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Caneca de Letras

26.02.18

 

A imensa distância de um País distante, redundância, da ausente presença de gente, ou melhor, rodeado por tanta gente que desconheço, que me desconhece e assim me faz sentir reconfortado...

Estranhamente reconfortante.

Nesta longínqua terra que jamais imaginei, encontro pedaços de céu, cristalinamente iluminados, onde se perde no horizonte a imaginação, polvilhada e intensa parte dessa infância, tão minha.

Deixei para trás as amarras que me prendiam, amarras descontroladas, abissais contradições cravadas em cada pedra...

Em cada rua, em cada esquina, a cada instante.

Não faz sol por aqui, não se desperta a manhã...

Só noite, sem luz, nem brilho, nem nada.

Só esse silêncio acompanhado da doce escuridão, seja dia ou não, seja alegria ou dor, descoberta ou despedida, valendo a pena ou em vão.

Seja o que for...

Esta ausência, desapegada forma de dizer adeus, permite o reencontro com o bater desse pensamento, que permite renovar, recriar, reescrever o que errado está no guião.

Permite esquecer o que se perdeu nas entrelinhas de uma história.

É essa a beleza da alma humana...

Essa esperança que não morre, mesmo que perdida por entre os fantasmas carregados de intensidade, de tempos enfim esquecidos mas que insistem em regressar, em se fazer presentes na ansiosa forma de viver.

Nos retratos que guardo, nessas imagens daqueles que amo, refugia-se a saudade que por vezes se intensifica, as lágrimas que escapam sem calar, as recordações...

As recordações, um dia, marcantes.

Nesta terra distante, rodeado de gente desconhecida, volto a ser feliz...

Volto a sorrir.

Escrevo mais uma linha, mais um desapegado pedaço de momentos, ainda não vividos, mas livres...

Com a imensa liberdade, própria, de um desabrido destino numa terra de ninguém.

 

 

Filipe Vaz Correia

 

 

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