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Caneca de Letras

Caneca de Letras

O Meu Tio...

Filipe Vaz Correia, 31.12.16

 

Procuro as palavras;

Escondidas nestas linhas,

Para poder descrever,

Essa imagem na minha mente,

De um amigo, de uma vida...

 

O tio que me viu menino,

E talvez ainda veja,

Neste tempo que teima em passar,

Sem esquecer ou calar;

Os momentos, as memórias,

As muitas histórias...

 

Recordações que guardo com carinho;

Num abraço que nunca me faltou,

Sempre forte, apertado,

Nessa amizade que ficou...

 

Onde aprendi e sorri;

Onde escutei e cresci,

Onde sempre me senti querido...

 

Assim por entre a tinta deste poema;

Escolho essa palavra,

Que o possa descrever,

Sem hesitação ou dilema,

Vou finalmente escrever...

 

Familia!

 

 

 

As Árvores da Minha Rua...

Filipe Vaz Correia, 30.12.16

 

Dou por mim a pensar, nestas árvores que ladeiam a minha rua, no esvoaçar dos seus galhos, no cair das suas folhas, na vida que se esconde para lá da sua aparência...

Quantas vidas passaram por elas?

Quantas almas se cruzaram com o bater das suas folhas?

Quantas histórias ficaram cravadas no tronco da sua idade?

Perguntas que me invadem enquanto as observo e me interrogo...

Nesta constante repetição, ano após ano, elas crescem, ao encontro desse céu, para nós divino, guardando memórias, esperanças, tristezas, vidas que um dia ali se cruzaram.

Quantos namorados ali fizeram juras de amor?

Quantas lágrimas regaram as suas raízes?

Quantos momentos ou tormentos presenciaram...

Serei mais um, que as contempla, que as admira...

Serei mais um que escreve sobre a sua beleza, as suas emoções?

Terão memória estas árvores?

Chorarão elas a cada partida de um simples Homem, que um dia conheceram?

Viram Filhos transformarem-se em Pais, Avós que já foram Netos, Vidas que ainda não nasceram, mortes que ainda não chegaram.

Nestas questões que me perseguem, nestas dúvidas que me assolam, vejo uma vez mais, essas folhas que insistem em cair como se de lágrimas se tratassem, tombando sem receio de tocar o chão da minha rua...

Fecho a janela de minha casa e deixo para trás aquela imagem, aquele pensamento que tantas vezes me preenche a alma, acreditando no entanto, que mais uma memória terá ficado nas Árvores da minha rua.

 

Filipe Vaz Correia

 

O Mundo...

Filipe Vaz Correia, 29.12.16

 

Sustenho a minha respiração;

Suporto o mundo calado,

E observo...

 

Sustenho, uma vez mais, a respiração...

 

Uma vela acesa, iluminando;

Por entre os meus passos numa sala vazia,

Aguardando numa noite fria,

Que seja dia...

 

Uma lágrima que me escapa;

Com a tristeza que carrego sobre os ombros,

Entre um medo que afasta,

Os estreitos caminhos desse futuro,

E um passado que me arrasta,

Por entre o sonho e a ilusão...

 

Abro os olhos e vejo-te;

E tudo volta a valer a pena...

 

Aylan: O Pequeno Refugiado...

Filipe Vaz Correia, 28.12.16

 

Uma criança morta;

Estendida numa qualquer praia,

Sem vida, desperdiçada,

Numa gigantesca vaia...

 

Morreu a Humanidade;

Este mundo absurdo,

De preconceitos, inverdades,

Num imenso grito surdo...

 

Sem sentido, cruel;

Destino malfadado,

Que repete com fel,

Um horror já passado...

 

Revivo tempos de outrora;

Histórias que julgava perdidas,

Sentimentos, sofrimentos,

Dores e feridas...

 

Como podem tentar fugir?

Povo, pessoas, miséria,

Criaturas a partir,

Sem saberem para onde ir...

 

Causa dor tamanha loucura;

Indiferença, arrogância, desprezo,

Nesta imensa tortura,

Essa roda dos desafortunados...

 

Despido, desprotegido, morto;

Longe dos seus, desacompanhado,

Nem na morte foste feliz,

Ó pequeno refugiado...

 

Porque deste nome não vais escapar;

Pois o que sofreste, já não importa,

O que andaste a penar,

Ó criança morta.

 

Refugiado, sofredor;

Imagem que ninguém quer ver,

Recordando uma dor,

Que todos desejam esquecer...

 

Assim ao mundo vieste chocar;

Trazendo espanto, mágoa e indignação,

Só não sei quanto tempo irá durar,

Até à próxima repetição...

 

Ó pequeno Aylan;

Podias ser meu filho!

 

Marcelo: O Rei Repúblicano...

Filipe Vaz Correia, 27.12.16

 

Muitas vezes durante estes longos dez anos em que tivemos como Presidente da República Anibal Cavaco Silva, me questionei sobre a importância deste cargo e a sua necessidade na envolvência política de um regime democrático.

O anterior morador de Belém era inadequado, incapacitado para o cargo, inapto na ligação com as pessoas e consequentemente com o País.

Falava na altura errada, dizia as coisas de maneira errada e parecia adormecido perante a evolução trágica que o País teve de enfrentar.

Era mesmo uma espécie de agonia Presidencial aquela a que todos assistimos durante este interminável período.

O casal Cavaco Silva representava algo bafiento, poeirento, sem vida...

Sem ofensa para as boas intenções de ambos.

Marcelo é o oposto...

Ele consegue incutir uma energia, dedicação, disponibilidade que parecem intermináveis, inesgotáveis, trazendo uma nova visão para a política, absolutamente imprescindível para a sua reabilitação...

As pessoas estão fartas destes homens institucionais, donos da razão, distantes da realidade do dia a dia e das dificuldades que as mesmas enfrentam.

As pessoas estão rendidas não é apenas aos beijinhos e selfies de Marcelo, como muitos comentadeiros por aí apregoam, as pessoas renderam-se foi ao olhar, ao que por de trás destes aparentes gestos populistas, está:

Preocupação, atenção, estima.

Marcelo sabe chegar àqueles que com ele privam, sejam Reis ou Peixeiras, Mães ou Sem-Abrigo, Velhos ou Crianças, de esquerda ou direita.

Esse é o seu segredo, é humano...

Apenas humano.

E já estava na hora de termos alguém assim, na política portuguesa.

 

Viva o Rei Marcelo.

 

Filipe Vaz Correia  

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