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Caneca de Letras

14.07.17

 

Meu caro Chico, Francisco Geraldes, é com tristeza que aqui escrevo estas linhas, depois de mais um jogo do nosso Sporting.

A primeira questão que me impele a escrever esta carta é a inquietude que me provoca o desperdício indescritível do teu talento, dessa magia com que em cada toque transformas o jogo, numa mistura de João Mário e Bernardo Silva.

Em segundo lugar temos a humilhação maior, ou seja, pior do que o Sporting te resgatar a meio de uma época, onde estavas a ser um dos jogadores revelação do campeonato, para que o atual treinador leonino te utilizasse em escassos minutos...

Pior do que insistirem em colocar-te a jogar espartilhado como um avançado, quando tens moldado o teu futebol para o lugar de oito, quanto muito, um médio ala potenciador de equilíbrios, mais grave do que tudo isso...

É colocarem-te em campo ao minuto 60 e substituírem-te ao minuto 80, numa tentativa de assassinar qualquer esperança que pudesses ter, de um dia, esse treinador menor, apostar em ti.

No entanto até isso seria menor, se por alguma razão, olhasses para o teu lado e não estivesse ali em campo, uma das maiores apostas de Jorge Jesus, um barril ambulante, gordo, lento, desinspirador mas que é Argentino e custou bastante dinheiro...

Substituir-te e deixar em campo o lento Ruiz é na verdade, a maior humilhação que se pode fazer ao teu talento, quase ao mesmo nível, de te colocar a jogar ao seu lado.

Por isso meu caro Chico, por mais que o teu coração Sportinguista te diga que não, pede para sair, busca noutro lado a felicidade que a genialidade do teu futebol merece, longe de casa mas com um futuro risonho pela frente.

O ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, que lias no banco de suplentes antes do jogo com o Valência, é o retrato perfeito sobre o treinador atual do nosso Sporting, no entanto meu caro, não existirão livros que possam fazer um burro velho aprender línguas...

Ou neste caso, entender o puro talento de um Leão.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

  

10.04.17

 

Sábado à noite, Francisco Geraldes, o Chico de Alvalade, cumpriu o seu sonho de menino...

Jogar em Alvalade com a camisola do seu Sporting Clube de Portugal.

Bancadas aplaudindo de pé, para acolher um dos seus, mais um daquela mágica linhagem de meninos leoninos, com o brilho aprisionado à distinta estirpe, da genialidade.

O Chico entrou para substituir o amigo de sempre, Daniel Podence, outro craque, pequeno génio que começa a demonstrar ao mundo o seu esplendoroso talento.

Aos primeiros toques na bola, logo se percebeu que o nervosismo não lhe toldaria a exibição, naqueles parcos minutos que o seu treinador lhe concedera, e todos no estádio entenderam estarmos ali perante um jogador, diferente de todos os outros...

O Chico pede a bola constantemente, repetidamente, indica o caminho, aponta lhe sem receios os possíveis destinos, sem que a sua juventude lhe acanhe ou envergonhe diante dos mais experientes.

Move-se nos espaços discretamente, sempre em movimento, recebe a mesma suavemente, sem que ela se aperceba que foi tocada, e depois, num simples gesto de pé esquerdo ou direito, faz um passe de 30 metros, uma desmarcação prodigiosa ou uma finta inesperada, da mesma maneira discreta, porém deslumbrante...

Parece um jogador experiente, com traquejo destes palcos, marcando cantos, sofrendo faltas importantes, liderando mesmo sendo o seu primeiro jogo ali, em sua casa.

Os adeptos leoninos, reagiram com a certeza de estarem na presença do futuro, revendo nele o jovem Adrien, o menino Patricio, as traquinices de um irreverente Nani, as diabruras no velhinho Estádio de Alvalade, do adolescente Figo...

Todos entenderam, perceberam, que estávamos ali na presença do primeiro de muitos jogos, daquele que arrisco dizer, será um dos melhores de sempre, desta nossa extraordinária cantera.

Falta agora saber se Jesus, também o entendeu...

Parabéns Chico, o leão que cumpriu o sonho.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

 

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