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Caneca de Letras

12.11.21

 

 

 

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Sempre que via um comboio a partir;

imaginava esse mundo

descobrindo sem fugir

esse longínquo e profundo

desejo de sentir

o meu ausente destino...

 

Sempre que abriam os portões;

daquele campo maldito

imaginava os corações

daqueles interditos

olhares que me fugiam

dos que um dia imensamente amei...

 

Sempre que chegava o amanhecer;

desconfiado caminhava

querendo adormecer

na esperança que em mim habitava

de que poderia ser diferente...

 

Ia seguindo amordaçado;

amordaçando a alma já cansada

presa num corpo desanimado

àqueles pijamas riscados...

 

Assim, em cada partida;

a cada fuga perdida

em cada dia, ferida

ia se aproximando a minha vez...

 

E aí descobri que me haviam roubado tudo;

até a esventrada esperança

mas que apenas eu

era o dono da minha alma!

 

 

 

 

 

 

 

 

30.03.20

 

Lisboa vazia, sem cores ou rostos, sem alma, com as almas escondidas em casa, carregada de medos, medos justificados, que servirão de salvação no meio de tamanha Pandemia.

Os cheiros deram lugar à inodora solidão, ao insonso e desnudado confinamento que nos circunda.

Queira Deus que nos protejamos, que passe este tempo, parado tempo que suspende a vida, as vidas, encontros e desencontros que nos constroem, nos moldam.

País e filhos afastados, avós e netos à distância, amigos separados nesse desfasamento pouco Humano.

O que fazer?

O que fazer a não ser insistir?

Insistir sem olhar para trás, de portas trancadas, janelas fechadas para o mundo, esperando, esperando, esperando...

Como iremos sobreviver e sorrir no pós Pandemia?

Como soletrar ou trautear uma melodia quando os dias voltarem a ser corridos, a agitação rotina, o querer livre?

Nestes tempos até escrever é triste, até sonhar custa, até expressar a singela alma parece infinitamente distante.

Estou cansado...

Cansado mas firme, triste mas esperançado, enclausurado mas esperando o tempo onde possamos todos ousar voar.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

25.02.20

 

Não busco o sol

nem a sua abrasadora verdade,

Não busco a lua

nem a sua secreta saudade...

 

Busco o olhar que se perdeu

as mágoas por contar,

Aquela ilusão que desvaneceu

 desvanecendo o triste amar...

 

Busco as entrelinhas de um poema

na entrelaçada emoção,

Busco os fantasmas nesse dilema

Teorema ou equação...

 

Busco tanto e tão pouco

viajante desesperado,

Busco esse lado louco

na melodia do exagerado...

 

Busco letras e palavras

pedaços de contradição,

Amarras intemporais

Memórias sem paixão...

 

Busco e volto a buscar

sem saber descodificar,

O delírio de encontrar

essa parte de mim...

 

Sem volta.

 

 

25.10.19

 

Tantas vezes sorri, perdidamente sorri, como se nada mais fosse importante, suficientemente importante para me esquecer desse pedaço de destino, onde timidamente me perdia em ti, por palavras, silenciosas palavras que decifravam cada entrelinha disfarçada nesse sentir que traduz o que escondido reluz, aquilo que importando se apaga, por entre, o espalhafato do quotidiano.

Foi assim...

Foram tantas vezes assim que se tornou pele e sangue, parte indisfarçável de um texto desconexamente sofrido.

Sofrimento, esse grito melodioso, que nos amarra, esmaga, que tantas vezes se agiganta como uma onda sem fim, cobrindo o horizonte e ligando o mar e o céu, num quadro poético, incapaz de ser descrito.

Tantas vezes a turbulência me tomou de assalto, me quebrou num pranto, nesse espanto que chegava e partia, desnudava e cobria, gritava mesmo que sem palavras...

Como explicar?

Como descrever o que, um dia, tão forte se fez sentir...

Esse bater do coração em tua presença, esse acelerar na tua ausência, descompasso de um compassado poema.

Pouco importará, nesse tempo futuro, se se perdeu cada toque e promessa, se desvaneceu cada eterno sentir que parecia inexpugnável...

Nada importará, nada mais do que cada memória amarrada a esse amor, tão imenso e intenso, capaz de resistir até mesmo ao seu fim.

Pois o fim, mesmo chegando, só é capaz de exterminar o que verdadeiramente se esquece...

E este amor será eternamente inesquecível.

Como sempre foi...

 

Filipe Vaz Correia

 

 

17.10.19

 

Não sobrevive a canção;

Nem o nobre poeta,

Não escreve a imaginação,

Aquela letra certa,

Capaz de dar emoção,

Àquela parte deserta,

Que sobrou...

 

Mas porque insistes;

Em caminhar?

 

Porque resistes;

A esse renegar?

 

Porque persistes;

Nesse porfiar?

 

Talvez um dia ao clarear;

Sem mais nenhum pormenor,

Se descubra que partiu,

Esse pedaço de ardor,

Que outrora coloriu,

Um desmedido amor...

 

Tao desmedido como finito.

 

 

01.10.19

 

Ainda sangra ou já estancou o pedaço de ferida que teimava em se fazer sentir?

Nesse caminhar constante, vulgo destino, tantas foram as vezes que desassombradamente a vida chega e nos derruba, nos amarra nessa tristeza que parece ficar para sempre.

O nascer do dia chega mas a noite escura parece reinar, tenebrosamente presente, ameaçando, nessa escuridão, os coloridos sonhos de outrora.

Já não existe brisa ou maresia, riso ou contentamento, esse leve sentimento desnudado e esquecido, entrelaçado sofrimento, amargurado e ferido.

O escorrer do sangue, como lágrima que não se esconde, intensifica a espécie de ardor que marca e esventra, num desmedido querer silencioso, grito calado que ensurdece o pobre coração...

Ainda sangra?

Ainda vociferas pedaço de ferida na alma?

Alma?

O olhar meio perdido que abraça a realidade vai ditando o caminho, trilhando o destino ensurdecedor, trauteando palavras e frases, descontraídas formas de choro que se confundem com a ausente poesia numa folha em branco...

A despida contradição num cumprimento que se perdeu.

Nem sei como soletrar esta contraditória melodia que num momento se degladia, num outro irradia, e em todos eles se desvanece numa alucinante montanha russa de lembranças, amarguradas desesperanças que outrora pulsavam, antigamente se soltavam, por entre, a saudosa esperança que tudo transformava.

O sol partiu, discretamente se despediu, devagarinho, de mansinho, num aceno que pareceu timidamente discreto, incertamente nostálgico.

Sem saber se num novo dia voltará a irromper por entre os céus...

Num repetido quadro intemporal.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

03.08.19

 

 

 

Nem sempre o sol desperta, nem sempre o dia se enraivece, nem sempre a luz reaparece, por entre a dor deserta, nessa busca inquieta pelo que dita a desesperante alma.

Por vezes grita baixinho essa contradição insanável, por vezes chora de mansinho por entre o coração inconsolável, por vezes num pranto, outras vezes num silêncio e tantas, tantas vezes, por entre a espuma de um sonho.

Sempre que recomeça o dia, sempre que se desperta a alma, procuro no olhar, vagabundo, de quem comigo se cruza, aquele brilho, intenso brilho, que há muito me escapou.

E talvez um dia, numa ousada poesia, num desgarrado poema, se quebre o dilema, desse misterioso viver.

Por entre solitárias letras, entrelaçadas palavras ou simplesmente nesse infinito silêncio, porém, sempre tão infinito como a esperança.

A desesperançada esperança!

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

18.05.19

 

 

 

Na silenciosa penumbra de um sonho;

Voam palavras incendiadas,

Retratos enfadonhos,

De memórias pinceladas,

Por entre pedaços medonhos,

Dessa pueril imaginação...

 

Nas entrelinhas da querença;

Ficam livremente libertas,

As amarras desertas,

Da terna esperança...

 

Nas mágoas disfarçadas;

Eternamente recordadas,

Viverão esquecidas,

As minhas feridas,

Que não posso doar...

 

Pois cravadas na alma se encontram;

Cravadas como espinhos,

Pequenos caminhos,

Da solitária lágrima...

 

Essa que procuras como redenção;

De tudo o que guarda o coração,

Como prova de recordação,

Do que já não habita em ti...

 

Na silenciosa penumbra de um sonho;

Se findam promessas e desejos,

Palavras prometidas e juras de amor...

 

Na silenciosa penumbra de um sonho;

Ficarão guardadas as mais belas partes de mim.

 

 

 

 

 

 

30.04.19

 

Está em curso um golpe militar por terras Venezuelanas, um caminho de esperança para todo um Povo.

Juan Guaidó anunciou este golpe, no Twitter, enquanto incita as pessoas a saírem à rua, para participarem neste momento que poderá ditar um futuro, há tanto tempo, ansiado.

Cada minuto conta, cada segundo importa, para compreendermos se este golpe poderá ser coroado de sucesso...

Notícias relatam a libertação de Leopoldo Lopez, num claro sinal de mudança, esperando o mundo pelos ventos de novos dias.

Até onde poderão sonhar os Venezuelanos?

Os militares têm a palavra...

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

 

05.04.19

 

Não grita a dor...

Nem dói o grito, nem consegue gritar o dorido sentir, mesmo que sentindo vocifere, vociferando baixinho, tão baixo como a sonolenta expectativa, expectativas frustradas, cantadas na canção, cantarolada emoção, que emociona o coração, por entre, batidas de amor, nesse amar obsessão, tornada razão, quase insultuosa forma de expressão, transformada em ilusão, sustentando ilusoriamente, a intrigante vontade de reescrever, o que se perdeu.

E assim, nas entrelinhas, por entre linhas, se rabiscam palavras, meio disfarçadas, disfarçando o que o destino, desatinadamente cumpriu.

Voltas e mais voltas, caminhos desconexos, soletrados ao vento, por momentos, sem esquecer...

Voltas e mais voltas, guardadas em mim, num secreto recanto de minha alma.

Num recanto, encantado, de uma história...

De uma singela história.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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