09.06.20
A Seara de Arroios deve ser vista como um acto de solidariedade, sem dúvida, uma solução encontrada por alguns activistas para responder ao desespero de pessoas que durante a Pandemia perderam o seu tecto.
Percebo o lado Humano do acto, deste gesto que toca e se traduz no olhar das pessoas...
Durante a tarde a PSP teve de ser chamada a intervir para retirar dali aquelas pessoas, situação que criou revolta, contestação, desagrado.
Independentemente da angústia daqueles que viam naquele local o seu mais certo aconchego, não restou outra hipótese à Polícia nem aos proprietários do Prédio ocupado.
Este pormenor não pode ser visto como algo de somenos, este espaço é privado, com proprietários que sem aviso viram a sua propriedade ocupada indevidamente...
Mas o prédio estava devoluto?
E então...
É uma propriedade privada!
Para além deste pormenor, que não pode ser ignorado, ainda sobressai o facto do dito prédio estar em clara degradação, com problemas estruturais, existindo risco para a integridade de todos aqueles que, indevidamente, o ocupavam.
Por muito que custe condenar um gesto de solidariedade, não podemos compactuar com actos ilegais, atitudes à margem da lei que em nome do bem comum atropelam os direitos fundamentais da nossa Sociedade.
O fim não justifica os meios!
A intervenção realizada por uma empresa de segurança privada, durante a madrugada, é o único ponto onde divirjo dos proprietários...
Esse acto poderia ter provocado confrontos e problemas acrescidos a uma situação já de si complicada, por entre, o desespero e revolta daquelas pessoas que ali se encontravam.
Recorrer à Policia, mesmo que tardiamente, foi a melhor opção.
Quanto ao projecto Seara e o seu trajecto neste apoio aos mais necessitados, aconselho a que busquem soluções junto da Câmara Municipal de Lisboa, do Governo, da Santa Casa da Misericórdia ou de alguns Mecenas que os possam ajudar a encontrar um local onde possam construir esse sonho solidário que tanto ambicionam.
Um desejo sincero de boa sorte para a Seara de Arroios...
Sem ocupações e dentro da legalidade.
Filipe Vaz Correia