Quando me apercebi que Antonio Domingues havia sido convidado para Presidente da Caixa Geral de Depósitos, admito que fiquei feliz com isso...
Ao longo deste tempo que decorreu desde essa altura, nada me fez alterar esse pensamento, nada me deixou reticente quanto à sua competência para dirigir a maior instituição financeira deste país.
Pela primeira vez, desde há muito tempo, via na escolha deste Presidente da CGD, um caminhar na direção do profissionalismo, da experiência, da competência.
No entanto, num instante, todo este caminho começou a ser ensombrado por uma discussão pública de dimensões absolutamente épicas:
A declaração de rendimentos dos Administradores do Banco público.
Entregaram? Ou não entregaram?
Irão entregar? Ou não irão entregar?
A minha modesta opinião sobre este assunto, que considero menor, é simples:
Se a Lei obriga a entregar estas declarações de rendimentos, então os administradores que compõem a nova administração da CGD, terão de a cumprir.
No entanto, nesta sociedade em que vivemos, um reality show à escala mundial, onde tudo se sabe, tudo se diz, tudo se escuta sob a capa da liberdade de imprensa, ou sob o escudo do direito a informar, consigo compreender o receio que pessoas de bem terão, de ver a sua vida devassada, pela curiosidade e pelo diz que disse, alimentado por certos pasquins coniventes com o actual status quo.
Nesta questão o que me parece é que António Domingues e os restantes elementos da nova administração, não quererão ver exposta na praça pública, a sua intimidade, os seus bens, as suas vidas e as daqueles que a eles estão ligados, (Ex. Familia).
Assim não consigo entender porque razão não pode o Tribunal Constitucional, preservar e garantir esse sigilo pedido pelos administradores da CGD...
Será realmente importante que o cidadão comum saiba, quantas casas tem o Senhor Antonio Domingues?
Os carros que comprou para ele, para a mulher ou filhos?
Quanto custaram as suas casas ou onde moram?
Que acções detêm?
Eu não preciso de saber, mais...
Não desejo saber.
Penso que os Varas, os Sócrates e as Cardonas desta vida, da CGD ou dos Governos devem ter entregue todas as suas declarações, sem atrasos, mas o que ganhou o País com isso?
Nada,só perdeu...
Como todos sabemos os robalos e o dinheiro de amigos não necessitam de constar de nenhuma declaração de rendimentos.
Eu não quero a Caixa governada pelos mesmos de sempre, que passam de gabinete em gabinete, de nomeação em nomeação, de lugar em lugar, dado pelo aparelhismo partidário.
O que desejo é pessoas competentes, Antonio Domingues ou outro, capazes de saberem o que fazer com o dinheiro público, como o aplicar, como o investir...
Pessoas assim, não se irão sujeitar aos dictames habituais, à devassa permanente das suas vidas, ou a ganhar o mesmo que o Presidente da Républica.
Não o irão fazer!
Com a recapitalização da Caixa em andamento, aprovada por Bruxelas, com a restruturação da mesma também em marcha, urge pôr em prática o plano elaborado para recuperar a CGD do buraco de muitos Milhares de Milhões para onde a enviaram, através de administrações incompetentes e ruinosas...
Mas que sempre entregaram as suas declarações de rendimentos.
Para finalizar, espero que se possa ultrapassar este momento, se possa começar a caminhar e que o sigilo possa ser dado a quem não se importa de cumprir, só não o querendo fazer, no meio de um circo.
Se assim for, acredito que ganhamos todos e que estes novos admnistradores poderão ser julgados por aquilo que verdadeiramente importa:
O seu trabalho...
O Resultado das suas decisões.
Filipe Vaz Correia