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Caneca de Letras

07.11.16

 

Tantas vidas à tua procura,

Uma após outra, uma após outra...

 

Sem parar, numa aventura;

Procurando com candura

O toque dessa tua ternura

Perdida além do tempo...

 

Noutra vida...

Que ainda consigo recordar,

Lá bem distante,

Tão jovens, inocentes,

Desencontrados nesse amar

Que buscamos eternamente

Sem saber ou adivinhar

Esse encontro de antigamente.

 

Tantas vidas afinal, sempre nossas;

Noutras vidas que passaram, tão nossas,

Tantas e tantas, só nossas...

 

Um dia as encontraremos todas...

Todas as nossas vidas,

Numa só.

05.11.16

 

Lágrimas que me caem no papel;

Nesse papel tão meu

Nessa mágoa tão minha

Com mel, com fel...

 

Lágrimas que me escorrem pelo rosto;

Pela dor que não tem voz

Pelas nuvens do meu desgosto

E por tantos momentos sós...

 

Lágrimas que me fogem;

Desistindo ausente

No meio dos olhares de sempre

Só porque as gentes têm na mente

O facto de ser diferente...

 

Sou deficiente;

Mas não sou apenas isso. 

 

 

04.11.16

 

Recuso-me a comer;

A deixar-me corromper

Recuso-me a esquecer

Esta ditadura, este poder...

 

Não fecho os olhos, não descanso;

Tenho medo do que me rodeia

Desta liberdade em suspenso

Dessa hipocrisia alheia...

 

Sinto o receio nos paus mandados;

O temor nos mandantes

Esses galos emproados

Disfarçados de governantes...

 

E assim chega o inferno;

Sendo presos só por ler

Neste imenso inverno

Nesta Angola a morrer...

 

Cabe-me assim lutar;

Por aquilo em que acredito

Pelo futuro que irá chegar

Trazendo outro grito...

 

Gritando enfim democracia;

Sonhando com o coração

Podendo ler numa livraria

Chamando-me Luaty Beirão.

 

03.11.16

 

Todas as noites na mesma rua;

Tantos homens nessa esquina

Numa vontade nua

De te ver...

 

De te querer, desejar;

De te terem por um momento

Esse dinheiro a pagar

Pelo teu sofrimento...

 

Tantas noites nesse lugar;

Onde te vendes, mulher,

Vendo a vida a passar

Ou o que dela te restou...

 

Envergonhada, esventrada, esquartejada;

Nesse corpo vazio

Porque essa alma abandonada

Já partiu, desistiu...

 

Assim despida, ferida;

Entregue ao seu destino

Ao som de uma palavra...

 

Puta.

 

03.11.16

 

Sempre tive medo de te perder;

Sempre tive medo de crescer

Sempre tive medo, esse ter...

 

De não saber caminhar;

De enfrentar esse sol a nascer

Esse rumo a escolher...

 

De me perder na encruzilhada;

Não conseguir encontrar essa estrada

Tive medo, do nada...

 

Sempre tive medo;

De enfrentar o mundo sem ti

De caminhar sozinho...

 

Porque o mundo é meu;

Mas o meu mundo...

 

És tu.

02.11.16

 

Vi-te ir embora;

Vi-te morta

Sem vida, despedida

Numa partida, sentida

Numa abalada, despida

Ternura tão nossa...

 

Vi-te assim;

Nesse entretanto, enfim,

Nesse nublado jardim

Por de entre um cheiro de jasmim

Uma parte de mim

Nesse teu imenso fim...

 

Vi-te, como me recordo;

Com essa dor permanente

Esse desgosto insistente

Esse grito, tão presente

Desse pesadelo existente

Essa mágoa que se sente...

 

Vi-te, sem mais nada;

Prostrada, deitada

Entregue ao destino

A esse teu momento, jornada

Assim te vi...

 

Vi-te pela última vez!

01.11.16

Contei todas as estrelas do céu;

Uma a uma, cada uma

Olhei para elas despidas

Na bruma, discreto

Escutando as perdidas

Naquela imensidão...

 

Decorei o seu brilho;

Vislumbrei o seu reflexo

Questionei o seu destino

Desafio sem tino

De um universo em desatino...

 

Contei todas as estrelas do céu;

Uma vez mais interrogando

De onde vieram, para onde irão

Nesse mistério desesperando

Por uma resposta em vão...

 

Contei todas as estrelas do céu;

E continuei a contar, devagar

Sem saber que no meu olhar

Também elas se podiam vislumbrar...

 

E assim sem parar;

Mais uma vez, devagar

Contei todas as estrelas do céu.

01.11.16

Todas as noites procuro por ti;

Por encontrar aquela voz

Aquele desejo escondido tão profundamente

Tão secretamente

Tão no intimo da minha mente...

 

Todas as noites procuro aquele sentimento;

Aquele secreto, segredo

Que espantosamente ao vento

Não voa com medo

Com o receio de ser cedo

Para voar...

 

Todas as noites insisto, sem insistir;

Tentando não escutar

Esse pedido a fugir, rugir

Dentro de mim a falar

A gritar, vociferar...

 

Todas as noites nesse céu estrelado;

Imagino o dia em que poderei contar

O que este coração encurralado

Há tanto tempo está a guardar...

 

E talvez nessa noite, o sol apareça;

A lua se possa esconder

E o meu coração aqueça

Sem temer

Dizer...

 

Que te amo. 

01.11.16

Era uma vez um blog, chamado Caneca de letras...

Uma vontade imensa de escrever, de soltar a minha alma na ponta da minha caneta...

Ou melhor, do meu teclado.

Este blog falará de poesia, prosa, pequenos contos ou aventuras, crónicas e opiniões, sobre qualquer tema que entenda pertinente.

Não terá limites ou barreiras, tentando chegar a todos aqueles que comigo partilhem este espaço.

Será um espelho dos meus anseios, dúvidas, reflexões mas também daqueles que comigo se cruzam nesta caminhada chamada vida e que de uma maneira ou de outra, acabam polvilhando a minha imaginação, a minha curiosidade.

Espero que em algum momento possa surpreender quem aqui chegue, alcançando com as minhas palavras um pedaço de vós.

Obrigado.

Filipe Vaz Correia

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