar a equipa, ou pelo menos criar essa ilusão.

Este Sporting está fora da Europa, na minha opinião perdeu ontem o Campeonato Nacional e veremos o que acontecerá a Jorge Jesus no fim de tudo isto, assim sendo arrisco uma ideia:

Bruno será confrontado com os seus pecados numa queda que antevejo estrondosa, primeiro pelos sócios e depois...

Depois por aqueles que estranharão tantos negócios infelizes.

Não pensem que me esqueci de Matheus Pereira, da ausência de aposta num dos mais promissores jogadores formados em Alvalade desde Cristiano Ronaldo, apenas me custa escrever sobre isso sem que levante de forma consciente acusações que não poderei comprovar...

Este não dá para gastarmos dinheiro a comprá-lo, mas ao contrário de outros, tem Futebol na Alma!

Bolas já me excedi...

 

Filipe Vaz Correia

17.12.16

 

O que é o racismo?

Um imenso estrabismo,

Um profundo cinismo,

Que nos leva para um abismo,

Terramoto ou sismo...

 

O que é o preconceito?

Rumo perigoso e estreito,

De um olhar imperfeito,

Procurando um defeito,

Nessas vidas sem direitos...

 

O que é a discriminação?

Alguém escondido na escuridão,

Rodeado pela solidão,

Encontrando sem razão,

Um ódio para o coração...

 

O que é a xenofobia?

Uma voz ou gritaria,

Uma canção sem melodia,

Uma vontade vazia,

De odiar por um dia...

 

O que é um ignorante?

Não é difícil, nem distante,

Foi descrito neste instante...

 

 

17.12.16

 

Tenho um segredo;

Algo guardado na minha alma,

Uma estrela com medo,

Com receio de brilhar...

 

Tenho um segredo;

Escondido dentro de mim,

Nunca antes revelado,

Nunca antes adivinhado...

 

Segredo este que tenho;

Que faz parte do meu ser,

Fugindo ao meu destino,

Sonhando com o meu querer...

 

Desejo, sentido, distante;

Escondendo o que o meu coração me diz,

Fazendo de mim emigrante,

Numa terra que nunca quis...

 

Renego-te, ó segredo;

Deixa-me ser livre e sonhar,

Pois com o teu peso nos meus ombros,

Não consigo mais caminhar...

 

E então segredo meu;

Quem sabe um dia me libertes,

Ou talvez se eu te libertar,

Me deixes um dia voar!

 

 

15.12.16

 

Estou velha;

Um pedaço do que fui,

Uma parte de mim mesma...

 

Sou essa imagem presa nesse espelho;

Aquele reflexo nos meus olhos,

A poeira do tempo a passar,

Trazendo esse vento que não tardará a chegar...

 

Já não ando sem cansaço;

Já não paro de tremer,

Ainda aguardo sem pressa,

Esse instante de morrer...

 

Tantos anos se passaram;

Fugiram-me por entre os dedos,

E eu presa nos tormentos,

Nas minhas amarras,

Nos meus medos...

 

Fui feliz mas já esqueci;

Amargura bem trancada,

Por entre aquilo que vivi,

O que sonhei,

O que perdi...

 

E assim Velha imagem;

Que te escondes no meu espelho,

Sei que não és uma miragem,

Sou eu...

 

 

13.12.16

Era uma vez um menino, que tinha medo dos pesadelos que se escondiam debaixo da sua cama, à noite, no seu quarto, naquela escuridão imensa que assombrava a imensidão da sua pequena alma.

Aquele quarto pequeno, aquele tecto trabalhado, aquelas sombras meio perdidas, escondidas que ameaçavam polvilhar aquela tenra imaginação...

Tinha medo que o levassem, que o aprisionassem nesse mundo obscuro escondido debaixo da sua cama e de onde era possível sairem os monstros mais terríveis alguma vez imaginados.

Nem a luz de presença o tranquilizava, nem os passos dos adultos o reconfortavam, nem a esperança sem fim de que a sua mãe o viesse tapar o deixava tranquilo, menos nervoso...

Tanto medo num pequeno coração, num menino que se escondia debaixo dos lençois.

A coragem que ele queria ter, por vezes parecia se apróximar, encher a sua alma e numa força sem fim, dar-lhe aquele pedaço de determinação para sorrateiramente espreitar para debaixo daquela cama, às vezes navio, buscando corajosamente encontrar o vazio que racionalmente ali teria de estar...

Mas essa determinação passava, esse medo regressava, voltava, vindo do nada, preenchendo novamente esse receio imenso que teimosamente insistia em não se calar.

Esse menino cresceu, esse quarto já não lhe pertence, essa cama já não existe, esse medo desapareceu...

Esse menino guardado no fundo da minha alma, já não chora com medo dos monstros que se escondem debaixo da sua cama, já não receia a escuridão que se instalava no seu quarto...

O menino que um dia fui, apenas sente saudades, desse tempo, desses medos próprios de uma irrequieta imaginação, dessa imensa angústia de perder aquilo que tanto estimava...

A infância que não regressa.

 

Filipe Vaz Correia

13.12.16

 

Oiço a tua voz, meu amor;

Esse sorriso que se fecha,

A impaciência às vezes dor,

Daquele amor que se deixa.

 

Oiço o esgar desse fim;

O som de uma dolorosa pena,

De uma sentença que assim,

Encerra mais uma cena...

 

Oiço as palavras que me dizes;

Os gritos que não falam,

As mágoas, as cicatrizes,

Que silenciam, que se calam...

 

Essa resposta sem pergunta;

Essa pergunta nunca feita,

Essa razão defunta,

De uma felicidade desfeita...

 

Oiço calado;

Questiono então o silêncio...

 

Para onde foste, meu amor?

 

Oiço a voz desse tempo que não regressa...

 

Triste, somente triste;

Apenas nos sobrou a tristeza.

13.12.16

 

António Guterres foi hoje, oficialmente empossado, como Secretário Geral das Nações Unidas, iniciando assim uma caminhada que se antevê repleta de dificuldades.

Ao acompanhar esta tarde a cerimónia de tomada de posse, pensei no mundo que hoje se depara diante de todos nós e nos desafios que inevitavelmente se depararão a este Secretário Geral da ONU...

As guerras na Síria, Ucrânia, Líbia, Iraque entre outras, as Alterações Climáticas, negadas pelo Senhor Trump, o papel da Mulher no mundo Islâmico, o crescimento dos Radicalismos, sejam eles quais forem, Religiosos, de Raça, de Género.

Guterres terá de lidar com políticos cada vez mais inflexíveis, menos tolerantes que prometem encerrar o mundo em redor dos seus nacionalismos e com o desespero aprisionado a uma economia global, enquistada pelo desemprego e a estagnação que continua a sufocar as sociedades actuais.

Terá ainda de lidar com a expectativa de uma nova ONU, regenerada e reformada através das promessas de um conceito de novas relações entre as Instituições e as Populações.

Na minha opinião, António Guterres, tem no seu humanismo, nessa faceta tão presente nele, o seu maior trunfo, como tantas vezes ficou comprovado enquanto Alto Representante para os Refugiados...

O seu olhar tocante, a sua maneira próxima de chegar aos outros, partilhando o sofrimento, mantendo mesmo em situações limite, aquela capacidade de ouvir os outros, transformando as pessoas em questão, parte importante da solução desses dramas, muitas vezes quase insolúveis.

Estas capacidades fazem dele um homem singular, com caracteristicas singulares, únicas.

Será possível resolver através desse dialogo, que tanto gosta de referir, tantos problemas que se escondem por esse mundo fora?

E aqueles que surgirão inevitavelmente no futuro?

Não o sei...

Mas sei que o mundo, terá neste Secretário Geral, alguém que não esconderá o seu coração diante desses problemas, não deixará de estender a sua mão quando encontrar alguém caído, não deixará de ver as feridas que esventram, muitos locais, espalhados pelo Planeta.

Assim tenho esperança no Ser Humano, António Guterres, nas suas emoções e nos valores que se espelham nos seus olhos.

Não resolverá todas as tragédias do mundo, não será nem o Super-Homem, nem o Homem Aranha, mas poderá ser aquilo que hoje em dia, escasseia, no panorama político mundial:

Uma boa pessoa, que se preocupa genuinamente com os outros...

Para os dias de hoje, já não estará mal.

E para o cargo concreto em questão, Secretário Geral Da ONU, parece-me perfeito.

 

Boa Sorte Senhor António Guterres, pois o seu sucesso, será o de todos nós.

 

Filipe Vaz Correia

11.12.16

 

Um Benfica-Sporting...

Um jogo apenas, 90 minutos, 22 jogadores e uma bola de futebol...

A primeira vez que vi, in loco, um derby tinha cinco anos e fui acompanhado pelo meu Pai ao antigo Estádio do Benfica, para uma vitória memorável do meu Sporting, com golos se não estou em erro, de Tony Sealy e Ralph Meade. Um grande jogo, grandes jogadores, inesquecível recordação na mente de um menino.

Desde esse dia, sempre estive agarrado a um ecrã, colado a uma telefonia ou no Estádio de Alvalade para não esquecer por um instante aquela sensação única, especial,de assistir ao maior de todos os jogos.

Acredito que apenas um River-Boca, um Fla-Flu ou um Real-Atlético poderão mexer com tamanha emoção, com a expressão própria de uma ocasião inigualável...

O mundo estará em Lisboa, amanhã, há hora do Derby:

Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné, Timor, Macau, São Tomé e Princípe, Goa e tantos outros lugares, pois onde existir um Português, existirá alguém ligado àquele estádio impregnado de vozes, de preces, de anseios, enfim...

De sonhos.

Muitos meninos aprenderão com aquele jogo, novas emoções, inéditas sensações que jamais esquecerão...

Que lhes aprisionarão na memória, pela eternidade, aqueles momentos sagrados.

E outros tantos, que regressarão no tempo, através desse Derby aos momentos em que o viveram pela primeira vez.

Ali voltarão a estar com os seus Pais, com os seus irmãos, com amigos e desconhecidos que vivem na memória, nas vivências, na alma guardada daquele eterno Derby...

Ali vivem todos os sonhos que independentemente da idade, nos fazem voltar a ser crianças.

Assim de encarnado ou verde, sentiremos todos, aquele mágico jogo que não pode ser comparado com mais nenhum.

De facto é apenas mais um jogo, são rigorosamente 90 minutos, somente 22 jogadores atrás de uma bola...

Mas é muito mais do que isso.

É o Derby dos nossos Sonhos...

É um Benfica-Sporting!

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

10.12.16

 

Vou pelo caminho em que não me querem;

Pela estrada proibida,

Pelo destino desencontrado,

Que ninguém deseja, implora...

 

Vou no sentido contrário;

De encontro à solidão,

Mas não me sinto solitário,

No meio de tanta confusão...

 

Vou em contramão;

Como quero,

Sozinho,

Procurando uma razão,

Para esse caminho...

 

Só e por vezes acompanhado;

Por mim, pela minha mente,

Não me chega o passado,

O futuro ou o presente...

 

Sou do que ainda não descobri;

Amo o que ainda não conheci,

Sinto falta do que ainda não vi,

Só acredito no que perdi...

 

Sou assim;

Sou meu,

Desse frenesim,

Tão teu...

 

Parto, um dia partirei;

Palavras que não me bastam,

Sentimentos que guardarei,

Mas que não me chegam...

 

Pois vivo em contramão.

 

 

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