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Caneca de Letras

31.01.17

 

Tenho-te do outro lado do mundo;

Um oceano que nos separa,

E que guarda este desgosto profundo,

Esta dor que ninguém pára...

 

Tantas vezes sem te ver;

Sem poder contigo falar,

Sem de ti poder saber,

E esta dor partilhar...

 

Sinto-me só, desamparada;

Muitas vezes, até perdida,

Grito só e angustiada,

Nesta minha, triste vida...

 

Triste sim, desesperada;

Vendo a vida, a partir,

Muito tempo aqui sentada,

Sem saber como reagir...

 

Fazes-me falta, minha filha;

Escondida nessa distância,

Encarcerada nessa ilha,

Cheia de cor e de fragrância...

 

Assim te tenho aguardado;

Ternura minha,

Meu amor,

Nesta terra, neste fado,

À espera que o nosso desencontro,

Seja apenas encontrado!

 

31.01.17

 

Em Mossul, no Iraque, estão neste momento 350 mil crianças encurraladas, numa cidade cercada, à mercê do Daesh ou de artilharia pesada da coligação nesta batalha sem honra que já dizimou Milhões de pessoas.

O mundo está de facto perdido...

Ao ouvir esta notícia, admito que tive de a rever para acreditar e não pude deixar de me questionar se algum dia, aprenderemos algo com os ensinamentos da história.

O que poderá ser mais importante, do que, este facto?

O que poderá valer mais a pena, do que, estas 350 mil crianças...

350 mil!

Mais ou menos a população de um país como a Islândia.

O que mais me aterroriza, é que no quadro político, populista, do mundo de hoje, parece que existem valores superiores a um drama como aquele que se vive em Mossul...

Muros e expulsões, raças ou religiões, ocupam hoje as prioridades desconexas deste novo tempo, transformando-se aos olhos de muitos, como as razões para as clivagens existentes nas mais variadas sociedades ocidentais.

No entanto, não consigo parar de pensar naqueles meninos e meninas aprisionados em Mossul:

Fechem os olhos e imaginem um prédio escuro, sem eletricidade, numa noite fria numa ponta do Iraque...

Imaginem os olhos temerosos de cada um daqueles meninos, enquanto as bombas caem, enquanto as carrinhas do Daesh varrem a cidade e estas crianças escondidas, perdidas, tentam respirar...

Tentam sobreviver.

Não existe política sem esperança, sem humanismo, sem futuro e que futuro estaremos a construir deixando estas pequenas pessoas de amanhã, abandonadas e entregues ao nada...

Ao desesperante medo de morrer.

Quero acreditar que será possível ter esperança e que como nos filmes, existirá sempre um final feliz, no entanto, olhando para o ecrã da minha televisão, começa a ser difícil...

Mas continuo a acreditar.

Que Deus vos proteja, Meninos de Mossul.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

31.01.17

 

Senhora Dona Esperança;

Já não a vejo faz tempo,

Desde que era criança,

E não entendia o sofrimento...

 

Esperança vã do meu coração;

Curiosa e sem maldade,

Que um dia virou ilusão,

De uma enorme saudade...

 

Esperança maldita, infeliz;

Que busco sem te encontrar,

Num caminho que sempre quis,

Sem saber como caminhar...

 

Esperança, guardada em meus olhos;

Esses que me fazem chorar,

Por tudo o que à volta vejo,

E sofro sem falar...

 

Esperança escondida, emboscada;

Cercada por tantas mentiras,

Que não consegues ser achada,

No meio de tantas feridas...

 

Esperança, não te quero perder;

Quero agarrar-te com a minha alma,

Prender-te sem sofrer,

E amar-te eternamente...

 

E se um dia te encontrar;

Esperança que me fazes sonhar,

Juro nunca deixar,

De te sorrir, ao acordar...

 

 

30.01.17

 

Cada casa, uma gaiola;

Cada vida, enjaulada,

Numa preciosa esmola,

Meio desencontrada,

Em que se transformou esta vida...

 

De manhã para o trabalho;

À tarde sempre a correr,

Nessa lotaria a retalho,

Sem pensar ou viver...

 

Sem tempo para desfrutar;

Do amor, de uma amizade,

Nesse vento que tarda a chegar,

Pejado de uma saudade,

Daqueles que um dia partiram...

 

Traiçoeiro destino;

Eterna competição,

Compassadamente desatino,

Nesse imenso turbilhão,

Engolindo sem razão,

Os que já não sentem a ilusão,

De viver...

 

Cada gaiola dourada;

Cada vida nela,

Aprisionada,

Cada passo,

Caminhada,

Rumo ao desconhecido...

 

E assim, acabados de nascer;

Se passou a correr,

Essa vida sem dizer,

Se na hora de morrer,

Terá verdadeiramente, valido a pena...

 

A minha gaiola dourada!

 

 

 

29.01.17

 

Porque te chamam sem-abrigo?

Velho que já foste criança,

Só porque não tens um amigo,

E perdeste essa esperança...

 

Esse vazio no teu olhar;

Esse desespero no teu rosto,

Tantas mágoas a contar,

Uma vida de desgosto...

 

Pesadelos sem pudor;

Disfarçando embriagado,

Recordando um amor,

Que ficou preso nesse passado,

Que atormenta sem parar...

 

Já não volta, não regressa;

Esse tempo que te restou,

A essa história já perdida,

Nesse coração que um dia, amou...

 

E por isso, bem agasalhado,

Entregue às ruas despidas,

Por entre um frio, bem gelado,

Tentando esquecer essas feridas,

Que te deixaram,

Sem-Abrigo!

 

 

 

28.01.17

 

Atrás desses portões;

Onde se escondeu tanto sofrimento,

Tantas mortes sem caixões,

Servindo de ensinamento,

A um mundo de interrogações,

Espelhados nesse tempo...

 

Em cada gota de chuva;

Caindo desse céu,

Fica uma lágrima por chorar,

Por aqueles que nessa história,

Acabaram por deixar,

Uma vida por cumprir...

 

Nesse pedaço de terra;

Naquele cheiro a morte,

Essas memórias que encerram,

Tantas vidas sem sorte,

Às mãos de um malfadado destino...

 

Chaminés sempre a queimar;

Meninas e meninos gaseados,

Almas a escapar,

Por entre o fumo, desse passado,

Daquele presente a recordar,

Para que nunca mais seja tentado...

 

E assim, importa voltar a dizer;

Que foi verdade, tamanho horror,

Para que ninguém se atreva a esquecer,

Aqueles esqueletos, aquela dor,

Aqueles uniformes às riscas!

 

 

 

27.01.17

 

Que jogo!

Francisco Geraldes fez ontem aquilo que dele sempre esperei, com a classe e o talento que todos lhe deveriam reconhecer.

O Xico tem a marca da academia de Alcochete, essa formação leonina que tanto e tantos encanta, pela qualidade dos meninos tornados jogadores por entre os relvados daquele mágico local.

Quando o vejo em campo, recordo-me de Andrea Pirlo, fazendo-me regressar no tempo, ao Inter de Milão, onde um jovem menino com o número 10 nas costas, mostrava ao mundo o seu indescritível talento...

Uma capacidade de ler o jogo, fora do normal, rara, tratando a bola com um tal carinho, que acabava por a aprisionar, numa mistura de amor e classe que seduziram durante décadas Milão e Turim.

O Xico é assim, sabe onde a bola vai cair, antes dos outros, sabe onde meter a bola, antes de todos os outros, sabe o que fazer com ela, antes mesmo de esta o sonhar.

Xico Geraldes não é um João Mário, não é um Adrien Silva, não é um Gelson Martins, é talvez uma mistura de todos eles...

O Xico tem a visão de jogo de João Mário, a intensidade e entrega de Adrien Silva e o repentismo para tirar uma finta inesperada, no momento mais inapropriado de Gelson Martins.

O Xico é diferente de todos eles, arrisco dizer, é o melhor de todos eles.

As asas que parecem estar presas aos seus pés, qual guarda pretoriana, dão vida a momentos únicos, de sonho, do pé direito ou de pé esquerdo, conseguindo num instante, transformar com um toque, num simples gesto, um banal movimento, num súblime pedaço de arte...

Neste regresso a casa, espero que Jesus perceba que pode estar nele parte da solução, para resolver os males deste enfadonho Sporting.

Se Geraldes fizer o que João Mário fazia na época passada, o meio campo leonino valerá o dobro do que vale neste momento.

E já agora vejam Podence, Matheus, Palhinha e outros, sem receio de neles apostarem, pois serão sempre melhores do que esses pedaços de nada, pagos a peso de ouro, resgatados a um qualquer clube argentino de meio da tabela.

Apesar da juventude, Dani Bragança, Pedro Marques ou Miguel Luis são também eles meninos, para os quais se deve olhar, sem o receio de neles apostar.

Se o fizermos estaremos mais perto do nosso objectivo.

E assim com essas asas presas aos pés do Xico, permito-me sonhar e regressar aos tempos em que o jovem Pirlo encantava as bancadas do Giuseppe Meazza.

 

Boa sorte Xico Geraldes, um leão de sempre.

 

Filipe Vaz Correia

27.01.17

 

Não te quero prometer;

O que não te posso dar,

Aquilo que mesmo em sonhos,

Possas querer imaginar...

 

Não te vou prometer;

O que ainda eu não sei,

Se um dia te irei dizer,

Essa palavra em que pensei...

 

Não me faças prometer;

Que é amor o que sinto,

Pois na verdade, é capaz de o ser,

Mas mesmo assim, eu minto...

 

Porque de promessas;

Eu tenho medo,

Sempre tive e terei,

E esse é um segredo,

Que de ti, eu guardarei...

 

E se por um instante, duvidar;

E for capaz de te contar,

Que é amor esse olhar,

Que de soslaio parece raiar,

Quando te vejo...

 

Então prometo-te;

Saberás que é amor!

 

 

26.01.17

 

Poesia na ponta de uma pena;

Onde recordo esses sonhos,

Soltando-se em mais uma cena,

Guardada na minha memória...

 

Uma vida de sorrisos e alegria;

Recordações repletas de amor,

Dessas noites e desses dias,

Em que choro sem pudor...

 

Queira o divino e a sorte;

Que jamais tal tristeza sinta,

Que nunca mais presencie a morte,

Nem que a vida me minta...

 

Não podia permitir;

Que tal perda fosse verdade,

Mas o que poderia eu sentir,

A não ser tamanha saudade...

 

Ó triste partida;

Ó fim maldito,

Que puseste um ponto à vida,

Àquele amor infinito...

 

Ainda hoje, te vejo;

Ó minha Mãe, querida,

Ainda hoje, te beijo,

Nesse sonho, ferida...

 

Até sempre, com amor;

Mãe, com carinho,

Ninguém calará esta dor,

Do teu filho, Pipinho!

 

 

24.01.17

 

O mundo parece avançar a um ritmo vertiginoso para um abismo, inebriado por uma vozeria trauliteira, que a todo o custo, urge evitar.

A eleição de Donald Trump, as eleições Francesas que estou convicto se travarão entre Le Pen e Fillon, a posição Russa nas manobras que envolvem hoje em dia o panorama estratégico no Médio Oriente e claro está o império Chinês, cada vez mais preparado para impôr a sua vontade, caso a isso, seja obrigado...

E a Europa...

Quo vadis, Europa?

Como poderá responder um aglomerado de países, União Europeia, que caminha sem liderança, sem rumo há mais de década e meia?

O projecto Europeu não foi colocado em causa pelo Brexit, confirme-se ou não, foi precisamente a falta de rumo desse projecto que potencializou a vitória desse movimento.

Assim como nos Estados Unidos, a revolta de muitos cidadãos está a minar o processo democrático, fragilizado pelo abrandar de muitas economias e com isso o degradar da vida desses mesmos cidadãos.

Se por algum motivo a Europa não conseguir responder a estes inquietantes sinais e deixar degradar cada vez mais, a relação dos seus cidadãos com as instituições que os representam , então Donald Trump terá razão e o fim deste projecto Europeu será inevitável.

Marine Le Pen, Farage, Victor Orban e outros populistas que começam a crescer de maneira avassaladora, não o fazem indicando as soluções para os problemas que tanto afectam as respectivas populações, mas sim indicando os males que afectam realmente essas sociedades democráticas envolvidas em escândalos sem fim, desacreditadas entre os seus pares.

Por isso insta repensar este modelo, estas prioridades que sendo lógicas para o Status Quo de Bruxelas, são incompreensíveis para as respectivas populações e que fazem aumentar o descontentamento em pessoas que votarão no desespero ao invés do mesmo encurralado sistema.

Os conservadores cristãos terão neste processo um papel fundamental, na minha opinião, pois em parte, partirá desse espectro político a solução que possa fazer frente à demagogia populista que hoje crassa em grande medida pelas mais variadas democracias.

A Direita Cristã ou Conservadora tem de revitalizar os seus princípios fundadores, recuperando a ligação com as pessoas e demonstrando uma genuína preocupação em construir as pontes necessária entre aqueles que se consideram excluídos e as novas gerações sedentas por uma incontornável globalização. 

Isso só poderá ser alcançado com a melhoria da vida das pessoas, com o sentimento de bem-estar fundamental para que os avanços não esmaguem a esperança e os desejos inerentes à condição humana.

Assim espero que a Europa possa mudar o seu rumo e ver neste extremar de posições que nos chega do outro lado do Atlântico, uma oportunidade para ser ela a liderar os acontecimentos e não os acontecimentos a ditarem o seu destino.

Isso será determinante para o caminho Europeu, consciente das diferenças nacionais que sempre existirão, mas inclusivo, global, integrante, com valores Humanistas que certamente nos guiarão ao encontro de um futuro onde a Europa possa resgatar a importância que sempre teve.

 

Filipe Vaz Correia

 

 

 

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